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11/09/2020 às 19h33min - Atualizada em 11/09/2020 às 19h29min

Surdez na infância: A cada 200 crianças, 3 nascem surdas no Brasil

Conforme especialistas, a audição é um dos sentidos mais importantes para o desenvolvimento completo da criança

Matheus Victor da Costa Valadares - labdicasjornalismo.com
Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 3 a cada 200 crianças nascem surdas, condições genéticas, doenças como diabetes, meningites, pressão alta e infecções hospitalares são alguns dos motivos que podem levar o bebê a perder a audição ainda durante a gestação.

Esse tipo de deficiência auditiva que acomete na gestão é denominado de surdez congênita, conforme a fonoaudióloga Samar Fadal, especialista em audiologia, “a surdez congênita é a perda auditiva adquirida por bebês ainda durante o período de gestação ou logo depois do nascimento. As causas são variadas e os graus do problema também, porém, afeta uma criança a cada mil que nascem no mundo”.

Silvania Gomes, aos 21 anos viu sua filha primogênita nascer pertencendo a essa estatística, ela conta que foi uma experiência um quanto difícil, por conta de ser muito jovem e pela forma que recebeu a notícia. A desconfiança que Mariana teria deficiência auditiva começou quando Silvania estava prestes a ganhar sua terceira filha e confirmou após o parto. “Quando eu ganhei a Mariana, até ela fazer 11 meses eu não sabia que ela era surda, apesar de ela ser acompanhada por um pediatra, mas logo eu engravidei da minha filha mais nova e assim que fui ‘ganhar’ ela, a Mariana me estranhou e não me reconheceu. Depois eu tive alta e voltei para casa e percebi que a bebezinha chorava muito e não incomodava a Mariana e assim que eu despertei. E aí aconteceu de eu entrar no quarto, esbarrar num carrinho de criança e fazer muito barulho, a Mariana estava no bercinho e não acordou. Aí fomos no pediatra dela, que nos encaminhou para um oftalmologista e lá ele fez o exame na hora e já falou que ela tinha surdez profunda”.

Segundo Samar algumas medidas podem ajudar a evitar que bebês nasçam nessas condições, “é importante, evitar o consumo de carnes cruas ou mal passadas e lavar bem frutas e legumes, evitando o risco de infecção por toxoplasmose. Ter se vacinado antes da gravidez contra rubéola e sarampo impede o contágio dessas doenças e é outra forma de impedir a surdez congênita. É muito importante também, ficar atento ao uso de preservativo durante as relações sexuais, prevenindo doenças como sífilis e herpes, que podem afetar o bebê.

Conforme especialistas, a audição é um dos sentidos mais importantes para o desenvolvimento completo da criança, porém essa limitação nunca acanhou Mariana e a inibiu de mostrar sua luz desde muito cedo, é o que nos conta sua mãe, “ela sempre foi uma menina bem ativa, sempre procurou se comunicar, estar no meio de todo mundo, de se envolver no meio das crianças, sempre ela se destacava, ela é muito determinada. Mariana sempre foi aquele elo de reunir todo mundo aqui dentro de casa”.

Conforme Silvania, um dos motivos desse desenvolvimento de Mariana é por ela sempre estimular a independência dela, e que isso pode ajudar também na adolescência e fase adulta.

O apoio familiar dentro de casa é muito importante para a confiança da criança surda também e isso Silvania sempre se propôs a fazer “Mariana você nasceu assim porquê Deus viu que você é forte”. Dizia os pais para incentivar a criança.

E é emocionada e com os olhos marejados que Silvania conta que Mariana á ensina coisas desde muito pequena “Ela é uma filha muito companheira, muito carinhosa, muito amiga da gente, muito especial, ela tem uma força, uma garra que nos contagia, ela não vê obstáculos em nada e isso nos traz muitos ensinamentos”.

Não seria nenhum exagero afirmar que o maior desafio de pessoas surdas sejam realizar uma comunicação eficaz com as não surdas, para que não haja falha ao se comunicar, pessoas surdas precisam aprender no mínimo duas línguas, a de sinais e o português oral ou escrito.

Por isso seria de suma importância o resto da sociedade aprender Libras, o que facilitaria a inclusão e a acessibilidade de pessoas deficientes auditiva, mas seria bastante utópico ou até mesmo ingênuo esperar que a outra grande parcela da sociedade aprenda a primeira língua dos surdos.
Para se tornar fluente em uma segunda língua, é necessário que haja interesse e até mesmo necessidade em coloca-la em pratica, o fato de muitas pessoas não terem contatos diretos com surdos, não a despertam esse interesse em ser fluente em Libras.  

Níveis de surdez
Há quatro níveis de deficiência auditiva, geralmente nos três primeiros níveis é orientado que o deficiente auditivo use um aparelho que amplifica o som. Já no caso mais grave, o recomendado é que seja feito o implante coclear. Conforme a Fonoaudióloga Samar, os principais pontos para realizar esse procedimento são “Primeiramente estar seguro para realização do procedimento, e confiante no médico que está lhe atendendo. Após o procedimento é imprescindível acompanhamento fonoaudiológico para ativação do implante coclear, ajustes e principalmente treinamento auditivo.”

Surdez leve
As pessoas com esse nível de surdez, detectam sons entre 25 a 29 decibéis (dB), podem apresentar encontrar dificuldades em ouvir o que as outras pessoas estão dizendo.

Surdez moderada
A surdez moderada permite que as pessoas ouçam sons de 40 e 69 dB.

Surdez severa
Nesse caso as pessoas ouvem sons de 70 a 89 dB, pessoas com esse nível de surdez costumam usar aparelhos auditivos, além de se comunicar em Libras.

Surdes profunda
Pessoas que não conseguem ouvir nada abaixo dos 90 dB são considerados pessoas com surdez profunda. Algumas pessoas com surdez profunda não conseguem ouvir nada, nesse caso a comunicação é feita através da Língua de Sinais e é recomendado o implante coclear.
 
Linguagem ou Línguas de Sinais?
Muitas pessoas se referem a Libras como uma linguagem de sinais, ledo engano, Libras é muito mais que isso. Para entender melhor, é preciso saber a diferença entre linguagem e língua.

Linguagem é todo o meio que utilizamos para comunicar com o outro, geralmente usamos mais de uma linguagem para passar uma mensagem, como por exemplo a oral, gestual e visual.
Já a língua é mais estruturada, se trata de um conjunto que reúne sons e gestos, dentro de um sistema que tem suas próprias regras e

Estatísticas.
Estima-se que a comunidade surda equivale a 5% da população total no Brasil, o que dá entorno de 10 milhões de pessoas, das quais 2,7 milhões possuem surdez profunda, os dados são do IBGE. Do total dos 10 milhões, 54% são homens e outros 46% mulheres, 9% nasceram nessa condição e o restante (91%) adquiriu com o passar dos anos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existe 500 milhões de cidadãos surdos espalhados pelo planeta, a expectativa é que em 2050 exista o dobro.
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