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05/12/2021 às 23h10min - Atualizada em 05/12/2021 às 23h08min

30 anos sem Freddie Mercury

Mesmo décadas após sua morte, o vocalista do Queen conquista fãs por todo o mundo por seu talento e sua história

Ana Narracci - Editado por Ynara Mattos
Divulgação
Em 24 de novembro de 1991 umas das maiores vozes da música de todos os tempos se calava : Morria, aos 45 anos, Freddie Mercury
O vocalista do Queen havia revelado, apenas um dia antes de sua partida, que era portador do vírus HIV e tinha AIDS. A doença, tida como uma sentença de morte nos anos 80 e 90 era rodeada de forte preconceito e admitir que estava infectado significava que essa passaria a ser a característica principal de quem a declarasse. 

Muitas especulações já existiam sobre a saúde de Freddie a partir da segunda metade dos anos 1980. Na última turnê do Queen, "Magic Tour", que percorreu a Europa com 26 shows após o lançamento do LP "A Kind of Magic", o cansaço do artista já era visível para quem o acompanhava e conhecia sua anterior vitalidade. Porém, sem se deixar abater, a banda fez aquele que seria o último show de sua carreira com a formação orginal em 09 de agosto de 1986, para cerca de 120.000 pessoas, em Knebworth Park, Inglaterra. Alguns dias antes deste show, em uma discussão com o baixista John Deacon, Freddie disse que "não faria isso para sempre e essa provavelmente seria a última vez". Mesmo acostumados com o gênio explosivo de seu vocalista, os integrantes do Queen sentiram que aquela frase era preocupante. E era, realmente, a profecia do fim.


 

 Quem era, de verdade, Freddie Mercury ?

 

Nascido em 5 de setembro de 1946, em Mji Mkongwe ou Cidade de Pedra, ilha de Zanzibar (hoje Tanzânia), na época colônia britânica, o pequeno Farrokh Bulsara se mudou aos 8 anos de idade para Bombain, na Índia, para estudar na St. Peter Boarding School, uma escola apenas para meninos com educação inglesa, onde, já sendo um amante de música, passou a ter aulas de piano, inspirado em artistas como Lata Mangeshkar, grande cantora indiana conhecida por interpretar trilhas para filmes de Bollywood, a indústria cinematográfica indiana.
Na escola, Farrokh passou a usar o apelido de Freddie quando, aos 12 anos, montou sua primeira banda, "The Hectics"interpretando sucessos de cantores famosos como Little Richard, conquistando a admiração incusive de pessoas mais velhas, Porém, nem tudo eram flores: o bullying por conta de seus dentes projetados para frente (Freddie tinha 4 dentes a mais que o normal em adultos) e seu jeito afeminado o levou a se tornar uma pessoa fechada, introspectiva e com uma grande timidez.
Quando Freddie tinha 17 anos, em 1964, a Revolução Civil de Zanzibar fez com que a família Bulsara, temendo por sua segurança, se mudasse para Londres. Lá, ele se formou em design gráfico pela Earling Art College e trabalhou em alguns locais,como no Aeroporto de Heathrow onde foi carregador de bagagens. Seu talento em em design, anos depois, foi o responsável pelo desenho do logotipo do Queen.



 


O nascimento do Queen


Freddie participou de bandas como "Ibex" e "Sour Milk Sea", não conseguindo grande sucesso e permanecendo por pouco tempo. Enquanto isso, Bryan May e Tim Staffel buscavam um baterista para sua banda "Smile", quando conheceram Roger Taylor. Depois de assinarem um contrato com a Mercury Records, Staffel deixou a banda e Freddie ocupou a vaga, convencendo os outros integrantes a mudar o nome da banda. Após alguns testes, o baixista John Deacon passou a integrar o time. Surgia o Queen.



Na mesma época, Freddie adotou o sobrenome Mercury, pois "precisava de um nome perfeito para um astro do rock". Baseou-se em uma de suas composições, "My Fairy King", onde citava "mother Mercury" (mãe Mercúrio, em tradução livre), inspirado em sua mãe. Posteriormente alterou legamente seu nome para Freddie Mercury.
Os primeiros álbuns do Queen, "Queen" e "Queen II", tiveram alcance mais reduzido ao Reino Unido. O terceiro àlbum, "Sheer Hearth Attack", projetou a banda ao mercado internacional com a música "Killer Queen". O estouro mundial veio em 1975 com o álbum "A Night at The Opera", que trouxe o  clássico "Bohemian Rapsody", que mesclava rock e ópera em uma letra emblemática cujo significado povoa a imaginação dos fãs até hoje: Embora Freddie tenha afirmado se tratar de versos desconexos utilizados apenas para rimar, especulaçoes alimentadas inclusive pelo guitarrista Bryan May dão conta que a música reflete as angústias vividas por Mercury em sua vida pessoal.
Os anos seguintes foram de estrelato para o Queen : Turnês mundiais assistidas por milhões de pessoas, hits que ocupavam os primeiros lugares nas "paradas de sucesso" da época como "We Will Rock You", "We Are The Champions", "Another One Bites The Dust" e "Love of My Life", cantada por um coro de 300 mil pessoas no Rock´n Rio 1985.



 


Mary Austin : Love of my life

Nos final da década de 1960 e início de 1970, Londres já ditava moda. Uma das lojas mais badaladas no famoso Mercado Kensington era a Biba, muito frequentada pelos jovens da época. 
Freddie e seus amigos Roger Taylor e Bryan May costumavam frequentar a loja em busca de peças da moda e também para apreciar as belas funcionárias e foi em uma dessas visitas ao local que ele conheceu uma vendedora chamada Mary Austin. O encantamento foi imediato e Freddie apaixonou-se pela bela menina loira de olhos verdes, batom vinho e minissaia que, a princípio o rejeitou, chegando até mesmo a sair com Bryan, mas com o tempo acabou também se encantando por Freddie. Curiosamente, no mesmo dia em que Mary admitiu estar apaixonada por Freddie, ele vencia uma votação para o nome de sua nova banda : Queen
Mary e Freddie tornaram-se namorados e mais que isso, cúmplices inseparáveis. Passaram a viver juntos e a compartilhar suas vidas intensamente. Bryan May comenta que "pareciam ter sido feitos um para o outro". A canção "Love Of My Life" , assim como outras, foi composta por Freddie para Mary

Ainda segundo Bryan, Mary muitas vezes era como uma mãe para Freddie, cuidando dele e tendo perdoado, inclusive a infidelidade do cantor. Porém, após seis anos de relacionamento, Freddie disse a Mary que tinha algo a lhe dizer que mudaria sua história para sempre. Confessou-lhe então que, durante a turnê daquele ano, tinha se envolvido com David Minns, executivo da Elektra Records. Disse a ela que era bissexual mas Mary já sabia da verdade em seu íntimo e respondeu-lhe que na verdade ele era gay, dando-lhe a tranquilidade de se assumir. Diante disso, Mary deixou a casa onde vivia com Freddie com o pedido dele de que "ela não deveria ficar muito longe". Freddie comprou uma mansão em Holland Park, Kensington, Londres, e deu a ela um apartamento no qual da janela do banheiro era possível avistar sua casa. Queria que ela estivesse por perto e ela consentiu. Contratou-a ainda como uma espécie de secretária pessoal, que o auxiliava em tudo, inclusive em assuntos do Queen. O amor ia além do envolvimento carnal. Ela era sua confidente, cúmplice e a pessoa de sua maior confiança.
Mary Austin teve alguns namorados e chegou a se casar duas vezes e ter dois filhos, sendo Freddie o padrinho do mais velho. Os relacionamentos não duravam muito tempo. Não era fácil para um homem saber que teria que dividir sua esposa com Freddie Mercury, a quem a lealdade de Mary era inquestionável
Acompanhando a vida boêmia de Freddie, Mary o viu se envolver vários homens e ainda com a atriz austríaca Barbara Valentin. A vida repleta de festas regadas a bebidas, sexo e drogas sem qualquer cuidado levaram Freddie a revelar a ela uma terível notícia a qual ela foi a primeira a saber e que mudaria suas vidas para sempre : Freddie Mercury era portador do vírus HIV.
Freddie deixou para Mary a maior parte de sua herança, incluindo a mansão onde vivia. Segundo declarações dela, pouco tempo antes da morte, quando contou sobre os planos para sua herança, Freddie disse que "se a vida tivesse tomado outro rumo e eles tivessem se casado, a casa seria dela da mesma forma". Mary hoje tem hoje 70 anos e reside na mesma casa, reclusa e sem dar entrevistas.




 






A liberdade e a descoberta da AIDS


Após terminar o relacionamento com Mary Austin, Freddie Mercury passou a desfrutar de um lado pesado proporcionado pelo sucesso. A fama trouxe dinheiro e com ele oportunidades que se encaixavam em seu sentimento de extrema liberdade. Dava festas milionárias regadas a entorpecentes, álcool e sexo, onde qualquer situação era um pretexto para festejar. Um exemplo disso foi a excêntrica festa organizada por Freddie no Haloween de 1978, onde ele reuniu cerca de 500 convidados no Hotel Fairmont em New Orleans, EUA. Com um orçamento de aproximadamente 200 mil euros, que incluía os prejuízos previstos no local, foram contratados contorcionistas, mágicos, engolidores de fogo e muitas pessoas em trajes minúsculos, além de bebidas e um requintado buffet  para os convidados. Drogas estavam liberadas e, dizem, era oferecidas. Foram chamados também, a pedido de Freddie, moradores de rua para que participassem da festa sendo tratados igual a qualquer outro convidado, sem distinção.
Outra festa, a de 39 anos de Freddie, serviu para a gravação do que se tornou o clip de "Living On My Own", onde ele aparece vestido de Arlequim. Todos os convidados deveriam vestir roupas do sexo oposto, somente nas cores preta e branca. Alguns convidados foram levados à festa em voos privados custeados pelo cantor, que usava uma calça cravejada de diamantes. Freddie se permitia viver esses momentos como se não houvesse amanhã. 
Diferente do que é mostrado na cinebiografia "Bohemian Rapsody", de 2018, o comportamento pessoal de Freddie e a manifestação de seu desejo por um trabalho solo nunca levaram o Queen sequer a estar próximo de uma separação. Ele realmente lançou-se em uma carreira paralela em 1985 com o álbum "Mr. Bad Guy" ,no qual Freddie começou a trabalhar em 1983, época em que o Queen decidiu tirar férias dos palcos, com o intuito de lançar músicas que não se enquadravam no estilo da banda, como o 
sucesso "I Was Born To Love You", que trouxe um estilo mais dançante, distante do Rock típico do Queen.  Este fato se comprova tendo em vista que, no mesmo ano de 1985, o Queen estava em turnê mundial e fez o histórico show do primeiro Rock´n Rio.
Sabendo hoje dos vícios e fraquezas que o artista enfrentava, fica mais fácil compreender a ânsia de Freddie por mostrar todo seu potencial artístico
Quando descobriu a contaminação pelo vírus HIV, em 1987, Freddie estava em um relacionamento há dois anos com Jim Hutton, um cabelereiro irlandês que ficou com Freddie até seu último dia de vida e descobriu, em 1990, que também era soropositivo. O cantor decidiu manter seu diagnóstico praticamente em segredo, contando apenas a pessoas muito próximas como Mary Austin e seu companheiro Jim Hutton e ocultando o fato até mesmo de seus parceiros de banda, que só souberam da doença um ano antes de sua morte.
Peter Freestone, assistente de Freddie Mercury por 12 anos, afirma em entrevista a Lucy Williamson, da BBC, em conversa reproduzida pelo site G1, que o cantor lutava para esconder os sinais da doença :

