Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
11/09/2020 às 16h42min - Atualizada em 11/09/2020 às 16h25min

Descarte incorreto de máscaras traz riscos para a saúde pública e ambiental

Veja agora como efetuar corretamente o descarte de máscaras e os riscos do manuseio negligente desses materiais

Larissa Campos - Editado por Camilla Soares
Máscara jogada em um terreno - Imagem por: Bernhard Falkinger/Pixabay
Em decorrência da pandemia, o uso das máscaras foi incorporado na rotina da população mundial. Com isso, no entanto, surge a questão do descarte incorreto desses objetos e suas consequências para a saúde pública e o meio ambiente.

A estudante de Medicina Camila Felício explica que o descarte incorreto pode facilitar o risco de transmissão da Covid-19. “Estudos indicam que o covid-19 pode sobreviver até 72 horas na superfície, dependendo do material que ela é feita. Uma vez na máscara, o vírus pode permanecer ativo nela por um período. Se durante esse período alguém entrar em contato com essa máscara contaminada e em seguida levar as mãos a boca, olhos ou nariz, o vírus pode ser propagado” afirma.

Dessa forma, Camila frisa que a separação das máscaras deve ser feita com muito cuidado. Em ambientes hospitalares, onde o risco do objeto estar infectada é maior, o descarte deve ser efetuado nas lixeiras de materiais contaminados presentes nessas instituições. Já as máscaras de uso comum devem ser envolvidas em sacos plásticos e descartadas, de preferência, nas lixeiras dos sanitários, onde já existem outros materiais contaminados.



Raphael Vieira Ramos, Médico veterinário, pós-graduado em vigilância sanitária e mestrando em biologia animal
, especifica ainda que, em hipótese alguma, as máscaras devem ir para o lixo reciclável, pois existe o risco de infecção dos catadores e pessoas que trabalham com a coleta seletiva desses rejeitos. Além disso, Raphael comenta que pode ser feita uma mistura de água sanitária com água para borrifar no saco plástico onde está a máscara, a fim de eliminar possíveis vírus presentes no material.

Meio ambiente

O mal manuseio no descarte de máscaras não contribui apenas com a disseminação do vírus em humanos, mas também com a poluição do meio ambiente, onde esses materiais podem perdurar por cerca de 400 anos em decomposição.

“O grande problema é que essas máscaras vão se decompondo e se tornam os microplásticos, que são estruturas bem pequenas de plástico que perduram por muitos anos, acumulando metais pesados e outras substâncias. Eles estão presentes em tudo, contaminando nosso alimento, água, órgãos e até mesmo o ar” explica Raphael.

O veterinário destaca que os impactos atingem não só a vida humana, mas também a animal, na medida em que os microplásticos “estão presentes em todos os lugares, causando efeitos nocivos na saúde de todos os seres vivos”.

Raphael alerta ainda sobre a possibilidade de contaminação dos animais que entrarem em contato com resíduos infectados descartados de maneira incorreta, já que ainda não se sabe se a Covid-19 possui essa capacidade de disseminação.

Máscaras e luvas podem ser transformadas em biocombustível

Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Estudos de Petróleo e Energia, na Índia, concluiu que máscaras, luvas e outros Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) podem ser transformadas em biocombustível.

O estudo, publicado no dia 3 de agosto no periódico Biofuels, mostra que o melhor método para efetuar a conversão do polipropileno em biocombustível é a pirólise. Esse processo químico quebra o plástico em alta temperatura – entre 300 e 400 graus centígrados por uma hora – sem oxigênio.

Segundo Sapna Jain, líder do estudo, a transformação desses materiais em combustível sintético impedirá os graves efeitos colaterais para a humanidade e o meio ambiente e também produzirá uma nova fonte de energia.

“O combustível líquido produzido a partir de plásticos é limpo e possui propriedades de combustível semelhantes aos combustíveis fósseis” afirma Bhawna Yadav Lamba, coautora da pesquisa.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »