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10/07/2019 às 14h28min - Atualizada em 10/07/2019 às 14h28min

Agredida em jogo de futsal, árbitra Eliete Fontenele ainda espera por justiça

Depois de aplicar cartões vermelhos em um jogo, Eliete sofreu socos e empurrões

Lúcia Oliveira - Editado por Paulo Octávio
Fernando Cardoso/TV Clube

O dia 3 de junho parecia ser normal na vida de Eliete Maria Fontenele. Ela estava escalada para ser a segunda árbitra de algumas partidas do Campeonato de Futsal da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) -- no campus Ministro Rei Veloso, em Parnaíba, litoral do Piauí. Mas em um daqueles jogos aconteceu algo que ela não tinha sofrido em 20 anos de profissao, 42 de vida. 

"Estava trabalhando, ganhando o meu pão de cada dia. Quero respeito" disse Eliete, em entrevista à TV Clube, de Parnaíba, afiliada da Globo 

Durante uma partida da competição, dois jogadores se desentenderam após um deles cometer uma entrada muito violenta no outro. Os ânimos se exaltaram, e os dois atletas iniciaram uma  briga. Outros competidores tentaram intervir, e por fim os rapazes foram separados. Fontenele, diante da situação, apresentou cartão vermelho direto para os dois envolvidos no tumulto. Ao ver que seu companheiro de equipe havia sido expulso,  Rodrigo Quixaba se descontrolou e agrediu Eliete com socos e empurrões. Tudo foi registrado em vídeo por uma pessoa que assistia ao jogo.

“Quando a situação acalmou, lógico que fiz o meu papel como árbitra. Fui ao banco de reservas de um time, dei o vermelho, normal. No momento da expulsão, o Rodrigo bateu na minha mão e dei o vermelho porque se não iria perder a autoridade. No primeiro [soco], desviou. Ele deu o segundo, o terceiro. Foram fortes, caí no chão e só me vi sangrando”. contou Eliete. 

Kairo Amaral/TV Clube

Kairo Amaral/TV Clube

Imediatamente, Eliete foi à Central de Flagrantes de Parnaíba, registrou um boletim de ocorrência e realizou o exame de corpo de delito, este que acusou “lesões corporais leves”. Depois de identificado, o estudante da UFDPar virou alvo da polícia militar após o ocorrido. Quando encontrado, três dias depois, ele prestou depoimento e afirmou que não teve a intenção de cometer as agressões contra a árbitra, e que isso não havia acontecido pelo fato dela ser mulher. 

Na semana passada -- um mês após o fato -- ocorreu uma audiência de conciliação, mas não houve acordo entre as partes. Devido a isso, Eliete e sua advogada  pedirão na justiça indenização por danos morais. Para a defensora da árbitra, Taise Cristine, o caso pode enquadrar-se como violência de gênero. 

"Eu defendo a tese de violência de gênero pelo fato dela ser mulher, de representar uma minoria. Com certeza o agressor se encorajou desse fato. Agredida da forma como a Eliete foi, a socos, ele se valeu da posição masculina para cometer essa covardia com ela", afirmou a advogada em entrevista ao G1 de Piauí

No último dia 4, a UFDPar abriu um processo administrativo para averiguar a situação do agressor em relação à universidade, pois ainda não se sabe se ele será suspenso ou expulso da instituição, uma vez que o regulamento ainda está sendo consultado. Essa decisão deverá ser tomada nos próximos dias, após um parecer da reitoria.

Veja imagens da agressões postadas pelo canal Sistema O Dia

 



 


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