Nos primeiros meses de 2020, o Brasil foi surpreendido por um coronavírus invisível e desconhecido, cuja circulação foi registrada na China, em 2019. A origem é um mistério. Há quem defenda a tese de que esse vírus seja manipulado em laboratório para que a China prevaleça na economia mundial.
Trata-se, na verdade, de uma teoria da conspiração, pois o vírus tem uma estrutura central diferente e possui alta afinidade com as células receptoras do ser humano, do gato, do furão e outras espécies. Além disso, por meio da seleção natural, ele sofreu mutações para se adaptar a diversos ambientes.
Agora, nós temos certeza de que o coronavírus veio do morcego. É o que diz uma grande pesquisa da Universidade de Carolina do Norte, por meio do professor Daniel Janies do Centro de Pesquisa em Bioinformática, e do pesquisador de pós-doutorado, o brasileiro Denis Jacob Machado. Para isso, foi feita uma amostragem ampla e uma leitura dos genomas do coronavírus, com o auxílio de uma ferramenta específica. No entanto, devido à pandemia, as pesquisas anteriores incluíram poucas espécies e usaram dados insuficientes. Para a pesquisa atual, foram estudados mais de dois mil genomas de coronavírus. O vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, faz parte do gênero BetaCoV, ou Betacoronavirus.
Diante disso, precisamos nos preparar para novas epidemias e pandemias, seja da Covid-19 ou de outros vírus. Em entrevista à Folha de S. Paulo, a bióloga Emma Hodcroft, 34, reconhece que o Brasil tem condições de fazer sequenciamento de genomas, mas que lhe faltam insumos, pessoal capacitado e investimentos na pesquisa científica.
