Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
26/02/2024 às 15h20min - Atualizada em 23/02/2024 às 14h25min

Opinião: Violência se combate com a lei e não com nota de repúdio

Artigos frios não resolvem o problema da violência no futebol; até agora, ninguém foi preso pelo atentado ao ônibus do Fortaleza e casos violentos seguem pelo Brasil

Luís Carlos Silva - labdicasjornalismo.com
Delegação do Fortaleza retorna a Capital após ataque ao ônibus. Thiago Gadelha/SVM

O ônibus com a delegação do Fortaleza, em retorno à capital após a partida contra o Sport, ocorrida na última quarta-feira (21), sofreu um ataque covarde com pedras e bombas. Em palavras mais duras, houve uma tentativa de homicídio e os responsáveis são os de sempre: vândalos travestidos de torcedores e supostamente legitimados pelo problema da impunidade.  

 

As cenas são lamentáveis. Além disso, o balanço é de cinco atletas do Tricolor do Pici feridos (Dudu, Escobar, João Ricardo, Titi e Lucas Sasha) em fase de tratamento, um elenco psicologicamente abalado e totalmente comprometido em parar as atividades até que os culpados sejam identificados e punidos. 

 

Contudo, apesar da tragédia causar surpresa, a história nos confronta e atesta que este clima hostil se naturalizou no futebol pernambucano. Outros episódios parecidos como esse podem ser listados, bem como os ataques às delegações de Náutico e Sampaio Corrêa, em 2022, e os conflitos que antecederam o segundo jogo da final da Copa do Nordeste de 2023 entre Sport e Ceará. Em todos os casos, o mesmo antagonista, a organizada do Leão do Norte

 

No entanto, chama mais atenção o sentimento de impunidade. Em entrevista, o CEO do Leão do Pici, Marcelo Paz, afirmou que não acredita numa retaliação e que os casos de violência no futebol nacional só terão resolução quando ocorrer uma tragédia mais grave. E este é o grande problema. 

 

Diante de tantas atrocidades, as instituições e os órgãos responsáveis se limitaram às notas de repúdio e esqueceram de construir mecanismos efetivos para retirar os criminosos dos estádios e seus arredores. Enquanto isso, eles seguem cometendo uma série de delitos e tomando conta desse espaço que deveria ser, primordialmente, pacífico e amistoso. 

 

Nesse contexto, é imprescindível uma parceria entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o governo, os clubes, os patrocinadores e as entidades de segurança pública para a criação de campanhas de aversão à violência e de estratégias para identificar e aplicar aos delinquentes o rigor da lei. 

 

Porém, embora essa seja a nossa vontade, a realidade exibe o contrário. Já se passaram cinco dias do atentado e ninguém se encontra preso. E o Sport se reduziu ao simbolismo de realizar algumas menções de apoio ao Fortaleza, mas não rompeu definitivamente com os criminosos. É desanimador. 

 

Por fim, seria o mais prudente, em virtude da frequência dos atos violentos envolvendo a equipe pernambucana, a eliminação do Sport da Copa Nordeste 2024 e a abertura de um inquérito para investigar, reconhecer e condenar os culpados. O futebol brasileiro precisa de uma resposta rápida e que supere as notas frias. 


Ademais, após solicitação junto a CBF, o Tricolor conseguiu o adiamento das suas duas próximas partidas. A ideia é recuperar os atletas para retornar forte às competições deste primeiro semestre. O confronto com o Fluminense/PI, pela primeira fase da Copa do Brasil, passou de quinta-feira (29) para o próximo domingo (3), às 18h30, enquanto o duelo contra o Botafogo/PB, pela quinta rodada do Nordestão, saiu da terça-feira (5) para quarta-feira (6) às 19h.
 


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »