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09/03/2023 às 00h47min - Atualizada em 08/03/2023 às 15h44min

Resenha | Na palma da mão

Um filme sobre como nossos celulares podem nos matar.

Gabriela Auzier - Revidado por Carolina Nunes
Poster do filme 'Na palma da mão', novo suspense da Netflix. (Foto: Reprodução/Netflix)

'Unlocked' ou 'Na palma da mão’ é o novo filme de suspense sul-coreano da Netflix, lançado no dia 17 de fevereiro de 2023. O thriller, dirigido pelo estreante Kim Tae-joon, é baseado em um livro japonês de mesmo nome de Akira Teshigawara. Capaz de desbloquear novos medos, a obra traz uma reflexão sobre os perigos da dependência da tecnologia. A história segue Lee Nami (Chun Woo-hee), uma jovem que acaba perdendo o celular enquanto voltava bêbada para casa. Para o azar dela, o celular é encontrado por um assassino em série chamado Jun-yeong (Im Si-wan). Paralelamente, o detetive Ji-man (Kim Hee-won) investiga o caso do assassino tentando impedir outras mortes.



 

Trailer do filme 'Na palma da mão'. (Reprodução: Netflix -YouTube)
 

A premissa do filme é simples,  porém o foco nos celulares consegue chamar a atenção. A tecnologia dos celulares nos permite ter quase tudo 'na palma da mão', e com um clique é possível acessar um mundo de possibilidades. Porém, existe um lado negativo na internet. Ter acesso facilitado a qualquer coisa através dela pode ser perigoso pois nos deixa dependentes e vulneráveis a ela. O filme é uma demonstração de tudo que pode dar errado com a tecnologia.


Imagem promocional do filme 'Na palma da mão'. (Foto: Reprodução/Netflix)

Imagem promocional do filme 'Na palma da mão'. (Foto: Reprodução/Netflix)

 

Thriller em que o assassino usa celular perdido para se infiltrar na vida da vítima 

 

A história começa acompanhando um dia na vida de Na-mi pelo ponto de vista de seu telefone. Nós a seguimos através de sua rede social e acompanhamos tudo que ela faz no celular. No dia seguinte, quando acorda, ela percebe que o celular sumiu. Sabemos onde está, porque a câmera estava com ela no chão do ônibus quando ela desceu e um par de sapatos altamente suspeito se arrastou ao lado dela. Esses sapatos pertencem a Jun-yeong, que achou o celular. Ele tenta desbloquear o aparelho com dados das redes sociais de Na-mi mas não consegue. Quando ela usa o telefone de uma amiga para ligar para o seu, Jun-yeong atende usando um aplicativo de voz falsa fingindo ser uma mulher, dizendo que deixaria o celular em uma loja de reparos.

 

Quando Na-mi vai à loja, Jun-yeong a convence a desbloquear o celular para consertá-lo e, sem que ela saiba, instala um dispositivo espião em seu celular. A partir disso, ele começa a espiar ela pela câmera do celular e monitora tudo que ela acessa no aparelho, desde redes sociais, conversas com amigos, e contas bancárias. Enquanto isso, corpos são encontrados na floresta e o detetive Ji-man começa a desconfiar do filho com quem ele não tem contato há anos. O filho em questão é Jun-yeong, que aos poucos, usa as informações do celular de Na-mi para se infiltrar e destruir sua vida.


Im Si-wan como o assassino Jun-yeong em cena de 'Na palma da mão'. (Foto: Reprodução/IMDb)

Im Si-wan como o assassino Jun-yeong em cena de 'Na palma da mão'. (Foto: Reprodução/IMDb)

 

A ideia de que alguém esteja vigiando seu celular, olhando suas redes sociais, contatos, histórico de pesquisa e tudo que você precisa na sua vida, é assustadora. Faz com que nós nos identifiquemos com a Na-mi, por ser algo que poderia acontecer com qualquer um, despertando a paranoia que sentimos por ter tantos dados pessoais no celular. Apesar disso, o filme peca na execução do suspense. Há uma tensão mais intensa perto do final, mas durante todo o caminho da história é um pouco previsível. 

 

Os personagens foram pouco explorados e isso deixou alguns furos no enredo. A relação de Na-mi com o pai e a melhor amiga não foi muito explorada, sendo usada só para dar andamento a narrativa. A relacao de entre Ji-man e Jun-yeong também não foi explorada para além do busca do detetive de impedir o filho de cometer outro assassinato, quando poderia ter sido explorada para explorar as motivacoes dele. O maior furo,além de Jun-yeong não ter exatamente um motivo,  é o fato de que ele não tenta não deixar evidências, sem esconder o rosto ou se preocupar com impressões digitais nas cenas dos crimes. Sendo assim, não há motivo para ele não ter sido pego além de uma incompetência policial.


Imagem promocional do filme 'Na Palma da mão'. (Foto: Reprodução/IMDb)

Imagem promocional do filme 'Na Palma da mão'. (Foto: Reprodução/IMDb)

 

Apesar dos problemas do roteiro, o elenco entregou um ótimo trabalho na atuação. Chun Woo-hee, conhecida pelo seu trabalho em O lamento, entregou o lado intenso de Na-mi sem esforço. Im Si-wan, conhecido no mundo dos doramas, é ótimo como vilão, sendo muito convincente retratando o assassino em série. O desempenho de Kim Hee-won como pai do assassino também é ótimo e é uma pena que essa dinâmica não tenha sido mais explorada.

'Na palma da mão' não é um exemplo de suspense de qualidade, tentou não ser previsível mas todos os furos levaram a isso. A ideia tinha muito potencial, mas o foco nos celulares acabou fazendo com que os personagens não fossem bem desenvolvidos. Apesar disso, traz uma boa reflexão sobre a tecnologia, fazendo um lembrete dos perigos de ser tão dependente dela. Se puder ignorar o óbvio, o filme ainda pode ser uma boa escolha para quem quer se entreter sem pensar muito.


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