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19/06/2021 às 12h23min - Atualizada em 17/06/2021 às 21h57min

Entre medidas: E a moda para o público Plus Size?

Mesmo sendo o segmento com maior oportunidade para negócios e necessidade de atendimento, mulheres gordas ainda enfrentam dificuldades para encontrar roupas confortáveis

Jenyfer Muniz da Silva Oliveira - Editado por Yuri Anderson
Foto: Divulgação - Donna Samoa
Segundo uma pesquisa de 2016 realizada pala OMS, boa parte da população enfrenta o sobrepeso e as dificuldades encontradas por esse conjunto se sucedem desde a convivência social entre grupos e locais até a procura por peças de roupas em tamanhos maiores. Porém a maior dificuldade não se reflete apenas nas roupas, mas também na execução de tarefas ou funções, na procura de um emprego, na inclusão em grupos sociais e até mesmo referente à falta de alternativas de produtos para esse público, ou seja, as pessoas que o integram ainda sentem a necessidade de reconhecimento geral.

Histórico do mercado Plus Size

O público Plus Size cresceu junto com os padrões de beleza, que se alteraram ao longo dos anos, inclusive, já foi considerado um ícone de beleza na pré-história. Os corpos volumosos eram um tipo de idealização do corpo perfeito.

Os ideais de beleza feminina sofreram algumas alterações no século XVII, exigindo corpos delicados com cinturas modeladas pelos espartilhos. A busca por um corpo natural surgiu no século seguinte, e o espartilho foi deixado de lado.

Com o início da revolução industrial no século XIX, os padrões de estruturas corporais eram definidos através das classes sociais, pois quem possuía um corpo mais avantajado era considerada uma pessoa mais afortunada, e os corpos mais magros eram pessoas que passavam por dificuldades financeiras. No final deste século houve uma interferência da medicina, pois foram feitas muitas campanhas para que houvesse a influência de fazer exercícios físicos em busca de um corpo magro que era um símbolo de saúde.

O mercado Plus Size

Atualmente o segmento com maior oportunidade para negócios e necessidade de atendimento é o da moda Plus Size, que corresponde a mais de 50% da população brasileira. De acordo com dados da Associação Brasileira do Vestuário (ABRAVEST) esse público cresce 6% por ano movimentando cerca de R$5 bilhões entre os mercados e varejos, porém o crescimento estimado é de em média 10% por ano. A partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), cerca de 60% da população brasileira está acima do peso, porém apenas 18% das lojas oferecem opções para esse público que atenda suas necessidades e só 3,5% são especializadas em peças acima do 42.

Para comprovar esses dados, foi realizado um levantamento no ano de 2016 pelo Sebrae, e nesse estudo foi indicado que 86% das pessoas que usam o tamanho GG se mostram insatisfeitas com as opções de roupas para manequins grandes. Entre eles 70% confirmam que os produtos disponíveis são básicos e apenas 16% acham que esses produtos despertam desejo de compra. Além disso, o estudo evidenciou que a maior dificuldade enfrentada por esse público em encontrar produtos satisfatórios está em comprar vestidos e outros tipos de roupas para festa (59%), calças (56%) e lingerie (49%) e apenas 38% deles compram roupas mensalmente em lojas de departamento.

O comportamento da consumidora Plus Size

As mulheres estão cada vez mais empoderadas e no ramo Plus Size isso fica cada dia mais evidente, modelos GG estão cada vez mais presentes em capas de revista e em campanhas para marcas famosas, desfiles vocacionados para este campo também acontecem com mais frequência e o mercado do vestuário está ganhando mais visibilidade.

Segundo a repórter de direitos humanos do jornal Extra Classe, as consumidoras gostariam de ver nas lojas mais modelos e estampas que remetem a modernidade tais como roupas mais curtas e que mostrem mais o corpo, pois, a maioria das peças encontradas é mais discreta e com cores menos vibrantes.

"A moda plus size se tornou bem conhecida nos últimos anos, mas ainda sim as pessoas gordas sofrem bastante preconceito e até mesmo escutam comentários do tipo "Você vai usar esse tipo de roupa? Você nem tem corpo pra isso!" - diz a Técnica de Vestuário, Leticia Graton.

