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27/09/2021 às 12h06min - Atualizada em 27/09/2021 às 11h48min

Slow fashion tem pequenas iniciativas paranaenses

Mesmo com grande produção na indústria têxtil, pequenos empreendedores e marcas de moda contribuem com o meio ambiente no Paraná

Isabelle Marinho - Editado por Larissa Barros
Roupas da marca de slow fashion paranaense H-AL - Foto / Reprodução: H-AL

Vários setores caminham para uma produção mais sustentável, considerando os impactos climáticos ocorrentes nos últimos tempos. Na moda, a nova formatação também aparece, principalmente nos pequenos investidores e designers que buscam produções mais limpas, como o movimento da “moda lenta”, o slow fashion. O estado do Paraná é um dos locais que mais produzem na área têxtil brasileira, o que traz o questionamento se o modelo de produção paranaense prejudica ou não o meio ambiente. 

No mundo todo, a moda é uma das indústrias que mais faturam e movimentam o mercado, e no Paraná essa economia não é diferente. O setor industrial de confecção, têxtil e produção em couro é o terceiro segmento que mais gera empregos no estado, de acordo com a Federação das Indústrias do Paraná, a Fiep. Os dados mostram que 4.738 empresas compõem esse setor, o que gera cerca de 66 mil empregos. Sendo assim, é indiscutível que a produção de moda paranaense atende ao fast fashion para suprir a demanda, ou seja, produção rápida e que se renova frequentemente, não atendendo aos requisitos sustentáveis.




Mesmo não compreendendo à maior parte das estatísticas, algumas empresas e marcas paranaenses adotam a produção sustentável. Este é o caso da marca curitibana H-AL, fundada em 2007 sob o nome “Heroína” e depois transitado ao nome atual, por Alexandre Linhares e Thifany F. A empresa que teve sua estreia na Bienal de Curitiba e foi homenageada em 2015 no Festival de Cinema Super 8, além disso, a marca assinou o figurino de Elza Soares no espetáculo “A Mulher do Fim do Mundo”.  

Com o reaproveitamento de materiais, lixo zero e storytelling, os donos da marca acreditam que o principal meio de fazer o movimento sustentável ganhar força é pela divulgação: “Trabalhar com sustentabilidade hoje é ‘criar plateia’, é fomentar a discussão, é trazer luz para o assunto, num momento em que o poder público pensa apenas no lucro”, destacam Alexandre e Thifany. Entretanto, a marca não vê o estado do Paraná como grande investidor nesse segmento, considerando que não se vê investimento à essa arte ou semanas de moda sustentáveis que divulgam pequenas empresas.


As formas de consumo sustentável na moda não se limitam apenas à etapa de produção, mas também a de reutilização de peças e, desta forma, o brechó se destaca. O mercado de segunda mão é antigo e famoso. Embora no passado muitas pessoas se recusassem a comprar nessas lojas, hoje em dia, elas se tornaram tendência, se popularizaram, e cresceram nos últimos anos. Com a pandemia, muitos brechós online surgiram, o que deu a chance para quem não pode ir a uma loja física, comprar pelas redes sociais ou websites.  

O @brechovintage42 surgiu no Instagram em 2019, mas conseguiu muitos clientes entre 2020 e 2021. Isadora Souza, estudante de enfermagem, é dona do brechó e diz que a crise econômica proporcionada pela Covid-19 foi um dos fatores para o aumento da clientela, inclusive em Guarapuava, interior do Paraná, onde reside. “Foram surgindo vários outros brechós que, assim como o meu, se preocupam com essa bandeira do slow fashion. As pessoas se interessam em comprar de quem fala sobre isso”, destaca a empreendedora.

 


Há muitos clientes novos nesse segmento, mas os antigos permanecem, como a fotógrafa Cibelly Roberta. A jovem de 21 anos afirma que sempre comprou em brechós, pois era comum na sua família. “Quando cresci comecei a ler sobre fast fashion, e tive ainda mais interesse em continuar comprando”, caonta. Ainda, Cibelly ressalta o custo mais barato de consumo, além de encontrar uma exclusividade nas peças, inclusive as de grife famosas, como uma bolsa Prada, carteira Victor Hugo e roupas Hugo Boss.  

A geração de empregos pelo fast fashion paranaense dificulta a aplicação total da produção lenta de roupas, e esse é um dos motivos para que o slow fashion não atinja grande parte da população no estado. Mas são iniciativas como as de Alexandre, Thifany, Isadora e Cibelly que fazem a diferença, à curto ou longo prazo.

 


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