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13/02/2022 às 18h33min - Atualizada em 13/02/2022 às 18h13min

A fome não espera

Pessoas são esquecidas por um modelo econômico e uma sociedade que as enxergam apenas como números

Rayanne Carla de Melo Silva - Editado por Andrieli Torres
Getty imagens

E lá vamos nós com mais uma das minhas crônicas, com temas importantes ou com alguma futilidade cujo incômodo precisa ser externalizado nas escritas da vida. Desta vez é um caso um tanto complicado, entretanto deixa-me extremamente inquieta: a fome.

 

Era um domingo normal como qualquer outro na minha humilde residência, após um almoço em família, uma senhora bateu na nossa porta. A priori quem a atendeu foi a minha mãe, logo após se retirar até a cozinha retornou com um prato de comida e  entregou-lhe. Cronista é um ser muito curioso com o ser ao seu redor ou com causos interessantes, não demorou muito para ir de encontro da senhora, para minha surpresa, não era uma e sim três mulheres em uma situação.

 

Sentadas na calçada, me aproximei delas e comecei a conversar. Em 26 anos muito bem vividos sempre me perguntei o porquê das injustiças sociais existirem. Ver pessoas passando necessidades sempre foi algo que me deixa encabulada, não somente encabulada como também perguntando como não pensamos em medidas sociais mais efetivas para erradicar a fome. A fome, uma senhora magra de estado cadavérico sem sinais de esperança para saciar a vontade de está vivo no outro dia.

 

Bernardete, Lúcia e Fátima são retratos de um desgoverno liberal, onde os anos de campanha foram jogados ao léu, são mulheres campesinas, esquecidas por um modelo econômico e uma sociedade que as enxergam como apenas um número e não como pessoas, com histórias de luta e sonhos se quer perguntados.

 

Bernadete talvez seja uma das figuras mais interessantes neste breve bate-papo. Ambas saíram de Sapé, município da zona da mata da Paraíba. A senhora miúda e de um semblante agradecido por aquele gesto de carinho conta-me o motivo de sua vinda para a capital, ela veio ver a filha que trabalha na parte nobre da cidade, esta sendo mãe solo e seu marido falecido. A avó cuida dos netos enquanto a filha trabalha para trazer o sustento de casa. Como também uma tragédia assolou a sua vida quando seu filho fora morto. Assim muitas Bernadetes vivem. Naquele momento senti o impacto do meu lugar enquanto cidadã e como humana, despeço delas desejando uma boa volta e com vontade de ajudá-las ainda mais. 

 

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