Canindé em 2017. Foto: Cristiano Fukuyama/Arquivo pessoal
2020 parecia ser o ano da Portuguesa. Além de ser o ano do centenário, que será comemorado nesta sexta (14), o clube passou a respirar estabilidade política após a eleição do presidente Antônio Carlos Castanheira e a sonhar com dias melhores. A campanha no Paulistão da série A2 era positiva. A virada sobre o Atibaia por 3 a 2, na décima rodada -- após estar perdendo por 2 a 0 -- parecia ser o sinal de um futuro acesso. Mas a pandemia de coronavírus atrapalhou os planos.
Com a quarentena e avanço da doença no interior paulista, houve a dúvida se o campeonato iria continuar ou se não haveria acesso caso a série A1 não tivesse rebaixamento. Mas depois de cinco meses a bola vai voltar a rolar no dia 19 de agosto.
Diferente dos seus rivais, a equipe se reforçou em todas as posições. A última aquisição foi do zagueiro Felipe Gregório. Mas há o temor que outras agremiações possam se inspirar no Mirassol (que perdeu 18 jogadores, mas eliminou o São Paulo) para superarem suas dificuldades e roubarem pontos importantes da Rubroverde.
Segundo pesquisa do site Netlusa, 59% dos torcedores acham que o ataque foi mais reforçado. E a Lusa precisa de gols para chegar a fase de mata-mata e quebrar a escrita de quatro temporadas de eliminações na primeira fase. Faltando três rodadas para o fim da primeira etapa, a Portuguesa está na oitava posição. Para confirmar a vaga precisa vencer Sertãozinho, Juventus e Red Bull Brasil e secar o São Bento, novo colocado. Se avançar deve pegar São Bernardo ou Taubaté na segunda fase e vai decidir até a final fora de casa.
Mas a Lusa não pensa apenas no acesso para série A1 e sim na Copa Paulista, que vai começar, e dá vaga na série D do Brasileirão. O torneio estadual é a chance da Rubroverde voltar a disputar o campeonato brasileiro depois de anos de três temporadas de ausência. Se conseguir a vaga na elite estadual ou na quarta divisão nacional, a Portuguesa vai começar a sua reconstrução e assim apagar a pior década de sua história tanto dentro como fora de campo.
Desde 2011 a agremiação teve cinco presidentes. Da Lupa caiu após escândalo da escalação do Heverton, que desencadeou com o rebaixamento para série B no tribunal. Seu sucessor, Ilídio Lico, não teve as contas aprovadas, passou a sofrer um processo de impeachment e renunciou. Jorge Manuel desistiu após ser ameaçado de morte quando Lusa quase caiu para A3. Alexandre Barros conseguiu permanecer por mais tempo, mas não conseguiu se reeleger após a Portuguesa ter sumido dos torneios nacionais e quase ter caído para série A3. E em uma eleição tumultuada, Castanheira agrediu um adversário político e depois conseguiu a vitoria. O novo presidente assume um time com dividas e defasado.
"Quando eu tomei a decisão [de me candidatar] me chamaram de louco, mas a gente ama isso aqui. Temos que esquecer as administrações anteriores e as máculas como o caso Héverton. É sacudir a poeira e dar a volta por cima", disse em entrevista para o jornal Agora.
Para sair da crise, a Portuguesa pretende ao menos controlar a sua dívida de ao menos 350 milhões de reais. Para isso, o time busca apoio de investidores. A cerveja Estrella Galícia anunciou patrocínio na véspera da centenário. Além disso, Castanheira pretende transformar o Canindé em uma arena.
"Venho trabalhando no projeto da Arena há três ou quatro anos. Foram dados os primeiros passos em 2015, quando fizemos o ajuste técnico. A Portuguesa era zona de ocupação mista e esse acerto já foi feito. Agora passamos para a parte de captação de investidores e interessados, mas tudo só vai poder andar após o acordo trabalhista. Acredito em 18 meses para [que haja] essa estruturação toda. Um projeto assim constitui receita e despesa. Não é vender o Canindé como muita gente fala. Vamos fazer uma sociedade com os interessados. Vai ajudar a modernizar o estádio e a criar outros meios de gerar receita", afirma Castanheira. O estádio correu risco de ser leiloado, mas nas quatro vezes não houve nenhum interessado.
Centenário é a chance de rememorar os momentos históricos da Portuguesa. Em 2011 a equipe fez a segunda melhor campanha da série B em um elenco que tinha o goleiro Weverton, que posteriormente ganhou a Olimpíada com a seleção brasileira. O clube ainda é tricampeão paulista e bi do torneio Rio São Paulo. Grandes jogadores vestiram a camisa rubroverde como Roberto Dinamite, Djalma Santos, Zé Roberto e Denner.
A equipe já montou o esquema de comemoração para seu aniversário. A meia noite houve surpresa. Às 7h divulgação do vídeo Eu sou Portuguesa. Às 11h live especial do centenário, com quatro horas de duração, que será exibida no salão nobre do Canindé. Às 13h, drive thru com venda com camisas e produtos; o acesso será exclusivo para sócio-torcedores. E para encerrar, às 21h, exibição do filme Lusitanos, com história da agremiação, que também será mostrado no Facebook do NetLusa.
Vídeo especial do canal Última Divisão sobre bons momentos da Portuguesa
Canindé em 2017. Foto: Cristiano Fukuyama/Arquivo pessoal
