Vários setores caminham para uma produção mais sustentável, considerando os impactos climáticos ocorrentes nos últimos tempos. Na moda, a nova formatação também aparece, principalmente nos pequenos investidores e designers que buscam produções mais limpas, como o movimento da “moda lenta”, o slow fashion. O estado do Paraná é um dos locais que mais produzem na área têxtil brasileira, o que traz o questionamento se o modelo de produção paranaense prejudica ou não o meio ambiente.
No mundo todo, a moda é uma das indústrias que mais faturam e movimentam o mercado, e no Paraná essa economia não é diferente. O setor industrial de confecção, têxtil e produção em couro é o terceiro segmento que mais gera empregos no estado, de acordo com a Federação das Indústrias do Paraná, a Fiep. Os dados mostram que 4.738 empresas compõem esse setor, o que gera cerca de 66 mil empregos. Sendo assim, é indiscutível que a produção de moda paranaense atende ao fast fashion para suprir a demanda, ou seja, produção rápida e que se renova frequentemente, não atendendo aos requisitos sustentáveis.
As formas de consumo sustentável na moda não se limitam apenas à etapa de produção, mas também a de reutilização de peças e, desta forma, o brechó se destaca. O mercado de segunda mão é antigo e famoso. Embora no passado muitas pessoas se recusassem a comprar nessas lojas, hoje em dia, elas se tornaram tendência, se popularizaram, e cresceram nos últimos anos. Com a pandemia, muitos brechós online surgiram, o que deu a chance para quem não pode ir a uma loja física, comprar pelas redes sociais ou websites.
O @brechovintage42 surgiu no Instagram em 2019, mas conseguiu muitos clientes entre 2020 e 2021. Isadora Souza, estudante de enfermagem, é dona do brechó e diz que a crise econômica proporcionada pela Covid-19 foi um dos fatores para o aumento da clientela, inclusive em Guarapuava, interior do Paraná, onde reside. “Foram surgindo vários outros brechós que, assim como o meu, se preocupam com essa bandeira do slow fashion. As pessoas se interessam em comprar de quem fala sobre isso”, destaca a empreendedora.
Há muitos clientes novos nesse segmento, mas os antigos permanecem, como a fotógrafa Cibelly Roberta. A jovem de 21 anos afirma que sempre comprou em brechós, pois era comum na sua família. “Quando cresci comecei a ler sobre fast fashion, e tive ainda mais interesse em continuar comprando”, caonta. Ainda, Cibelly ressalta o custo mais barato de consumo, além de encontrar uma exclusividade nas peças, inclusive as de grife famosas, como uma bolsa Prada, carteira Victor Hugo e roupas Hugo Boss.
A geração de empregos pelo fast fashion paranaense dificulta a aplicação total da produção lenta de roupas, e esse é um dos motivos para que o slow fashion não atinja grande parte da população no estado. Mas são iniciativas como as de Alexandre, Thifany, Isadora e Cibelly que fazem a diferença, à curto ou longo prazo.