Divulgação: CNSA No dia 15 de maio (14 de maio se pegarmos como referência o horário de Brasília), a China divulgou que conseguiu pousar em Marte pela primeira vez. O país foi a terceira nação a aterrissar no planeta vermelho, ficando apenas atrás dos
Estados Unidos, que já manda
rovers com sucesso para a superfície marciana desde 1996 e, da
União Soviética que pousou uma sonda que funcionou por apenas 14.5 segundos, mandando uma imagem parcial de 70 linhas para Terra, com a missão
Mars 3, em 1971.
A missão chinesa
Tianwen-1, cujo nome significa “Busca pela Verdade Celestial”, contou com três equipamentos: uma sonda orbital, um
lander e um
rover.
O
rover chinês, movido por energia solar, ganhou o nome de
Zhurong, em homenagem a um deus do fogo da mitologia chinesa, pesa 240 kg e conta com seis rodas e seis instrumentos, sendo eles, câmeras frontal e multiespectral, radar para exploração do subsolo, detectores de campo magnético, análise de superfície e monitor meteorológico. Seus equipamentos irão ajudá-lo em sua missão de reunir informações importantes sobre o solo marciano, estrutura geológica, ambiente e atmosfera, além de procurar por sinais de água.
O lander (nave de pouso) carregando Zhurong, depois de se separar da sonda orbital, viajou por três horas até entrar na atmosfera de Marte e iniciar uma descida complicada, pousando em uma área pré-determinada chamada
Utopia Planitia, no hemisfério norte de Marte. O local foi escolhido porque os cientistas acreditam ter existido um mar ou um lago há bilhões de anos por lá e a expectativa é que o robô fique ativo por pelo menos 90 dias.
Corrida com Estados Unidos Depois de decolar do Centro de Lançamentos de Foguetes da China em julho do ano passado,
Tianwen-1 entrou na órbita de Marte em fevereiro, dias antes do
rover Perseverance dos Estados Unidos. Tianwen-1 pousou em Marte 24 dias após os
Estados Unidos produzir oxigênio pela primeira vez no planeta porque o
rover chinês ficou preso a nave-mãe durante três meses, enquanto a sonda fazia o reconhecimento da área de pouso, antes de poder descer.
A coincidência das missões a Marte tão próximas não foi ocasional e contou com o fato da Terra e Marte estarem alinhadas no mesmo lado do Sol, o que faz com que o trajeto ao planeta vermelho seja mais rápido e gaste menos combustível. Os
Emirados Árabes também aproveitaram o mês de julho para lançar sua sonda “Hope” para Marte, já que essa oportunidade só acontece
uma vez a cada 26 meses.
Hope, primeira missão árabe lançada, também está na órbita marciana desde fevereiro de 2021, e tem o objetivo de descobrir os segredos do clima de Marte, explorando sua atmosfera – o que nunca foi feito–, diferente do planejamento dos EUA e China que projetaram suas missões para um
rover descer à superfície. A expectativa é que Hope fique por Marte durante um ano marciano (687 dias).
Perseverance não foi a primeira missão estadunidense enviada a Marte, mas foi pioneira em sobrevoar pela superfície do planeta com um drone controlado da
Terra. Seu principal objetivo é procurar evidências de vida microbiana antiga no planeta vermelho e a expectativa de sua volta também é para daqui a dois anos terrestres (um ano marciano).
Foguete chinês que caiu nas Maldivas é igual ao usado para ir a Marte O foguete “
Long March 5” que caiu a oeste das Maldivas no início do mês (8) foi o mesmo tipo usado para o lançamento da missão
Tianwen-1. Depois de ficar fora de controle e causar apreensão mundial por ter risco de causar danos à Terra, mesmo com possibilidade baixa ou mínima de acontecer – segundo Wang Wenbin, porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China, o país não deixou de ser repreendido.
O foguete, pesando aproximadamente 22 toneladas, foi lançado dia 29 de abril e usado para colocar em órbita o módulo central da Estação Espacial Chinesa. Por algum erro que ocorreu, a primeira parte do Long March 5 ficou em órbita também, em vez de fazer uma volta controlada à
Terra ou ficar nas “órbitas de cemitério” – capaz de mantê-lo por anos ou décadas no espaço, fazendo com que o seu atrito constante com a atmosfera terrestre, puxasse-o para cada vez mais perto do Planeta Terra.
Pelas medidas do Long March 5 serem bem grandes (30 metros de comprimento, 5 metros de diâmetro e pesa 21 toneladas), o módulo não queimaria por completo quando chegasse a atmosfera terrestre, diferente do que ocorre com a maioria dos lixos espaciais que caem da órbita do planeta e veem em direção à Terra, e
poderia causar algum dano chegando à superfície. Como o planeta é composto por 70% de água, as chances eram baixas.
Apesar da preocupação geral, a China foi discreta e calma afirmando que a possibilidade de cair em áreas habitadas era bem pequena e que estavam monitorando tudo. Por outro lado, os Estados Unidos e outras agências espaciais acusaram a China de imprudente por deixar um foguete descontrolado voltar à Terra. A queda do Long March 5 reacendeu debates sobre lixos espaciais e a
possibilidade de colisão com satélites e naves espaciais.