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21/06/2019 às 19h05min - Atualizada em 21/06/2019 às 19h05min

NASA pretende investir em turismo na estação espacial

Entenda as consequências de viajar ao espaço com base em relatos do astronauta Scott Keller

Daiana Pereira - Editado por Thalia Oliveira
Fotografia: NASA
No Commercial Crew Development (Desenvolvimento de Tripulação Comercial), programa de desenvolvimento de tecnologia espacial administrado pela NASA, foi divulgado recentemente que a NASA pretende investir futuramente no turismo na Estação Espacial Internacional (ISS). O objetivo é levar astronautas que não sejam de agências espaciais para conhecer o espaço.

O programa de ida e volta nas cápsulas privadas custarão em torno de 58 milhões de dólares, mais o custo de hospedagem pernoite de 35 mil dólares por pessoa. O tempo máximo da viagem será de um mês e levará seis astronautas.

A ISS pesa mais de 450 toneladas e é maior que um campo de futebol. Ela possui 15 módulos, que são divididos em dois lados, um dos Estados Unidos e o outro da Rússia. Entretanto, os astronautas ficam dos dois lados, revezando em suas rotinas de consertos, limpezas, pesquisas e experimentos. O que demonstra que um astronauta deve saber tudo e como reagir em casos de emergência.

Porém, para quem acha que será uma viagem comum e tranquila, pode esquecer.

No documentário “Um ano no espaço”, Scott Keller, astronauta da NASA veterano em quatro missões espaciais, conta e mostra como foi ficar um período de um ano no espaço para a missão que busca estudar as mudanças que ocorrem no corpo humano durante longas estadias no espaço. O astronauta, ficando um ano na ISS mostrou como o ser humano deve se comportar e o que deve fazer para se manter saudável, além dos intensos treinamentos que devem ser feitos antes, durante e depois da viagem.

Primeiramente, é necessário realizar treinamentos extremos, que duram de dois a três anos. No documentário é mostrado Scott Keller realizando tarefas embaixo da água por longos períodos de tempo, assim, poderia se acostumar com a microgravidade (ausência de peso que se tem no espaço). Essas atividades são feitas no Laboratório de Flutuação Neutra da NASA, em Houston.

Para poder viajar também é imprescindível ter uma ótima saúde. Segundo Eduardo Janot, mestre em Astrofísica, de primeiro será excluído astronautas idosos, já que uma pessoa a bordo é como que “esmagada” contra sua poltrona pela força gerada no movimento e devido a isso, o indivíduo tem que estar muito preparado para aguentar. Cena que é demonstrada rapidamente no filme “Perdidos em Marte”.

Outro fator que afeta os astronautas no espaço é a mudança no próprio corpo humano. Scott Keller conta que longos períodos no espaço, causa a perda óssea e de massa muscular. O cérebro é afetado, aparelho vestibular é afetado, atenção, habilidades que exigem muita concentração muda quando passa longos períodos. A mudança óssea ocorre devido a ausência de gravidade, e segundo o astrofísico Eduardo Janot, os ossos se descalcificam e os músculos se atrofiam”. Por conta de todas essas mudanças, Eduardo explica que as pessoas, ao voltarem do vôo espacial, terão de passar por uma recuperação, até poderem viver normalmente de novo.”
 
Além das mudanças físicas, há também o fator psicológico. Eduardo Janot acredita que o astronauta pode não ter fortes traumas, mas que precisa de longos treinamentos. Pessoas mais frágeis psicologicamente, podem ter crises de depressão, solidão, ansiedade, medo etc... quando expostas ao espaço, sobretudo quando não estiverem em grupo”, conta Janot. Além disso, Scott Keller diz que depois de muito tempo há uma sensação de falta de liberdade.
 
“A gente pensa que a chegada e a volta da estação espacial são as partes mais difíceis, e realmente parecem que são, mas estatisticamente a parte mais perigosa é ficar no espaço”, Scott Keller.
 

Atualmente, depois do término do prazo de pesquisas feitas pelos astronautas, três tripulantes vão para a ISS e fazem a troca de astronautas. Esses já estão acostumados com as idas e voltas. Entretanto, o viajante iniciante poderá encontrar um certo desconforto na volta para a Terra.
 
No documentário é explicado que na entrada da órbita, a nave atinge a aceleração máxima e a tripulação sente a força da gravidade quatro ou cinco vezes maior que a da Terra. É como cair das cataratas do Niágara em um barril, quando seu corpo está em chamas, diz o astronauta Scott Keller.
 
Ou seja, viajar para o espaço será uma longa jornada de treinamento físico e emocional e que durará bem mais que um mês. Para você entender como são feitos os treinamentos e a vida de um astronauta, acompanhe o documentário “Um ano no espaço” e divirta-se.
 

“Pouco a pouco você deixa para trás todas as coisas que conhece da Terra. Pouco a pouco você deixa o mundo que conhece”, Jeffrey Kluger, co-author do filme “Apollo 13”.

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