 
"Ele queria que as pessoas ouvissem sua música sem pensar que ele sofria de uma doença incurável."
Peter Freestone, assistente de Freddie Mercury. Fonte: G1
Naquela época há pouco tempo se havia dado um nome ao temido vírus HIV e os primeiros tratamentos começavam a surgir, porém muito distantes de oferecer a qualidade de vida obtida pelos portadores do vírus nos dias atuais, ainda que não haja ainda cura. O preconceito era gigantesco e afetava os pacientes e as famílias. Diante disso, Freddie preferiu se calar, porém, com o passar do tempo já não era mais possível esconder as mudanças em seu corpo.
No ano de 1988, Freddie Mercury lançou seu segundo e último trabalho solo, em parceria com a cantora lírica espanhola Monserrat Caballé. "Barcelona" foi o álbum onde o cantor realizou seu sonho de cantar ópera. A canção que deu nome ao álbum foi escolhida como hino dos Jogos Olímpicos de 1992, na Espanha, porém Freddie faleceu meses antes do evento. Mesmo assim a música foi apresentada em vídeo na cerimônia de abertura dos jogos e foi tema da transmissão pela emissora BBC de Londres.



Em fevereiro de 1991, o Queen lança o álbum "Innuendo", 14º e penúltimo da banda, gravado entre março de 1989 e novembro de 1990, sendo o último a ter o vocalista participando de todas as etapas até o lançamento. Em meio às gravações os integrantes souberam da condição de Freddie e seu abatimento e magreza extrema já não permitia dizer que tudo estava normal, mas ele seguiu o ritmo do trabalho com toda sua força e não foi necessária interrupção por conta de sua saúde debilitada. Sua atuação foi espetacular e até então não se havia notado o tom de despedida e reflexão presentes nas músicas daquele álbum, embora Bryan, Roger e John soubesse que em breve teriam que se despedir de seu amigo Freddie. Nos últimos clipes gravados, o vocalista usou maquiagem de alta cobertura para disfarçar sinais visíveis em seu rosto e sua perda de peso era chocante, como se pode perceber no clip de "These Are The Days Of Our Lives", que foi feito em preto e branco para suavizar a imagem de Freddie que era bastante diferente da que os fãs do Queen estavam acostumados a ver.
Nesta mesma época foram gravadas algumas músicas que integraram "Made In Heaven", oficialmente o último álbum do queen, lançado em 1995, após 4 anos da morte do vocalista.


O show tem que continuar

Quando seu estado de saúde se agravou, após um período de isolamento onde só saía de casa para consultas e tratamentos médicos, Freddie passou a se tratar em casa, colocando um catéter venoso por onde recebia medicação. Seus funcionários como assessor e cozinheiro tornaram-se também seus enfermeiros, cuidando para que ele tivesse todo o necessário. Deixando de lado qualquer desavença, Mary Austin e Jim Hutton permaneceram a seu lado todo o tempo.
Em novembro de 1991 ele decidiu parar com a medicação que o mantinha vivo, afirmando querer reassumir o controle sobre o prórpio corpo mesmo sabendo que isso o levaria à morte.

