A curadora e produtora Mariana Maurer, que é da cidade de Campinas fez temas relacionados a sua cidade, relacionamentos e empoderamento feminino.
Em entrevista ela explicou um pouco como foi o processo de criação. "Eu não comecei com os temas, eu cheguei neles. Eu queria de uma maneira trazer o local e os realizadores de Campinas em destaque. Ao assistir os filmes campineiros eu cheguei ao viés dos relacionamentos e a maioria dos filmes que escolhi eram dirigidos por mulheres e os que não eram tinha equipe majoritariamente feminina, então acabou que esse olhar de relacionamento surgiu ao ver os filmes que falava de diferentes relacionamentos, afetivo, familiar, mas não são relacionamento de casais e sim de relação com o mundo".
No final de cada sessão, cada curador responsável fala com exclusividade de como e o que levou escolher o tema.
A maioria dos filmes ficarão disponíveis no site por 1 ano, exceto curtas que ainda estão em circuito de festivais e ficarão apenas durante os 10 dias.
Dificuldade de criação de filmes nacionais
A cultura nacional, especificamente o cinema, tem suas dificuldades e sofre para chegar até o espectador, por isso um festival como esse é tão representativo, ainda mais em tempos como esses. O Curtaflix é financiado pela lei emerge
ncial Aldir Blanc do estado de São Paulo e ajudou os realizadores a trazer esta exposição em meio da pandemia.
Conversando com os curadores, ambos expuseram as dificuldades dentro de suas áreas, seja na direção ou na produção dos filmes.
Quais são as dificuldades de produzir curtas no Brasil?
Mariana: Para você chegar ao ponto para ir aos festivais e fazer uma trajetória, é preciso de financiamento porque se você só fazer como o hobby, não consegue dedicar muito tempo. O financiamento é para profissionalizar e especializar as pessoas. Não tem glamour como muitos imaginam, é uma coisa longa que demanda tempo e dedicação.
Quais são os maiores desafios ao fazer um curta-metragem?
Victor: Acho que é encontrar a boa ideia que pode ser simples, criativa, barata e ao mesmo tempo que fala de alguma coisa interessante, acho que esse é um dos segredos e é um pouco do que tem na minha sessão Curtas estranhos que vão te prender na tela.
Porque os curtas não tem tanta repercussão com o grande público?
Victor:
É um lugar de experimentação porque muitas pessoas começam suas carreiras fazendo curtas, e é um lugar mais barato, você pode brincar e os festivais funcionam como mostra de experiências, de inovação, de linguagem e acaba ficando restrito.
Ele ainda fala sobre o impacto dos streamings com o cinema de curtas:
Victor: Tem uma coisa que sempre comento, que parecia que a internet seria o lugar dos curtas. Mas quando achávamos que tínhamos esse formato, os streamings apareceram não com filmes curtos ou longas, mas com series as vezes assistimos longa de 40 horas em um final de semana. Então ao invés de ver curtas, você quer se engajar com histórias mais longas.
Pandemia
O impacto da pandemia traz também o choque cultural e aumenta a significância de conexões com a cultura em geral. Mas com todos os desafios a classe tem dificuldades em continuar, o que ressalta a importância do projeto online. A Mariana teve projetos cancelados e sem previsão de um retorno.
“A gente tem sofrido, o setor vem sofrendo pela falta de financiamento e agora pela impossibilidade de fazer. Eu estava fazendo um longa e foi cortado e não sabemos quando vai retomar, por conta da crise sanitária que vivemos".
Victor conclui que precisamos refletir mais sobre o momento atual:
“Eu acho que como esse momento que vivemos é de introspecção, não é de fazer muita coisa, mas de olhar para os nossos caminhos, olhar para o que já foi produzido e refletir. Então é isso, a gente tem o excesso de informação, cria-se informação a todo momento, sem parar e esse momento da pandemia é de calma. Já temos bastante coisa feita então vamos ver com calma, com o olhar e reflexão".
SERVIÇO
Curtaflix
Data: até 17 de abril
Acervo completo pode ser acessado no site: https://curtaflix.com.br/