Nas grandes lojas de departamento é comum a criação de linhas vocacionadas para o Plus Size para acompanhar o grande desenvolvimento deste nicho, mas nem sempre essas coleções são bem recebidas e atendem a necessidade dos seus clientes. Nessas lojas as coleções Plus Size são levadas a segundo plano e não existe de fato uma padronagem do tamanho das peças nos grandes magazines, para exemplificar, um 46 pode ser do tamanho de um 40 e um 40 do tamanho de um 36.

"Já passei por uma situação de ver uma roupa na loja, mas não encontrar a peça na minha numeração e também trabalhei em uma marca em que as roupas eram maravilhosas, mas o tamanho G das peças tinham a modelagem menor e que não parecia ter sido feita para pessoas de corpo volumoso. Das vezes que encontrei nas lojas roupas na minha numeração, foram poucas em que meu corpo foi favorecido, pois eu tenho muito busto e não tenho quadril largo e por isso, algumas peças não ficam boas para o corpo todo." - diz a Técnica em Vestuário, Leticia Graton.

O primeiro desafio para conseguir obter uma visão mais precisa deste público, sem dúvida nenhuma, foi a definição de um critério claro sobre o que poderia ser classificado como Moda Plus Size, pois a fabricação de roupas voltadas a este segmento esteve sempre presente, porém não possuía uma ligação com as tendências da Moda. Nos dias atuais este nicho tem ganhado mais propriedade quando se trata de estilo e funcionalidade.
 
"Atualmente muitas marcas conhecidas estão investindo em tamanhos maiores com estilo de acordo com as tendências de cada temporada. Nas lojas como Renner, C&A e Riachuelo, em que costumo comprar roupas na minha numeração, há peças que seguem os padrões de moda atual. Mas ainda é comum encontrar roupas para o público Plus Size em um valor alto e com péssima qualidade, pois muitas marcas vendem uma modelagem bonita em um tecido ruim e isso acaba gerando uma certa frustração." - acrescentou Letícia Graton.
 

Quando questionada sobre a dificuldade em encontrar roupas em numeração maior para o público Plus Size nas lojas de departamento, a Técnica de Enfermagem Jaqueline Correa disse:  "Várias vezes e em diversas lojas, quase nunca encontro peças em que meu corpo é favorecido, pois os manequins em que boa parte da indústria se "baseia" para fazer as peças, não tem curvas em vários lugares do corpo, não tem a famosa "pochete" na barriga o que contribui para que as calças não servem, u até mesmo blusas que nos manequins ficam ótimas, mas em mulheres de busto grande ficam apertadas."

A loja que veste mulheres reais

É importante entender que o único padrão em que deve ser seguido é o seu e que não existe um corpo perfeito ou uma aparência perfeita, pois cada pessoa possui um traço único, um defeito, diversas qualidades e tudo isso, em um corpo único. É bom seguir uma tendência e estar por dentro da moda, mas é prazeroso vestir algo em que evidencie sua personalidade e que traga conforto.

Pensando nisso, Camila Paini, que é idealizadora da marca Donna Samoa, planeja através da criação das peças para o público Plus Size, roupas confortáveis e que possibilitem que e todas as mulheres tenham acesso  a produtos de qualidade tanto na matéria prima, quanto na aparência.
 

"Eu nunca consegui comprar roupas em loja online, por não saber se a modelagem estaria correta para o meu tamanho e por isso sempre tive dificuldade. Foi isso que me fez criar a loja, pois tanto nos sites,  quanto nas lojas em shoppings é  muito difícil achar roupas acima do 44 e quando acha, sempre tem um alto custo.
Agora que tenho minha própria marca, consigo me vestir melhor, mas nas lojas de departamento ainda é difícil de encontrar peças para a parte de baixo que se adequem ao meu corpo, mas quando encontro são peças para mulheres mais velhas."
- diz Camila Paini.

 

"O padrão social imposto é muito ultrapassado, pois eu acredito que cada um tem o seu próprio padrão, cada um tem seu biotipo e histórico. Eu amo o meu corpo do jeito que ele é e da forma que ele tem e eu acho lindo o corpo grande. Tem roupas que vestem melhor mulheres magras, mas também tem roupas que vestem melhor mulheres gordas, e cada corpo tem sua beleza. 
Eu faria mudanças no meu corpo e até penso em emagrecer alguns quilos, mas não para ter a estética exigida pelo padrão social, mas para me manter saudável. É preciso se adequar ao seu próprio corpo e a sua própria natureza."
- completou.
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