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09/05/2021 às 00h00min - Atualizada em 09/05/2021 às 00h01min

Educação brasileira em tempos de pandemia: alunos de escolas públicas sofrem com a impossibilidade de assistir aulas

Os danos causados podem ser irreversíveis ao futuro de milhões de jovens

Gabriela Pereira - Editado por Júlio Sousa
Reprodução: Amanda Perobelli/Reurters
 

Desde o começo da pandemia do novo coronavírus, vários alunos de escolas públicas ficaram impossibilitados de assistir às aulas devido a falta de equipamentos básicos fundamentais para o ensino remoto.

 

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelam que cerca de 6 milhões de alunos não tinham acesso à internet em 2020. Esse levantamento revela como a desigualdade social interfere diretamente na educação. 

 

DIFICULDADES E DESAFIOS

 

Segundo um relatório da UNESCO sobre a América Latina, os alunos brasileiros só voltarão ao nível de aprendizagem que estavam em 2030. Para Dinamara Pereira, diretora da escola superior de educação da UNINTER, esse fato não se dá somente devido a pandemia.
 

“Muitas crianças tiveram atraso, e o pior é que este fato trágico não é consequência somente da pandemia. No Brasil, convivemos com a cultura do fracasso escolar como uma triste realidade que afeta o sistema de ensino formal, basta observarmos os dados da UNICEF, que alertou em 2018 que 3,5 milhões de estudantes brasileiros foram reprovados ou abandonaram a escola. Ao permitirmos que esta cultura nefasta permaneça, estamos usurpando do sujeito seu direito de igualdade, de termos avanço científico do país, de não conseguirmos ocupar com qualidade os postos de trabalho, o que gera desemprego, por consequência aumento dos índices de criminalidade, ou resumindo, da manutenção do status da sociedade brasileira”

 
 

É fato que a crise educacional brasileira é anterior à pandemia. A disparidade entre alunos de colégios particulares e alunos de escolas públicas sempre foi muito evidente. Neste momento, essa diferença é mais ampliada e existe uma preocupação muito grande se os jovens de baixa renda conseguirão repor esse tempo perdido. 

 

MEDIDAS DE CONTENÇÃO DE DANOS

 

O governo do estado de São Paulo está distribuindo alguns tablets para que os alunos possam ter acesso às aulas, a distribuição prioriza os discentes que menos tiveram acesso à internet em 2020. De acordo com a prefeitura, 465 mil tablets seriam distribuídos até o final de 2021. No entanto, apenas cerca de 70 mil tablets foram entregues até agora. 

 

Por mais que exista um projeto que visa diminuir os danos em São Paulo, a realidade de quem mora longe dos pólos econômicos é outra.
 

“Estamos num país continental, com inúmeras desigualdades econômicas e de conhecimento. Assim, a adoção e mudança de postura diante da nova realidade somente o tempo irá vencer. Os Estados e Municípios desenvolveram propostas de acordo com sua realidade. O que percebemos em várias pesquisas é que as lideranças locais que realizaram diagnóstico da realidade e atuaram de forma ética e respeitosa com seus estudantes, conseguiram atender pelo menos o mínimo possível com outras estratégias para além das tecnologias. O que precisamos relembrar que não é apenas fazer exames nacionais de aferição que medem competência, tal como ENCCEJA, que iremos estabelecer dignidade e aprendizagem para este estudante, pois ter acesso e sucesso na prova pode não significar aprendizagem e o mínimo de possibilidade de uma vaga de trabalho.”, afirma a diretora.

 

A pandemia deixou ainda mais evidente a desigualdade social no Brasil, e as consequências disso na educação podem ser irreversíveis, uma vez que o índice de evasão escolar antes do vírus já era muito preocupante. Esses jovens não recebem nenhum tipo de apoio ou incentivo ao estudo, são deixados à margem pelo estado e os que ainda conseguem completar o segundo grau, não têm condições para pagar uma universidade. 

 

Dessa forma, a educação e os privilégios continuam a ser passados para aqueles com melhor situação financeira, deixando o país com escassez de profissionais em algumas áreas específicas e um número exorbitante de desempregados.  

 

PROJETO DE LEI 

 

A deputada Dorinha Rezende (DEM) apresentou um projeto de lei que mantém as condições do ensino remoto devido ao estado de calamidade pública, mas para que isso ocorra, o projeto visa garantir aproximadamente R$ 3 bilhões destinados a professores e estudantes da rede pública, com o intuito de que possam ter acesso à internet.







 

REFERÊNCIAS

 

A.PAULA. O DESAFIO DOS EDUCADORES CONTRA O ABANDONO ESCOLAR NA PANDEMIA. BBC NEWS.2 DE MAIO DE 2021. DISPONIVEL EM <https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2021/05/02/o-desafio-de-educadores-contra-abandono-escolar-na-pandemia.htm

 

S.FELIPE. ENSINO REMOTO NA PANDEMIA. BBC NEWS. 03 DE MAIO DE 2021. DISPONÍVEL EM < https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/05/03/ensino-remoto-na-pandemia-os-alunos-ainda-sem-internet-ou-celular-apos-um-ano-de-aulas-a-distancia.ghtml

 

T.MARIANA. ESTUDO REÚNE PESQUISAS SOBRE EDUCAÇÃO NA PANDEMIA. AGÊNCIA BRASIL. 09 DE FEVEREIRO DE 2021. DISPONIVEL EM <https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2021-02/estudo-reune-pesquisas-sobre-educacao-na-pandemia

 
 

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