Desde o dia 1º de janeiro até o último sábado (3), as queimadas já atingiram 3.977.000 hectares, o tamanho corresponde a 26,5% do Pantanal - de 15 milhões de hectares. Nos últimos dias, o ponto mais crítico é a Serra do Amolar (MS).
O Mato Grosso é o estado mais atingido, com a perda de 2,16 milhões de hectares. Já o Pantanal do Mato Grosso do Sul perdeu 1,82 milhões, mas é onde o fogo mais avança nos últimos dias.
Desde agosto, o fogo destruiu várias áreas protegidas, entre elas a fazenda São Francisco do Perigara - o maior refúgio de araras-azuis do mundo. E também, o Parque Estadual Encontro das Águas, que é conhecido pelo turismo de observação de onças-pintadas. Além disso, os incêndios atingiram terras indígenas como: Baía dos Guatós e Perigara.
Em entrevista ao Lab Dicas, o biólogo e mestrando em Ecologia, Vitor Matheus Alcântara de Sena explica que, a perda de um bioma pode causar inúmeras consequências. “Vão desde a perda de espécies da nossa flora e fauna, perdas de importantes serviços ambientais e ecossistêmicos por conta dos papéis exercidos pelas espécies”, destaca.
Além das perdas ambientais, o biólogo ressalta o risco econômico com a devastação: “Não podemos esquecer que nossa economia está intrinsecamente ligada ao uso desses recursos e da manutenção de diversos serviços ecossistêmicos promovidos pela biodiversidade.”
Vitor Sena explica que, a destruição do Pantanal (assim como de outros biomas brasileiros) pode afetar até o regime de chuvas, ou seja, causaria uma implicação no reabastecimento dos recursos hídricos.
Na visão do biólogo, os governantes deveriam ouvir mais os especialistas. “Não há futuro com a negação da ciência”, comenta ele. Entramos em contato com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, mas ainda não tivemos retorno.