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26/01/2021 às 15h37min - Atualizada em 26/01/2021 às 15h05min

Em entrevista, Eduarda Marina conta sobre seu primeiro curta: Epistolar

A jovem de 16 anos roteirizou e dirigiu a produção independente lançado em março de 2020

Luize de Paula - Revisado por Renata Rodrigues
Imagem: Reprodução/YouTube

Eduarda Marina é uma roteirista e diretora independente de apenas 16 anos cursando o segundo ano do ensino médio. Conforme suas palavras, Eduarda sempre foi da área criativa e desde que conheceu o cinema se encantou e a vontade de fazer parte daquilo só foi crescendo. Fez alguns cursos sobre teoria e análise de cinema e também cursos que a levaram à prática. Em julho de 2019 começaram as gravações do seu primeiro curta, lançado em março do ano seguinte.

Epistolar se passa nos anos 70, onde Sicilia – interpretada por Nayara Demétrio – se muda para São Paulo e conhece Natália – interpretada por Gisele Dias. As duas acabam se envolvendo amorosamente e desta maneira, a diretora Eduarda Marina conta a história delas pelos 22 minutos de vídeo disponíveis no YouTube. Aqui, ela nos conta um pouco mais sobre seu trabalho.
 

“Eu sou fascinada pelas frases do dia a dia que simplesmente saem pela nossa boca, mas que se encaixam em qualquer livro ou em qualquer pichação. A nossa vida não existiria sem essa poesia."

 


Como surgiu o seu interesse por criar filmes?
Eduarda Marina: O meu interesse surgiu assistindo filmes mesmo. Eu já escrevia muito antes de me envolver com cinema, tenho algumas histórias e vários poemas, e depois de um tempo que você assiste filmes e realmente se apaixona por toda aquela mágica que acontece, histórias e imagens vão se criando na sua cabeça e é inevitável [não] fazer. Quanto mais eu assistia, mais inspirada a fazer filmes eu ficava.

O curta “Epistolar” é seu primeiro trabalho, como foi o processo de criação e introdução neste novo mundo?
Eduarda: O processo de criação foi mais simples do que parece. Achei sites e canais no YouTube sobre o básico da criação de filmes, como escrever um roteiro, como organizar uma diária de gravação e eu simplesmente fiz! Eu tinha essa ideia na cabeça e meio que ainda sem saber onde estava indo, escrevi uma cena, e a primeira cena que escrevi foi uma das últimas, a do beijo. Daí comecei a conhecer as personagens e a montar elas na cabeça, as roupas, os gostos, e assim as conheci tão bem que eu simplesmente soube como elas se conheceram e se apaixonaram e eu queria tanto mostrar isso. Eu fui introduzida nos filmes por conta própria, desde que assisti Vanilla Sky (2001) começou [a paixão pelo cinema], mas conheci mais pessoas que realmente trabalham nisso e são mais experientes em cursos e na internet e foi muito bom pelo apoio e dicas que me deram.

Muitos diretores tem uma linguagem específica. Qual você acha que é o seu toque único, aquilo pelo qual você quer ser lembrada
Eduarda:
Eu espero que meu toque único já esteja em construção, levando em consideração que ainda tenho poucos trabalhos feitos - Epistolar sendo o único propriamente dito meu, porém já fiz direção de arte em um curta de escola e roteiro para outro. Eu gosto do natural que borda o surreal da poesia. Eu sou fascinada pelas frases do dia a dia que simplesmente saem pela nossa boca, mas que se encaixam em qualquer livro ou em qualquer pichação. A nossa vida não existiria sem essa poesia. Então espero que eu seja lembrada por esse toque de poesia natural nas situações mais diversas.

Quais são as suas principais referências para o filme?
Eduarda:
As principais referências do filme foram na direção de arte e fotografia, apesar de serem filmes que não tem necessariamente a ver com a temática de Epistolar, filmes como Mean Streets, Taxi Driver, Reservoir Dogs e até Lady Bird me inspiraram bastante. Acho que a Natalia e a Lady Bird seriam ótimas amigas.

O filme trás uma temática LGBTQ+, como a sua visão e experiência pessoal contribuíram para isso?
Eduarda:
Eu não só me identifico em uma das letras do LGBTQ+ como também tenho mães lésbicas que são casadas e que tiveram de enfrentar preconceito em décadas passadas. Não só como enfrentaram preconceitos como também sonharam, sabe? Sonhavam e escreviam com amores e com uma descoberta, que pode até hoje ser dolorosa ou não. A história das minhas mães contribuiu muito na inspiração deste curta, e também o meu próprio desejo de ver mais casais de duas garotas representados na mídia.

Você já tem algum trabalho em mente?
Eduarda:
Sim! Venho conversando sobre alguns futuros roteiros e estou sempre juntando ideias para filmes futuros. Agora penso em algo mais pro lado do terror, experimental ou gore.

Qual mensagem você espera passar para o público com seu trabalho?
Eduarda:
Espero passar além de representatividade, essa nostalgia e sentimento bom quando você acaba de ver algo que goste. Espero inspirar pessoas para o que for, seja investir no audiovisual ou qualquer coisa que a pessoa faça na vida dela. Em trabalhos futuros também espero passar mensagens políticas, de conscientização, que me interesso bastante.

Para quem está lendo essa entrevista e tem vontade de ter a mesma iniciativa que teve, o que você tem a dizer para essas pessoas
Eduarda:
Cara, simplesmente faça! Experimente. Vê o que você gosta. Não há certo ou errado, existem gêneros e estilos diferentes. Tudo o que você precisa fazer é começar, uma fala, duas, uma cena e você já tem algo. Também aconselho que assista de tudo, todos os gêneros, agora recomendo muito experimentais – ou somente loucos – como David Lynch e Cecelia Bondit, ótimo para expandir e aumentar a criatividade.

Se pudesse falar sobre o curta em poucas palavras, o que diria?
Eduarda:
Epistolar define uma história contada por meio de cartas de amor. Acho cartas incríveis, e vejo essa história de amor entre a Sicilia e a Natália, algumas décadas depois, sendo contada e vivida de novo por meio de cartas e escritos que elas fazem durante o filme.

 
 

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