 

"Ele sabia que a morte estava vindo, essa é a questão. Duas semanas antes do fim, ele decidiu que não queria mais as drogas que o mantinham vivo. A partir daí, ele sentiu que estava no controle, embora a doença o estivesse matando.
Peter Freestone, assistente de Freddie Mercury - Fonte UOL





Em 23 de novembro de 1991, decidiu que precisava contar ao mundo o que estava acontecendo com ele. Não queria que as pessoas pensassem que sua doença era uma vergonha para ele e pretendia promover uma concientização sobre a doença, de forma que não faria mais sentido mantê-la em segredo. Não queria também que seu segredo fosse revelado com descoberta de terceiros. Emitiu então um comunicado à imprensa no mesmo dia :


 

"Eu quero confirmar que testei positivo para o vírus HIV e que tenho Aids. Eu guardei essa informação até agora para proteger a privacidade das pessoas à minha volta. No entanto, chegou a hora de meus amigos e fãs ao redor do mundo saberem a verdade. E eu espero que todos se juntem a mim, meus médicos e ao mundo todo na luta contra esta terrível doença."
Comunicado oficial de Freddie Mercury em 23 de novembro de 1991. Fonte: UOL


Um dia depois, em 24 de novembro de 1991, Freddie Mercury faleceu em sua casa, aos 45 anos, vítima de uma broncopneumonia em consequência da AIDS. Seu corpo foi cremado e suas cinzas foram entregues à Mary Austin, que as depositou em um local até hoje conhecido somente por ela. Freddie não queria que sua sepultura fosse local de peregrinação de fãs e curiosos.

A dor da perda e o legado

Imediatamente após a notícia da morte de Freddie Mercury, uma multidão se reuniu em frente à sua residência em Kensington. Ao redor do mundo, a notícia era repetidamente exibida nas TV´s e veiculada em jornais e revistas e as músicas do Queen dominavam as rádios. As vendas de discos dispararam.
O fato de ter assumido publicamente ter contraído o vírus HIV contribuiu globalmente para a luta contra a estigmatização e o preconceito contra os portadores do vírus e para a busca de novos tratamentos, inclusive com a criação da "The Mercury Phoenix Trust", em 1992, fundação com intuito de combater a AIDS em todo o mundo, que foi financiada pelo evento "The Freddie Mercury Tribute Concert", sendo controlada até os dias de hoje por Bryan May, Mary Austin e Roger Taylor.



O legado musical de Freddie não se perdeu no tempo. Hoje, 30 anos após a sua morte, o cantor permanece vivo para milhões de fãs ao redor do mundo, muitos sequer eram nascidos na época de sua morte. Herdaram dos pais ou até avós o gosto pela voz potente, atrevida e extremamente afinada do vocalista do Queen e de sua personalidade ao mesmo tempo tímida e extravagante.
Lúcia Santos, 40 anos, fã do Queen, tinha dez anos quando Freddie se foi e declara seu amor ao artista:

 

"Eu me lembro da morte dele como um acontecimento marcante, mas como eu era muito nova e naquela época com dez anos eu era muito criança, não entendia muito bem o que aquela perda significava. Dois anos depois, conheci através da minha mãe o álbum "Barcelona" e me encantei. Com o passar dos anos fui conhecendo a obra do Freddie e por gostar do que ouvia, busquei conhecer mais dele. Já não era possível vê-lo em vida mas há muito material sobre ele. E então fui me apaixonando pela pessoa dele. Pelas idéias, pela fragilidade que vejo por trás de toda aquela extravagância. E musicalmente, não há o que dizer, é um dos maiores cantores de todos os tempos, sem dúvida. tenho certeza que as próximas gerações vão conhecer e curtir Freddie Mercury. É uma lenda !"

O Queen já vendeu mais de 300 milhões de discos, a maioria após a morte de Freddie Mercury. O canal oficial da banda no Youtube tem 15,2 milhões de inscritos e há milhões de fãs espalhados pelo mundo. A história de Freddie já foi relatada em diversos livros e mais recentemente no filme "Bohemian Rapsody", vencedor de 4 categorias no Oscar 2019, inclusive o de melhor ator para Rami Malek, que interpretou o cantor nas telas do cinema.Para fãs de todas as idades, o mito Freddie Mercury permanece vivo, preservado em um tempo em que, felizmente a tecnologia nos permite acessar. Desfrutemos!
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