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12/02/2021 às 16h36min - Atualizada em 12/02/2021 às 16h24min

Ciberativismo: ativismo na internet

Ciberativismo é um tipo de ativismo realizado por grupos politicamente motivados, que utilizam as redes cibernéticas para a realização, mobilização e propagação de ideias voltadas a causas políticas, culturais, sociais ou ambientais

Larissa Campos - Editado por Camilla Soares
Imagem: Mudassar Iqbal/Pixabay
Conhecemos como ativismo uma doutrina ou argumentação que prioriza a prática efetiva de transformação da realidade em oposição à atividade puramente teórica.

Essa prática, no entanto, não se restringe apenas ao meio físico. Com a difusão cada vez maior do uso das mídias digitais – agora também impulsionada pelo isolamento social devido a pandemia – o meio cibernético se tornou uma ferramenta efetiva de realização, mobilização e propagação de ideias voltadas a causas políticas, culturais, sociais ou ambientais. Essa nova modalidade voltada ao meio digital é nomeada de ciberativismo.

O ciberativismo surgiu praticamente junto à internet, em meados dos anos 80, quando usuários da PeaceNet usavam listas de e-mail e sites para a distribuição de informações sobre direitos e a conciliação de discussões internacionais. Outras práticas, como o caso Lótus e o movimento Zapatista também são conhecidos como pioneiros do ativismo digital.

De lá para cá, a modalidade vêm sendo cada vez mais usada por diferentes movimentos e reinvindicações devido a facilidade e praticidade de uso, na medida que qualquer um que possua internet pode se tornar participante de uma causa. Dessa forma, a internet possibilitou a passagem da mídia de massa (TV, rádio, imprensa e cinema), feita de um para todos, para formas mais autônomas e plurais de informação, na qual todos produzem para todos.

O movimento coletivo QuebraDev, criado com o objetivo de democratizar a informação na periferia, é um exemplo de como as mídias sociais podem contribuir para o crescimento de uma causa.

 
 
“Acreditamos que a facilidade de se ter conexões com pessoas alinhadas com o mesmo propósito contribui para mobilizar frentes de luta, seja com postagens em redes, seja com um protesto na rua ou guiando o pensamento para uma causa específica e tendo foco nos objetivos”, afirma o coletivo.

De acordo com Reginaldo Junior, integrante do movimento, devido às redes, muitos dos novos seguidores já chegam com um conhecimento prévio sobre o objetivo da causa, o que contribui com a mobilização em massa nas redes sociais, seja com marcações de perfis ou compartilhamento de conteúdos auxiliando que chegue a outros níveis de relações nas redes (amigos de amigos, etc).

“A internet é o meio, mas não o fim das organizações ativistas”

Apesar da internet ser uma grande aliada dos movimentos, o coletivo QuebraDev destaca que ela é um meio, mas não o fim. Utilizado como ferramenta, o ciberespeaço é um complemento para o ativismo, mas o meio físico é insubstituível. Em meio a pandemia, no entanto, a presença física se tornou ainda mais difícil.

 
 
“Sentimos falta da rua, das escolas, dos becos e vielas. Não é possível mobilizar e falar com todos os trabalhadores na bolha da internet. Muitos não veem esse espaço como um local seguro para consumir essas informações; o ‘cara a cara’ ainda é a melhor forma de mobilização. Contudo, devido ao cenário atual não é possível darmos continuidade a workshops, palestras e demais eventos físicos, dificultando o acesso a pessoas fora da nossa bolha social”, declara o QuebraDev.

No entanto, o coletivo comenta ter direcionado o esforço para o que é possível ser feito nas redes, e dessa forma conseguiram uma participação ativa com seus ouvintes e seguidores.

Nem só de coisas boas é feita a internet

A internet é uma via de mão dupla. Mesmo sendo um espaço onde muitos movimentos sociais utilizam para conseguir um impacto positivo, esse mesmo espaço é utilizado para a propagação de discursos de ódio e abusos contra os direitos humanos.

De acordo com a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet Brasil, em 2018 foi registrado um aumento de 109,95% no número de denúncias de crimes na internet em comparação com 2017. Somente em 2018, foram 133.732 queixas.

Entre as categorias de crimes mais denunciados estão pornografia infantil, com 60.002 denúncias; apologia e incitação à violência e crimes contra a vida, com 27.716 denúncias; e violência contra mulheres ou misoginia com 16.717 denúncias. Este último crime foi o que mais teve crescimento, somando 1.639,54% a mais em relação ao ano anterior.

Segundo a QuebraDev, a facilidade do uso da internet permite com que isso se torne uma realidade. Para o movimento, a luta contra isso vem a partir da organização daqueles que lutam contra e a efetividade de resposta. Sendo assim, o não compartilhamento de conteúdos impróprios, de discurso de ódio, fake News, entre outros, é o primeiro passo. “Mesmo com o objetivo de tentar demonizar esse tipo de conteúdo, ao compartilharmos tentando usar de uma análise crítica o efeito que temos é contrário: damos liberdade para que algoritmos destas redes apresentem a postagem para mais pessoas, contribuindo na propagação deste conteúdo”, completa.

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