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13/08/2019 às 21h05min - Atualizada em 13/08/2019 às 21h05min

Entrevista: as humoristas do Comédia das Patroas

As artistas contam sobre suas origens e a luta por espaço no Stand Up

Luiza Helena Ramos - Editado por Mário Cypriano
Michelle Ferrúcio, Alexandra Dias e Fabiana Dias - Imagem: Luiza Helena Ramos
O espetáculo Comédia das Patroas é um Stand Up Comedy formado por mulheres. Com textos que abordam temas sobre o cotidiano, a sexualidade e a maternidade, as artistas buscam abrir espaço para o gênero feminino na área humorística do Rio de Janeiro. Em uma entrevista, as protagonistas Alexandra Dias, Michelle Ferrúcio e Fabiana Dias, nos contam como é o processo criativo e como os aspectos femininos se tornam pauta na montagem do espetáculo.
            
Quais foram suas referências humorísticas?  
MICHELLE FERRÚCIO: As minhas referências na comédia sempre foram os grandes artistas, principalmente Chico Anysio, Tom Cavalcante, Claudia Jimenez, Mhel Marrer, Jim Carrey, Mr. Bean, dentre outros. 
 
FABIANA DIAS: Chico Anysio. E no Stand Up Comedy, Mhel Marrer. 
 
ALEXANDRA DIAS: Desde pequena assisto muita coisa, como Os Trapalhões e Chaves. Minhas referências no humor são muitas. No Stand Up, Sarah Silverman, que é incrível. E no humor, em geral, Dercy Gonçalves. 
 
Como começaram no humor? 
MF: Uma das primeiras peças que fiz, profissionalmente, foi em uma comédia, há mais de vinte anos, na minha cidade no Ceará. Há cinco anos trabalho com o monólogo de uma comédia que escrevi: ‘Dani Night: Solteira, Procura’. Agora estou migrando para o Stand Up. 
 
FD: Comecei no humor junto com o teatro, em 2009. Sempre tive facilidade de fazer comédia. Todos os meus personagens sempre tiveram essa pegada. Em 2009, meu grupo de teatro montou um espetáculo misto, chamado Segura Dentadura, e foi quando comecei a arriscar. Em 2012, eu tive a oportunidade de participar de um concurso, promovido pelo Top Shop com a organização do Comédia Em Pé, e fui uma das finalistas do concurso e a única mulher a participar. 

Alexandra Dias optou por não responder.
 
Como surgiu a ideia de se reunirem? 
MF: A ideia de montar um grupo só com mulheres surgiu no ano passado (2018) quando eu, Fabiana e Alexandra - que já nos conhecíamos de trabalhos passados - nos reencontramos em um festival que participamos e conversamos sobre a ideia. Vínhamos amadurecendo a ideia desde então, pensando em mostrar ao público que existem comediantes boas no mercado. 
 
FD: Nós três fizemos um show juntas em São Paulo, só com mulheres, e percebemos a necessidade de isso acontecer também aqui no Rio. Desde então, começamos a pensar na possibilidade para fortalecer o cenário e inspirar outras mulheres a fazerem Stand Up. 
 
AD: Nós percebemos o quanto é necessário haver um humor sob o ponto de vista da mulher. O show que fazemos, embora o elenco seja feminino, não é somente para mulheres. Os homens super entendem também, conseguem ver por outra ótica o cotidiano, que é com o que costumamos fazer as piadas. 
 
Quais são seus objetivos futuros com a comédia? 
MF: Ter oportunidade de trabalho, levar diversão para o público e garantir prazer próprio quando o vejo se divertir. O objetivo profissional é de podermos nos sustentar com nosso trabalho, de sermos reconhecidas como profissionais que fazem humor e que são tão boas quanto os outros humoristas do mercado atual. 
 
FD: Aprimorar para uma melhora constante, conseguir cenário estabelecido no Rio de Janeiro, fazer com que as coisas melhorem em relação ao respeito à profissão e profissionalização do Stand Up no estado (RJ). 
 
AD: Meu objetivo com a comédia é melhorar a vida das pessoas como melhora a minha. Antes de ganhar dinheiro ou de ser famosa, eu tenho uma satisfação pessoal de estar fazendo uma coisa na qual acredito. Eu acredito na comédia pra curar as mazelas do mundo. 

Como lidam com a questão do machismo no humor?
MF: Lido de uma maneira muito bem humorada. Quando vejo que uma pessoa apresenta machismo na fala, tento levar de maneira bem humorada. Acho que o machismo está enraizado não só na cabeça dos homens, mas na cabeça das mulheres também. É uma coisa que temos de descontruir. 
 
FD: Já vivemos muitas situações constrangedoras por causa do machismo. A princípio, a gente tenta levar no tom de piada, mas incomoda bastante. Eu acho que  a Comédia das Patroas e todo esse movimento de comediantes mulheres estão acontecendo para isso acabar. 
 
AD: Ainda somos muito desacreditadas, tanto por colegas quanto pelo público. Foi criado o estereótipo de que a mulher para poder fazer comédia tem de ser a bonitona, burra, que fala meia dúzia de frases e que está ali só para ilustrar, como um vaso no ambiente. Um homem muitas vezes faz sucesso sendo meia boca. A mulher pra fazer sucesso precisa ser muito boa, tem de ser duas vezes melhor do que o cara, para ser reconhecida. É uma luta diária.

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