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02/09/2020 às 22h28min - Atualizada em 02/09/2020 às 22h24min

Moradores de rua: muita conversa, pouca ação

Isadora Lassi - Editado por Camilla Soares
Divulgação: Facebook
O que é? São pessoas que dormem em praças, viadutos ou quiosques. Diversos fatores levam a essa situação, como: falta de moradia fixa ou vínculos familiares interrompidos.

Porque escolher as ruas? Por ser um grupo heterogêneo e que vem de diferentes vivências, muitos escolhem a rua por vários fatores. O alcoolismo/drogas estão no topo (35,5%), perda de emprego (29,8%) e conflitos familiares advindos de violência ou abusos domésticos (29,1%).

Quem são? O perfil é em sua grande maioria composto por homens (82%) que são jovens entre 18 aos 25 anos (15,3%). Já as mulheres são 18%, 21,17% entre os18 e 25 anos e 31,06% entre 26 e 35 anos. 39,1% se auto declara parda, 29,5% brancos e apenas 27,9% pretos. Embora, estudos recentes apontam que 70% são negros. 3,9% (quase 1.000 pessoas) são crianças.

Facilmente essas situações passam de temporárias para permanente. Quase metade da população de rua,48,5%, estão a mais de 2 anos dormindo nas ruas ou em albergues. Ademais, 30% está a mais de 5 anos nesse cotidiano.
Ao contrário do pensamento comum, 70% exerce atividade remunerada e 58,6% afirma ter profissões informais, ou seja, sem contrato oficial e carteira assinada. Apenas 16% dependem exclusivamente da mendicância.  As atividades exercidas por essas pessoas são catadores de recicláveis (27,5%), “flanelinhas” (14,1%) e ajudantes na construção civil (6,3%).

Devido a situação precária, muitos sofrem diversos tipos de violência, não possuem higiene, alimentação e uma precariedade no bem estar emocional e psicológico, também são os mais atingidos nos invernos rigorosos e muitos moradores acabam por falecer de hipotermia. Só no último dia 22, 5 pessoas em situação de rua morreram em decorrência do frio intenso, só na cidade de São Paulo fez 8,1°C, sendo a madrugada mais fria do ano.

Algumas gestões foram polêmicas em relação as medidas tomadas com essas pessoas. No governo de Fernando Haddad (2013-2016), houveram algumas reclamações sobre a guarda municipal confiscarem colchões e papelões dos moradores que já estavam vulneráveis às baixas temperaturas. Já na administração de João Dória, a polêmica era sobre empresas de limpeza contratadas pela prefeitura estar jogando jato de água nas pessoas em alguns locais da cidade, como a Cracolândia.

Vale ressaltar que, em 2009, foi criada a Política Nacional para a População em Situação de Rua, que assegura o amplo acesso, simplificado e seguro aos serviços que integram as diversas políticas públicas, dentre as medidas estão: capacitação de profissionais, ofertas de serviços sociais, inclusão da população em empregos nas intermediações e moradias alternativas.

Também foi criado o Programa Operação Trabalho PopRua, que fornece emprego à população e há um acompanhamento individual de cada participante. Durante quatro horas de atividades diárias (criação de hortas e viveiros urbanos, oficinas sobre alimentação, cultura e direitos humanos, jardinagem e pintura), os moradores recebem uma bolsa de R$615,88 mensalmente.  Em algumas atividades são como “estágios” para cursos profissionalizantes, tais como jardinagem e pintura.
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