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24/10/2020 às 15h57min - Atualizada em 24/10/2020 às 14h42min

Moedas Digitais: Um avanço tecnológico no campo econômico

Nos últimos anos, presenciamos vários avanços tecnológicos em diversos setores. As criptomoedas são um bom exemplo desses avanços dentro do setor econômico

Leonardo Leão - Editado por Ana Paula Cardoso
Crédito: Getty Images

Para alguns especialistas, a pandemia de coronavírus forçou a humanidade a se desenvolver e se adaptar à novas formas de vida e de trabalho. Dentre as mudanças causadas por esse evento, está o ressurgimento da ideia de se implementar uma moeda digital na economia. Esse tipo de moeda já existe atualmente, mas o plano é torná-la mais comum e acessível às pessoas.

O dinheiro digital foi uma ideia que por muito tempo foi considerada impraticável e de difícil implementação, mas todo esse canário mudou após o surgimento de uma tecnologia revolucionária, o blockchain. Basicamente, se trata de uma rede descentralizada responsável por registrar transações feitas por criptomoedas de forma mais segura. Essa ideia surgiu em um artigo publicado por uma pessoa, que utilizava o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, em 2008.

Nakamoto também foi o responsável pela criação do Bitcoin, a maior criptomoeda do mundo. O projeto foi apresentado em seu artigo intitulado Bitcoin: Um sistema financeiro eletrônico peer-to-peer, o mesmo de onde surgiu o blockchain. A ideia era dar uma outra opção para as pessoa além do dinheiro tradicional, criado pelos Bancos Centrais. O Bitcoin não é controlado por ninguém e possui uma quantidade limitada. Essas características o tornam uma boa reserva para se proteger da inflação.

 Durante anos, as criptomoedas foram, de certa forma, menosprezadas pelos Bancos Centrais e demais instituições financeiras. Apesar disso, ultimamente elas vem conquistando o seu espaço. Para o economista Matheus Hector, a qualidade regulatória e a definição de qual órgão será responsável pela gestão e combate a fraudes e pirâmides financeiras, são questões importantes a serem discutidas.

O assunto voltou a ganhar força depois de um artigo publicado no dia 15 de outubro pela diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva. No artigo, ela fala sobre a necessidade de uma mudança na economia mundial, como o que ocorreu em 1944 no acordo de Bretton Woods.

Kristalina afirma que é necessário uma reestruturação e vigilância das elevadas dívidas públicas de alguns países. Após a publicação do artigo, surgiram diversas especulações sobre o tema, como o fim do domínio do dólar na economia e o surgimento de um novo sistema financeiro baseado na moeda digital. Já Matheus Hector, acredita que sobrará espaço para o dinheiro físico no futuro, o surgimento de um, não necessariamente acabará com o outro, pois faz parte de uma política complementar e não excludente.

O Fundo Monetário Internacional já organizou um seminário com líderes de banco centrais e especialistas em economia para debater sobre as moedas digitais. Kristalina Georgieva e o governador da Autoridade Monetária da Arábia Saudita, Ahmed Abdulkairim Alkholifey, destacaram a capacidade dessa nova tecnologia melhorar os pagamentos internacionais. Já o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, apontou para os potenciais riscos como ataques cibernéticos, mas ele deixou claro que já está trabalhando com a iniciativa privada no desenvolvimento dessa tecnologia.

Implementação da Moeda Digital 

Os países já perceberam o potencial das criptomoedas e começaram uma corrida para desenvolver a sua própria moeda digital. Segundo o Banco de Pagamentos Internacionais, mais de 80% dos bancos centrais estudam uma forma de adotar essa tecnologia. As Bahamas e a China estão com processos mais avançados, o país caribenho já lançou sua criptomoeda e os chineses já possuem um sistema de transação feito com a parceria das empresas Ant Gropu e Tencent. Segundo dados do governo chinês, já foram feitas mais de 3 milhões de transações.

Já a Nova Zelândia, não apresenta sinais de adotar uma moeda digital em breve, mas o país vem estudando o caso nos últimos dois anos. O Brasil já iniciou o seu projeto, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o PIX é o primeiro passo na criação do real digital.

 O Banco Central Europeu (BCE) também está pensando na possibilidade de lançar um euro digital. Caso ocorra um crescimento na demanda por pagamentos eletrônicos, uma queda no uso do dinheiro físico e uma alta na emissão de moedas digitais por bancos centrais estrangeiros, o BCE terá que agir emitindo criptomoedas. A ideia recebeu críticas de um dos membros executivos do Bundesbank, Banco Central da Alemanha. Para Burkhard Balz isso não se trata de uma decisão técnica, mas sim política.

Para Matheus, os chamados CBDCs (Banco Central de Moeda Digital, sigla em inglês) e o Bitcoin possuem uma diferença substancial, afinal o Bitcoin é uma moeda descentralizada, fazendo com que sua performance seja diferente daquelas emitidas pelos bancos centrais. Para ele, as criptomoedas criadas pelos países são uma aprimoração tecnológica da forma de pagamento e transação financeira.

O economista também destaca os pontos positivos dessa nova tecnologia, como o rastreamento das transações, a garantia de maior controle e segurança por parte do sistema, o baixo preço e a sua eficiência. Segundo ele, se trata de mais um ganho tecnológico e de produtividade.


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