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04/04/2022 às 14h54min - Atualizada em 04/04/2022 às 11h22min

Resenha do filme Red: Crescer é uma Fera

Novo filme da Pixar, Red: Crescer é uma Fera, explora as dificuldades da pré-adolescência, o relacionamento conturbado entre mãe e filha e a pressão que cerca a protagonista

Ana Faely Nobre - labdicasjornalismo.com
Mei-Mei transformada em Panda Vermelho e suas amigas de escola logo atrás. (Fonte: Disney Brasil/Reprodução)

A nova animação da Pixar, “Red: Crescer é uma Fera”, entrega uma história envolvente e emocionante. Disponibilizado no Disney+, o filme mostra a história de uma adolescente que está passando pelas transições da fase e tem que lidar de uma maneira muito expressiva com seus hormônios. Com direção de Domee Shi, o longa surpreende na abordagem de temas delicados, misturado a uma cenografia de extrema fofura.

O longa conta a história da personagem Meilin, uma pré-adolescente de 13 anos que começa a sentir as mudanças no seu corpo e na personalidade. Gostando de garotos e de boybands, e sempre compartilhando tudo com as amigas, a garota não consegue expressar seus gostos e suas vontades devido a rede de superproteção da mãe, Ming Lee.


Então, quando certa manhã Meilin (apelidada de Mei-Mei) acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseada num panda-vermelho monstruoso. O choque da pré-adolescente de se ver gigante e peluda, sem nenhuma explicação lógica aparente e perceber que a própria fofura ficou em segundo plano, fez que tudo o que Mei-Mei conseguisse enxergar fosse o quanto aquilo era “desastrado”, “esquisito” e “fedorento”.

Assim como mostra o trailer do filme abaixo: 


Trailer "Red - Crescer é uma Fera".  (Reprodução: Walt Disney Studios Br - Youtube Br).​

O principal contraste da história, envolve uma herança que a família possui. A família de Mei-Mei, de origem chinesa, administra um templo ao Panda Vermelho. Entretanto, isso não é em vão. Com a devoção no templo, em determinado momento da vida todas as mulheres da família desenvolvem tal animal quando suas emoções são afloradas. Quando isso acontece com Meilin, sua vida metódica e completamente controlada (pela mãe, majoritariamente) vira de cabeça para baixo e traz ao telespectador grandes lições.

Talvez seja esse um dos principais pontos que instigam tanto o público ao assistir ao filme. O que a princípio parece um simples desenho fofo e animado, na verdade é uma crítica profunda ao comportamento humano. Em um primeiro instante, é notável o quanto Mei-Mei se doa ao máximo para corresponder as altas expectativas de sua mãe e ao mesmo tempo tenta agradar todos ao seu redor, como as próprias melhores amigas. É cansativo acompanhar, mesmo que a garota demonstre total empolgação e felicidade com sua rotina.



Exemplo da grande pressão que a protagonista sofre de todos os lados é em uma das cenas do filme quando Meilin está preocupada com suas notas pois “já está no oitavo ano”. É assustador compreender o peso desta frase para uma pré-adolescente. Ela só tem 13 anos!

Além de se remeter a produtividade tóxica, é possível enxergar que a jovem vai se perdendo no processo de autoconhecimento da idade, no entanto, o Panda Vermelho que muitas vezes é dito como uma “maldição”, na verdade é a chave para um processo profundo do crescimento da adolescente. Uma analogia que pode ser subentendida, se refere ao fato de o Panda representar os primeiros hormônios da adolescência, as emoções afloradas, irritabilidade e tentativa de inserção na sociedade, mesmo com as constantes diferenças.

Esta perspectiva é até dita no filme, quando a princípio a mãe acha que a filha menstruou pela primeira vez. Tais assuntos delicados, são abordados na animação de maneira leve, fluída e sem constrangimento. Isso se torna um ponto alto da produção, que trouxe para os telespectadores o fim de pré-julgamentos quanto a esse tipo de assunto.

A história da animação é bastante representativa e não há como negar que isso se deve à equipe formada somente por mulheres. O grupo de profissionais comprova, sem nenhuma dúvida, que as mulheres são as pessoas mais capazes de explorar a vivência uma da outra e seus mecanismos de defesa impostos a elas desde o nascimento.

Ao analisar profundamente a imagem do Panda Vermelho e a sua metáfora, pode-se estabelecer uma série de relações curiosas e envolventes. Ele pode significar além da tradição da família, mas expressa a afloração dos sentimentos adolescente, isso é claro nas situações em que ele “aparece” e também pode se referir a uma personalidade de “fera” que as pessoas passam ao amadurecerem. A lição dentro de tal questão é emocionante, uma vez que através da figura do paterna de Mei-Mei, o filme mostra que não devemos esconder quem nós somos e sim lidar com nossas características, mesmo que elas sejam singulares.



 

As expressões adolescentes são bem expostas e isso se dá principalmente por características como uma Boy Band (com referências aos Backstreet Boys e ao grupo de kpop BTS) e todas as emoções da idade, fanatismo, irritabilidade, amizade e conflitos internos. A trilha sonora também contribui para tal estética, dando ao filme uma junção especial e envolvente, somado aos efeitos que garantem tal sensação.

Portanto, “Red: Crescer é uma Fera” é um show de emoções, trazendo ao público um enredo reflexivo, intenso que te leva a amar cada personagem. Desenvolvendo temas como crescimento, autoconhecimento, superproteção familiar, produtividade tóxica e aceitação, a animação é uma das melhores desenvolvidas pela 
Pixar e se destaca em meio a um catálogo diverso da plataforma Disney+.

 


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