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10/05/2019 às 23h07min - Atualizada em 10/05/2019 às 23h07min

O que a falta de prazer no dia a dia pode significar

A anedonia está presente na vida de muitos brasileiros, que se caracteriza pela falta de capacidade de vontade em ter prazer nas coisas muito intensas.

Daiana Pereira
Reprodução
Dificuldade em terminar um livro, ter uma conversa presencialmente, relacionamentos e trabalho, são alguns exemplos de coisas que são afetadas pelo Anedonismo, que se caracteriza pela falta de vontade em ter prazer nas coisas muito intensas; é uma capacidade neurológica, muito mais que a falta de vontade, propriamente dita.
Essa condição não é muito conhecida no Brasil e em outros países, e isso ocorre, por conta de um preconceito em relação às doenças mentais. Problema que é combatido diariamente pela World Health Organization (WHO), que possui como meta até 2020, buscar soluções para os transtornos mentais que tanto afetam as pessoas no mundo, principalmente adolescentes. Esses transtornos afetam cerca de 20% de crianças e adolescentes no mundo todo, o que pode ser considerado grave, já que boa parte não sabe que está sofrendo com uma doença mental e não busca tratamentos. E a Anedonia é um dos sintomas mais presentes nas síndromes bem como na depressão.
A Anedonia existe! E a impaciência é um fator que desencadeia essa condição no indivíduo. Diante disso, a pessoa não consegue perpetuar o prazer nas atividades cotidianas e coisas que antes lhe dava prazer em algum momento da vida.
Segundo André Lippe, psiquiatra de uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), formado pela UNIFESP, “O prazer em fazer as coisas que gostamos vem de uma resposta neurológica, inclusive a partir da evolução da espécie” e que temos centros de prazer no cérebro, que são modelados pelo neurotransmissor chamado dopamina. O que nos faz ter menos ou mais prazer nas atividades é a capacidade do nosso cérebro em captar as informações externas e processá-las, o que produzirá certa quantidade de dopamina. Diante disso, o resultado é o prazer.
 
Mal do século
 
Assim como a depressão é o mal do século, sendo o motivo do Brasil estar sendo considerado o país mais deprimido da América Latina e afetar mais de 300 milhões de pessoas no mundo todo, outros fatores prejudicam e causam esses transtornos, a aceleração.
 
André diz que encontra muitos pacientes com o sintoma Anedonia, e atinge mais os adultos-jovens. Segundo ele, a partir dos 20 anos, a incidência de frustrações e distúrbios mentais são mais comuns. O que é observado pelo psiquiatra é algo que estamos habituados a fazer sem ao menos perceber, que é agir de forma automática e acelerada. Isso contribui para a diminuição do prazer que sentimos, gerando frustrações e crises existenciais.
 
“Eu acredito que as pessoas têm cada vez mais buscado o prazer imediato e superficial. Elas não têm mais paciência para se aprofundar em algum momento, alguma situação ou atividade, a ponto de conseguir saborear aquele momento e prestar atenção nos pequenos detalhes, e sentir prazer nesses pequenos detalhes, seja na leitura de um livro, seja olhar um pôr do sol, seja ouvir uma música ou o próprio trabalho.” – André Lippe
 
Como fugir do sintoma Anedonismo e doenças mentais
 
Como solução para esse problema, que afeta grande parte da população mundial, principalmente aqueles que vivem em grandes centros e tem a presença muito grande da tecnologia em seu dia a dia, são atividades simples, como mudança de hábitos.
 
André Lippe conta que, em casos leves e moderados em distúrbios mentais, simples ações podem ser a solução. Mudar o comportamento e a rotina podem ajudar, isso engloba ter um equilíbrio no sono, alimentação saudável e prática de atividades físicas. Ele ressalta que para doenças mentais, nem sempre é necessário o uso de medicamentos, música, arte e meditação podem ser boas saídas para quem sofre de Anedonismo. Porém, ao observar que há a presença de outros sintomas além da falta de prazer, como irritabilidade, problemas de concentração, sentimento de culpa por mais de duas semanas, o aconselhável é procurar um psicólogo ou psiquiatra.
 
 
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