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08/07/2021 às 20h59min - Atualizada em 08/07/2021 às 15h27min

O impacto cultural de Stranger Things para o mundo do streaming e da cultura pop

O sucesso estrondoso da obra dos irmãos Duffer influenciou produções dos últimos anos e obteve uma repercussão que talvez nunca se repetirá

Luann Motta Carvalho - Editado por Ana Terra

O ano é 2016. Na virada da década, já era perceptível as mudanças que o mundo digital sofria, mas não apenas isso. A estrutura cinematográfica e audiovisual já tomava caminhos sem volta. Nesse meio, temos a Netflix.

A plataforma já era deveras popular pelo planeta em 2016. A inovação apresentada no início dos anos 2010 se consolidava cada vez mais dentro do público consumidor de filmes e séries. E é claro, não havia apenas um catálogo extenso de produções já conhecidas, mas surgiam as obras originais como Narcos, House of Cards e Orange is the New Black.

Chegamos em Stranger Things. Quando a série dos irmãos Matt e Ross Duffer teve suas primeiras imagens e teasers anunciados, muitos portais destacavam a produção como “a nova série da Winona Ryder”. Após o seu lançamento, em julho de 2016, vimos que era muito mais do que somente a produção com uma atriz super renomada no elenco.

Sim, muito do sucesso estrondoso de Stranger Things se deve pela nostalgia da ambientalização dos anos 80, algo extremamente bem produzido: o clima, mise-en-scène, a trilha sonora, o figurino e diversos outros fatores nos davam a impressão de estar em algum universo alternativo de Steven Spielberg, uma das inspirações dos irmãos Duffer, ao lado de Stephen King e Peter Straub. No entanto, o próprio enredo que misturava fantasia, suspense e uma dose de ficção científica já era suficiente pra cativar os espectadores. Sem contar os vários personagens carismáticos em tela, como Eleven, Mike, Dustin e Steve.

Não deu outra. Após a estreia de Stranger Things, a web foi bombardeada por comentários e memes da série, se tornando um divisor de águas para a Netflix e para o mundo do entretenimento. Partindo desse ponto, é possível dizer que não haverá um lançamento com uma repercussão parecida. O fenômeno cultural da história da cidade de Hawkins foi um estouro no mainstream televisivo e mudou o panorama produtivo da plataforma de streaming, afinal, nos dias atuais, a Netflix produz muito em um curto prazo e faz lançamentos semanais de novos filmes e séries. Logo, não há tempo hábil para digerir uma história como ocorria em 2016, quando o momento era outro.

Para efeitos comparativos, uma série que envolve crianças/adolescentes e fantasia foi lançada recentemente na mesma Netflix: Sweet Tooth, que também foi um sucesso e bastante debatida nas redes sociais. Contudo, a produção baseada nas HQs do autor Jeff Lemire não teve o mesmo patamar de repercussão que Stranger Things. Em meio à popularização de Sweet Tooth, outras séries já dividiam a atenção do público, como as novas temporadas de Lupin e Elite, e filmes como Army of the Dead, do célebre diretor Zack Snyder. Mesmo se passando apenas cinco anos entre a estreia de Stranger Things e Sweet Tooth, pode-se afirmar: são tempos distintos.

Em abril deste ano, a Netflix enviou uma carta à imprensa e revelou o investimento em conteúdos originais na casa dos US$ 17 bilhões até o final de 2021. A injeção de dinheiro possui um aumento gradativo desde 2018, ano em que o investimento da empresa foi na casa dos US$ 12 bilhões. De acordo com uma estimativa do site Deadline, o orçamento anual do serviço deve bater os US$ 26 bilhões em 2026.

Em resumo, não haverá outra produção para Netflix como foi e ainda está sendo Stranger Things. A série está no rol das produções denominadas “aquelas que todos assistem” como Breaking Bad e Game of Thrones. Sendo assim, da mesma forma que as obras clássicas dos anos 80 influenciaram Stranger Things, é natural que a obra influenciasse várias produções dos últimos anos e se estabelecesse como um produto da cultura pop que será rememorado pelas gerações seguintes.

Em 2021, após dois anos do lançamento da terceira temporada, o hype da série está em baixa. Mas com a quarta temporada por vir, alguma dúvida que toda aquela empolgação em torno da história logo deve estar de volta? Podemos estar perto do encerramento dessa aventura e teremos novas adições no elenco como Amybeth McNulty, de Anne With an E, Myles Truitt, de Queen Sugar, entre outros novos atores. Vamos esperar para conferir o que pode ser a reta final da produção original mais popular da Netflix.


REFERÊNCIAS:
BANDEIRA, Ana Paula. “Por que "Stranger things" virou fenômeno pop”. GZH. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2016/08/por-que-stranger-things-virou-fenomeno-pop-7165125.html>. Acesso em: 06 de jul. de 2021.
ELOI, Arthur. “O SEGREDO DO SUCESSO DE STRANGER THINGS”. OMELETEVE. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=c7M6JsXHPh8>. Acesso em: 06 de jul. de 2021.
STRAZZA, Pedro. “Stranger Things testa os limites da própria experiência nostálgica na terceira temporada”. B9. Disponível em: <https://www.b9.com.br/111104/stranger-things-testa-os-limites-da-propria-experiencia-nostalgica-na-terceira-temporada/>. Acesso em 06 de jul. de 2021.
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