Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
27/03/2021 às 19h42min - Atualizada em 27/03/2021 às 17h30min

Banqueiros, economistas e empresários divulgam carta exigindo medidas efetivas contra a pandemia

“O país está cansado de ideias fora do lugar, palavras inconsequentes, ações erradas ou tardias”, diz o documento

Pedro Pupulim - Editado por Júlio Sousa
Fonte: Freepik/Reprodução: Google.
No dia 22 de março, economistas e empresários divulgaram uma carta em tom de cobrança às autoridades por medidas mais enérgicas contra a pandemia.
 
 
Entre o grupo de signatários, estão os economistas Laura Carvalho e Felipe Salto. Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, co-presidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco, também assinaram a epístola.
 
 
Contando com quase três mil palavras, a carta primeiramente diagnosticou os problemas que, segundo seus elaboradores, elevaram a gravidade da pandemia no Brasil. Na sequência, apontou “medidas indispensáveis” ao seu combate.
 

“SITUAÇÃO DESOLADORA”
 
A escritura analisou a situação econômica e social “desoladora” do país neste momento. O PIB encolheu e encolherá ainda mais ao fim do primeiro trimestre do ano. A taxa de desemprego é a maior da história (14%), e aumentará na medida em que a pandemia se agravar.
 
 
O documento ressaltou o impacto negativo da pandemia no setor econômico. “Fez com que muitos trabalhadores deixassem de procurar emprego, levando a uma queda da força de trabalho entre fevereiro e dezembro de 5,5 milhões de pessoas.”
 


 
Este cenário não será vencido enquanto não houver enfrentamento competente do governo, que “utiliza mal os recursos de que dispõe, (...) por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia.”
 
 
O nome do Presidente Jair Bolsonaro não foi citado de forma expressa, mas o texto menciona que as ações de quem lidera o país foram marcadas por “desdenho à ciência, apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, estímulo à aglomeração, e flerte com o movimento antivacina.”
 
 
Assim, a carta pediu para que as decisões tomadas tenham base científica, que sejam guiadas por experiências de sucesso, e ressaltou a urgência na obtenção de bons resultados. “Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas.” Ainda, apontou medidas entendidas pelos autores como “indispensáveis” a serem impostas contra a pandemia, descritas abaixo.
 
 
COORDENAÇÃO DE COMBATE À PANDEMIA EM ÂMBITO NACIONAL
 
Para os signatários, a postura de lideranças políticas que ignoram o conhecimento científico, estimulam aglomerações e propagam informações falsas sobre medicamentos sem eficácia comprovada influencia negativamente o comportamento da população, levando ao aumento do contágio.
 

A carta afirma que é urgente a criação de um mecanismo nacional de combate à pandemia chefiado pelo Ministério da Saúde e, de forma complementar, por um consórcio de governadores, seguindo as orientações da comunidade científica.
 

Com base nessas diretrizes, o grupo defende a necessidade da vacinação em massa da população (que tem sido lenta), a distribuição e incentivo ao uso de máscaras, e o distanciamento social. Para tanto, os autores apresentam dados demonstrando que a adoção de tais medidas possui bom custo-benefício.
 
 
“Vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade. Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020”, diz a carta.
 
 
As máscaras recomendadas pelos especialistas têm um custo médio de R$3 a unidade. Sua distribuição, acompanhada de orientações corretas de uso, teria um custo baixo se comparado ao resultado positivo na contenção da doença.



 
 
O distanciamento social, segundo o documento, gera impactos distintos nas regiões devido às diferenças econômicas e geográficas entre elas. Portanto, o melhor a ser feito é adaptar o isolamento a cada localidade, aumentando seus benefícios e minimizando seus efeitos econômicos. Assim, a carta sugere a responsabilidade dos gestores estaduais e municipais na adoção da medida, mas sob coordenação nacional.
 
 
Os elaboradores da carta não pouparam o governo federal de críticas, apontando o erro das lideranças em apostar apenas na capacidade de produção nacional de vacinas, tendo deixado de negociar sua compra com laboratórios estrangeiros.
 
 
A postura negacionista das lideranças nacionais também não passou batida. O texto fez menção ao negacionismo e flerte com movimentos antivacina de algumas autoridades, sem a citação de nomes, mas em evidente indireta à cúpula federal.
 

 
“O país tem pressa; o país quer seriedade com a coisa pública; o país está cansado de ideias fora do lugar, palavras inconsequentes, ações erradas ou tardias”, finaliza a carta.


O Brasil iniciou sua campanha de vacinação no dia 18 de janeiro de 2021, e até o dia 21 de março apenas 5,6% da população havia recebido ao menos uma dose da vacina.


REFERÊNCIAS:

BBC NEWS. Na íntegra: o que diz a dura carta de banqueiros e economistas com críticas a Bolsonaro e propostas para pandemia. BBC News. 22/03/2021. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56485687>. Acesso em: 25 de mar. de 2021.

 

G1. Mapa da vacinação contra Covid-19 no Brasil. G1. 26/03/2021. Disponível em: <https://especiais.g1.globo.com/bemestar/vacina/2021/mapa-brasil-vacina-covid/>. Acesso em: 26 de mar. de 2021.


CRISTALDO, Heloísa. Vacinação contra a covid-19 começa em todo o país. Agência Brasil. 19/03/2021. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-01/vacinacao-contra-covid-19-come%C3%A7a-em-todo-o-pais#:~:text=O%20in%C3%ADcio%20da%20vacina%C3%A7%C3%A3o%20aconteceu,cerca%20de%20280%20mil%20pessoas.>. Acesso em: 25 de mar. de 2021.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »