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04/02/2021 às 16h41min - Atualizada em 04/02/2021 às 21h13min

Enem Digital tem atraso na aplicação e índice recorde de abstenção

Atrasos de até duas horas para o início das provas e enorme abstenção marcam a “estreia” do novo modelo de aplicação do exame

Pedro Pupulim - Editado por Ana Paula Cardoso
Fonte: Cadu Rolim/Fotoarena/Estadão Conteúdo / Reprodução: Google.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado no último domingo (31), foi marcado por atrasos para seu início em diversas capitais, além de um índice altíssimo de abstenção dos estudantes.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de um total de 93 mil candidatos, somente 29.703 compareceram aos locais de prova. Isto é, 68.1% dos incritos não prestaram o exame. Em pronunciamento oficial do Ministério da Educação, Alexandre Lopes presidente do Inep, relacionou a ausência dos estudantes à pandemia da Covid-19.

 
”Alguns locais estão em lockdown, as pessoas não saíram de suas casas para fazer as provas”, afirmou.

No mesmo evento, o diretor de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais do Inep, Camilo Mussi, relacionou os atrasos a um problema no sistema. Segundo ele, um dos servidores teve dificuldade em transmitir as provas aos computadores. “Gostaríamos que todos tivessem começado às 13h30, mas não foi possível, alguns estudantes foram embora e terão direito à reaplicação”, garantiu. 



A repórter Ana Carla Bermúdez, em matéria veiculada no UOL, contou ter realizado o exame em São Paulo (SP) para poder relatar a experiência como candidata. No entanto, foi surpreendida pelo atraso de aproximadamente uma hora e meia para o início da avaliação. “Às 13h37, fomos informados de que a aplicação estava atrasada, mas que logo deveria começar, pedi para ir ao banheiro e vi fiscais correndo pelos corredores, dizendo que em breve alguns computadores conseguiriam, enfim, abrir a prova. Mas, apesar da agitação, não foi bem assim. Só por volta das 15h - ou seja, cerca de uma hora e meia depois do horário oficial do início do Enem, as telas dos computadores começaram a mudar”.

O estudante Igor Siqueira, 22, passou pela mesma situação. Ele prestou a prova na capital paulista e também enfrentou uma longa espera de duas horas para o início do exame, além do intenso calor dentro da sala de aula. “Estava muito quente e os ventiladores não davam conta. Enquanto esperávamos, a chefe de sala e os assistentes de aplicação não sabiam dar explicações, falavam apenas que era um problema no INEP”, contou. 



Ele ainda relatou não ter havido problemas no sistema durante o exame, e contou ter se adaptado muito bem ao novo modelo. “Achei muito mais prático por estar acostumado a ficar na frente do computador, me senti mais confortável e menos cansado. A maior vantagem é não precisar pintar o gabarito no final da prova, o que diminui a pressão na briga contra o tempo”.

Também notou a quantidade de candidatos ausentes no dia do exame, apontando a dificuldade de estudo durante a quarentena, por falta de recursos ou por danos psicológicos causados pela pandemia do novo coronavírus. O candidato não poupou o governo federal de críticas.

 
“Um governo representado por negacionistas da gravidade da pandemia faz com que as pessoas não se sintam seguras o suficiente para fazer a prova", destacou Siqueira. 
 
Experiência positiva 

A estudante Ana Carolina Salmont, 22, realizou a prova em Niterói (RJ) e relatou uma experiência diferente da que foi vivida por Ana Carla e Igor, não testemunhando nenhum problema. Ana afirmou ter lidado bem com o novo modelo porque já estava familiarizada com os meios digitais, e que todos os protocolos de segurança sanitária exigidos devido à pandemia foram respeitados. No entanto, não foram suficientes para se sentir segura.
“Ainda assim me senti insegura por estar em uma sala com pessoas que não conheço, que não sei por onde passaram". 

Ana também notou a ausência de um grande número de estudantes em seu local de prova. “Fiz Enem em 2019 e minha sala não tinha mais que cinco lugares vazios. Nesse ano, metade dela estava vazia”.


 
Palavras do ministro 

Dentre os aspectos positivos e negativos do exame apontados pelos candidatos, é fato que o primeiro dia de provas não foi um “êxito”, conforme afirmado pelo Ministro da Educação em sua conta oficial no Twitter. Um dia após a aplicação do exame, Milton Ribeiro compartilhou em seu perfil um comentário exaltando a aplicação do Enem Digital, e elogiando o governo federal.

O segundo dia de provas do Enem Digital está marcado para este domingo (7).

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