A xenofobia contra asiáticos se intensificou com a pandemia da Covid- 19. Desde o primeiro caso de uma das variantes do coronavírus em Wuhan, na China, asiáticos sofrem xenofobia em redes sociais e nos centros urbanos, o que torna o convívio social deles complexo e desafiador.
Um recente ataque nesse sentido ocorreu em Atlanta, capital da Geórgia, o qual Robert Aaron Long assassinou oito pessoas em três casas de massagem, seis delas eram mulheres que possuíam ascendência asiática. Esse ataque levou pessoas a manifestarem apoio à comunidade asiática nas ruas de Nova York.
Diante dos ataques que os asiáticos sofrem diariamente, algumas instituições criaram estratégias para dar suporte à comunidade. No Brasil, o Instituto Sociocultural Brasil China (Ibrachina) criou o Observatório do Coronavírus que está em constante atualização das notícias sobre a pandemia, com o intuito de divulgar informações confiáveis e combater as fakes news. O instituto também criou uma central de denúncias para receber os relatos e encaminhá-las para as autoridades.
Desde o início da pandemia, as campanhas contra a xenofobia também acontecem na maior parte do mundo. Chenta Tsai Tseng iniciou uma campanha ao entrar em um desfile com “I am not a virus” (Eu não sou um vírus) escrito em seu corpo nas passarelas de Madrid. A ideia logo repercutiu e levou americanos e franceses a compartilharem as hashtag #ImAmNotAVirus e #JeNeSuisPasUnVirus, respectivamente.
No Brasil, a fundadora da Pula Muralha, empresa de educação em língua e cultura chinesa, Si Liao, e seu co-fundador, Lucas Brand, constataram aumento de comentários ofensivos e racistas e promoveram a hashtag #EuNãoSouUmVírus através de um vídeo no canal do Pula Muralha no Youtube, no qual ela afirma que “comentários preconceituosos não ajudam, mas atrapalham”.
O fato da China apresentar os primeiros casos da Covid-19 fez com que os asiáticos sofressem preconceito, mesmo que a origem do vírus ainda não seja conhecida. A xenofobia contra asiáticos, revelado pela pandemia que maximizou essas manifestações de ódio, não é um problema atual. O doutor em história pela UFRJ, mestre em sociologia pela UFS, Paulo Roberto Alves Teles, ratificou que a xenofobia contra asiáticos já existia nos Estados Unidos, que tiveram o século XIX marcado pela xenofobia contra asiáticos.
As manifestações de ódio se tornam cada vez mais recorrentes e incoerentes, mas a população asiática não deve ser culpada pela pandemia. O sociólogo e historiador Paulo Teles entende que podemos falar que o governo chinês foi negligente ao ignorar a gravidade da pandemia, mas não se pode culpar o povo, não se pode associar a uma comunidade inteira a responsabilidade por um problema que poderia ter sido minimizado se fosse tratado com a devida responsabilidade.