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26/03/2023 às 09h00min - Atualizada em 25/03/2023 às 20h13min

"Num sei, só sei que foi assim"

Fãs poderão matar a saudade de Chicó e companhia na sequência de O Auto da Compadecida prevista para o ano de 2024.

Ana Paula Alves Canuto - Revisado por Flavia Sousa
(Foto: Reprodução/ Divulgação Instagram)

Quem não se pegou rindo, refletindo, e até mesmo torcendo para um final feliz que envolvia toda a malandragem e persuasão dos bons e velhos amigos Chicó e João Grilo? Para quem desejava que não passasse de boatos, já pode comemorar, foi anunciado pelos atores do 1º filme em suas redes sociais que a continuação da grande obra do escritor paraibano Ariano Suassuna, vem aí. 

Escrita para os palcos teatrais em 1955, o enredo tinha como base, a vida nordestina e todos os percalços que embala a rotina de quem convive no grande sertão, adaptada para a televisão em formato de minissérie pela Rede Globo no ano de 1999, a história passou a atingir um público mais amplo e com tal grande sucesso ganhou as telas do cinema no ano seguinte.

O filme do ano 2000 dirigido por Guel Arraes, traz no elenco grandes nomes como Selton Mello, Matheus Nachtergaele, Lima Duarte, Fernanda Montenegro e Marco Nanini. Apesar de ter o mesmo nome que a obra escrita, ele traz referência a outra obra do escritor, “O Santo e a Porca”. Recebeu também pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro do Ministério da Cultura, as premiações de melhor diretor, roteirista, melhor lançamento e ator, sendo o filme de maior bilheteria da época.




Resumo

Dois pobres companheiros que viviam no pequeno vilarejo da cidade de Taperoá na Paraíba, e conseguem emprego na padaria de Eurico e sua infiel esposa Dora, que tratavam melhor os cachorros dos que os próprios funcionários, ah...E por falar em cachorro, até mesmo em testamento a cadelinha do casal foi parar, em seguida temos o questionamento da boa índole dos sacristãos, que a princípio não concordam em fazer o enterro da cachorrinha, mas quando uma promessa em receber um dinheiro pelo velório, tudo muda, tem também a invasão dos cangaceiros à cidadezinha , a grande paixão de Chicó pela filha do temido Major Antônio Moraes, Rosinha e o julgamento na hora da punição divina.

Sobre o autor


O oitavo dos noves filhos de João Urbano Pessoa de Vasconcelos e Rita de Cássia Dantas Villar e de tantas formações podemos definir esse grande artista, Ariano Vilar Suassuna  como um intelectual, escritor, dramaturgo, romancista, poeta, artista plástico e professor. Nascido em João Pessoa no ano de 1927, sempre foi um defensor da cultura nordestina, tendo esse  ponto muito presente em suas obras, Suassuna pode se dizer, rompeu fronteira regionais e caiu no gosto do povo brasileiro,  não à toa foi indicado para representar em 2012 o Brasil na disputa pelo Prêmio Nobel de Literatura.

Ingressou na faculdade de Direito e dividia os estudos das leis com suas primeiras peças de teatro. Pouco permaneceu na advocacia, sua alma apontava mais para o lado da arte, tornando-se em 1957, professor dos Departamentos de História e de Teoria da Arte e Expressão Artística da Universidade Federal do Pernambuco, cargo qual permaneceu durante 31 anos.

A arte corria fortemente em seu sangue que por muitas vezes ele gostava de reafirmar "Arte para mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte para mim é missão, vocação e festa", fazendo com que fosse intensa e importante sua trajetória pela literatura brasileira.




Análise do filme 

Para mim, o filme é senão, o meu favorito quando se trata de cinema brasileiro, tendo o sangue nordestino correndo em minhas veias, me sinto feliz quanto à representação que Ariano expõe em suas obra, passando delicadamente do humor, ao pensamento critíco e social, fazendo com que possamos refletir em relação as situações vividas por cada personagem, trazendo o questionamento das índoles quando estamos diante do dinheiro, como foi no caso da cachorrinha, em que os sacerdotes apenas quiseram realizar o enterro após se ver diante da notícia de poderem receber um valor por trás. 

Podemos também observar o uso da exploração de força e poder, no caso do Major Antônio Moraes, o homem mais rico da cidade que usa desse adjetivo para mandar em quem ele acha que pode, e também do casal Eurico e Dora que exploram seus funcionários sem lhes dar um mínimo de conforto e dignidade, mas a experteza de Chicó e João Grilo não os deixam cair nessas situações, e por falar em não deixar, eles usam e abusam dos seus jeitos de escaparam das confusões em que eles se encontram e na história, são que não falta.






De qualquer modo, seja do teatro ao cinema, essa magnífica obra de Ariano ganhou um cantinho especial nos corações de todos os amantes da arte e cultura, em especial a brasileira, fazendo com que anos depois de sua estreia o filme ainda esteja em nossos imaginários e nos faça sentir orgulho da nossa produção artística e principalmente cinematográfica.
E você aí também está ansioso para apreciar a sequência dessa aventura? Vamos aguardar, pois agora já é realidade.

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