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17/09/2021 às 13h13min - Atualizada em 17/09/2021 às 12h53min

“Elas” em The 100 e outras telas!

Assim como na série, é cada vez mais crescente o protagonismo feminino nas produções audiovisuais

Letícia Aguiar - Editado por Larissa Bispo
Reprodução/Ovelha
Mocinha, frágil, precisa ser protegida, é coadjuvante das narrativas que circulam os homens e quase nunca toma as decisões principais. Será que isso te lembra alguma coisa? Pois bem, se você pensar um pouco nas produções audiovisuais de época talvez encontre algum personagem feminino que se encaixe nessas descrições.

Essa representação feminina na área se fez presente durante a nossa história, passando a ser diferente ao decorrer do tempo. Desde o surgimento do cinema, em 1895, na França, a indústria era majoritariamente ocupada por homens, havendo para a mulher o restrito lugar em frente as telas. Porém, ainda nesses tempos, em 1896, elas já davam alguns passos tímidos no setor. À exemplo da francesa Alice Guy, que fez vários curtas. A partir da década de 30, já vemos florescer os ares de uma possível mudança, com Marlene Dietrich protagonizando um filme.

Dando um salto no espaço temporal, é possível observar um cenário diferente para o audiovisual. De acordo com uma pesquisa feita pelo Center for the Study of Women in Television and Film, da San Diego University, 45% das personagens dos seriados exibidos entre 2019 e 2020 em canais abertos, a cabo e plataformas digitais tiveram protagonismo feminino. O que diverge dos números de 2014 a 2015, nos quais a quantidade foi de 40%.

Assim, se antes cabia as mulheres esperar pelo príncipe encantado, hoje, é possível falar de Katniss Everdeen de Jogos Vorazes, das mulheres fortes e revolucionárias de Coisa Mais Linda, da destemida Moana e muitas outras “elas”, que passaram a ocupar o seu lugar como protagonistas. Além disso, nesse furor encabeçado por mulheres, podemos citar inciativas como o Bechdel Test, criado pela cartunista Alison Bechdel, para identificar se uma produção possui personagens femininas fortes e participativas, e que não servem apenas de suporte para personagens masculinos. Esse teste possui um selo oficial e o Brasil foi o primeiro país da América Latina a adota-lo.



Por trás das telas, elas também começaram a se fazer presentes. Segundo o cineasta Victor vanRalse, no país nós temos nomes femininos de destaque, como as diretoras Lais Bodanzky, Eliane Caffé e Fernanda Teixeira. Mais além, podemos encontrar o portal Mulheres Audiovisual e o prêmio Cabíria, que protagoniza roteiristas mulheres. Para o cineasta, nós avançamos muito, contudo ainda é preciso fazer mais. “O que temos ainda está longe do ideal, mas está crescendo, o motivo para isso é que passamos a nos mobilizar para inclusão e igualdade”, disse.

MULHERES DE THE 100

Em “The 100”, série desenvolvida por Jason Rothenberg e baseada no livro homônimo de Kass Morgan, as mulheres são a personificação da expressão “tiro, porrada e bomba”. Elas lutam, tomam decisões importantes, são fortes, inteligentes e totalmente corajosas.



Entre as muitas “elas” do seriado, temos Clarke Griffin (Eliza Taylor), que é a protagonista da série e está no centro da história. Longe de ser a típica heroína, Clarke é tão genuinamente humana, que toma várias decisões difíceis e, por vezes, incompreendidas, para proteger quem ama. Além disso, ela é um líder forte e vive com naturalidade a sua bissexualidade, passando distante de personagens LGBTQIA+ estereotipadas, principalmente quando se tratam de mulheres.

A mãe de Clarke, Abby Griffin (Paige Turco), também não deixa a desejar. Sempre preocupada com os seus, Abby é sábia, uma excelente médica e, assim como a filha, tem forte papel de liderança, tendo sido chanceler (líder) de seu povo quando eles chegaram na terra.

Outra personagem feminina de destaque é Octavia Blake (Marie Avgeropoulos). Corajosa, guerreira e dona de uma resistência implacável, Octavia, no decorrer da série, vira muito mais que a irmã de Bellamy Blake (Bob Morley). Ela se torna dona de si, uma exímia e brava guerreira, deixando no chinelo muitos personagens homens, sendo a primeira a ter uma conexão com os grounders (povo que já estava na terra antes da chegada dos 100).



Nesse time, outra mulher de destaque é, sem dúvida, Raven Reyes (Lindsey Morgan). Dotada de uma inteligência excepcional, Raven reforma, sozinha, uma nave espacial da arca e vai para a terra por conta própria. Com domínio de engenharia mecânica e química, ela é fundamental para a narrativa e não existe um problema que Raven Reyes não dê conta.

Completando o time, temos as grounders Lexa (Alycia Debnam-Carey) e Indra (Adina Porter). Lexa é comandante dos 12 clãs dos grounders. Inteligente, visionária e protetora do seu povo, ela é uma personagem marcante, apesar de ter morrido ao longo da narrativa. Fato que representou uma grande perda para trama. Lexa também é lésbica e vive um romance junto com Clarke. Sua partida foi uma das mais dolorosas.

Indra, semelhante à Lexa, é uma guerreira habilidosa e líder do exército da comandante. Completamente estrategista, está sempre disposta a uma boa batalha e a mostrar qual o seu lugar. Difícil é achar alguém páreo para Indra, que, com certeza, deixa muitos outros personagens comendo poeira.

Todas Elas, são um exemplo vívido de que nem só de mocinhas supérfluas se fazem as produções audiovisuais. Mesmo que as mulheres ainda não tenham ocupado por completo esse espaço, elas já estão, definitivamente, mais perto de um protagonismo constante!

 
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