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25/11/2021 às 20h59min - Atualizada em 25/11/2021 às 16h46min

O perigo do vício em jogos eletrônicos

O quanto o aumento da dependência em jogos eletrônicos prejudica os jovens e as crianças no âmbito familiar, escolar e social

Pedro Lopes - Editado por Ynara Mattos
Reprodução/Freepik

A pandemia e suas restrições trouxeram inúmeras mudanças para vida de milhões de pessoas. Nas crianças, essa quebra da rotina trouxe efeitos tão piores quanto nos adultos, como sedentarismo, ansiedade e até sintomas depressivos, tudo como consequência da interrupção da convivência com amigos, colegas e parentes da mesma faixa etária.

O isolamento social também intensificou outros problemas que já eram preocupantes na vida das crianças, como o caso do vício em jogos eletrônicos. Segundo pesquisa feita pelo Hospital JK Leone, na Índia, das 203 crianças entrevistadas sobre sua relação com dispositivos eletrônicos agora, na pandemia , 65% delas se mostraram viciadas em aparelhos, não conseguindo permanecer 30 minutos longe dos videogames, celulares e tablets.

A dependência em jogos eletrônicos já é classificada como doença pela OMS (Organização Mundial da Saúde) desde 2018. Jogos conhecidos como FreeFire, Candy Crush e FIFA, entre muitos outros, já não são apenas instrumentos para distrair e relaxar, quando jogados em excesso, causando dependência, se tornam grandes problemas.

Alguns países possuem clínicas privadas para tratar o distúrbio, como é o caso da Inglaterra. Os governos da China, Japão e Coréia do Sul, já criaram ferramentas e dispositivos para controlar o uso excessivo dos games entre crianças e jovens.

Existem inúmeras razões para os jogos causarem dependência, entre elas, são os próprios games serem feitos, pensados e projetados para viciar, mantendo os usuários ligados ou conectados à jogos desafiadores com vários níveis de dificuldade, mas sempre com recompensas atraentes, conforme as etapas são vencidas.

Segundo um estudo publicado pelo jornal Neurology Now, enquanto jogamos, o cérebro é bombardeado com altos níveis de dopamina, o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer, onde uma parte do cérebro é motivada por recompensa. 

Ou seja, quanto mais tempo o indivíduo passa jogando, mais dopamina é liberada no cérebro, causando mais dependência em experimentar aqueles estímulos de modo de aumentar a sensação de prazer. Um círculo vicioso é criado.

“Recebo muitas crianças e adolescentes em consultório com dependência de jogos. Crianças preenchendo critério para vício em eletrônicos, é alarmante”. Comentou a Dra. Priscila Dossi, médica psiquiatra com especialização em psiquiatria infantil e adolescência

Os jovens e as crianças têm adquirido um alto grau de tolerância em frente às telas, passando cada vez mais tempo jogando. E por se tratar de dependência, a abstinência também está presente. Quadros de ansiedade, insônia, irritabilidade e até tremores pelo corpo podem surgir quando o indivíduo é impedido de jogar.

“Precisamos considerar também o conteúdo altamente violento de muitos jogos expostos às crianças e adolescentes sem nenhuma supervisão dos pais, supervisão essa, que muitas vezes é negligenciada para evitar atritos com os filhos” Ressalta a especialista.

Os sinais do vício em jogos eletrônicos são notáveis, mas o diagnóstico deve ser feito por um médico psiquiatra: a criança passa a priorizar os jogos em relação ao resto, há a perda de controle sobre o impulso de jogar, descuido com a aparência e com a higiene pessoal. Insônia e sono desregulado, além do abandono das relações com familiares e amigos.

Por isso, a dependência em games, ou Transtorno do Jogo, é considerado um vício comportamental, ou seja, é quando a pessoa negligencia seus afazeres diários, seus familiares e amigos para passar o tempo jogando, comprometendo as suas relações pessoais, sua vida escolar, acadêmica e profissional, além de afetar a sua alimentação e seu descanso.

O tratamento mais utilizado para este problema é a psicoterapia, onde o paciente é levado a entender os aspectos de sua dependência e cria condições para desenvolver formas de se relacionar socialmente, fora do ambiente dos jogos onlines.

Auxiliado por um psicólogo, o paciente identifica quais gatilhos o levam a recorrer ao vício e consegue criar interesse por outras atividades que saiam desse círculo, de modo que desenvolva uma relação mais saudável com os games.


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