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20/05/2021 às 23h38min - Atualizada em 20/05/2021 às 23h02min

Inflação: Um grande desafio para o Brasil

O problema da inflação já perturbou muito os brasileiros e agora promete voltar a perturbar. A pandemia trouxe esse fantasma e o país deverá encontrar formas de superá-lo novamente

Leonardo Leão - Editado por Ynara Mattos
Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

O Brasil está passando por um dos momentos mais difíceis de sua história. Se não bastasse o elevado número de mortos pela Covid-19, os brasileiros ainda têm que enfrentar uma grave crise política somada a uma forte desvalorização da moeda. A inflação monetária é outro problema que o país está enfrentando, ela causa aumento nos preços, principalmente dos produtos de consumo básico.

Para tentar amenizar os efeitos da crise causada pela pandemia, o Banco Central do Brasil (Bacen) estabeleceu estímulos monetários, diminuindo a taxa de juros Selic para 2% ao ano, a menor da história. Porém, com o passar do tempo, essas medidas causaram o aumento da dívida pública e do risco fiscal, além da desvalorização do real. A moeda brasileira foi a que mais se depreciou em relação ao dólar entre as 33 mais negociadas do planeta.

Outras consequências dessa decisão foram a fuga de parte dos investimentos estrangeiros e uma crescente inflação. O economista Hugo Passos destaca o aumento dos preços das commodities como a principal causa da atual inflação.
 

Ele conclui que “se não fosse por isso, estaríamos em um cenário de uma inflação mais controlada".

 
A previsão do mercado financeiro para a inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve o quinto aumento consecutivo, passando de 5,04% para 5,06%, já a projeção do Ministério da Economia é de 5,05%. Vale destacar que essas projeções estão se aproximando do valor máximo estipulado pelo Bacen, que é de 5,25% para 2021.

Hugo afirma que o futuro ainda é muito incerto, mas segundo suas projeções a inflação deverá fechar o ano em 5,23%. Já para os próximos anos, seus prognósticos apontam para uma inflação abaixo do teto de 3,5% no acumulado do ano, devido aos efeitos dos juros elevados em torno de 6% ao ano.

O aumento da inflação na economia gera além da desvalorização da moeda, uma diminuição nos investimentos, aumenta o desemprego e prejudica a qualidade de vida da população. Para Hugo Passos a consequência para os brasileiros é uma queda no poder aquisitivo, principalmente em um cenário de pandemia no qual os custos orçamentários das famílias aumentam, forçando-as a gastar mais.

A inflação não é um risco exclusivo do Brasil, muitos outros países estão sofrendo com este problema, inclusive os Estados Unidos. A recente queda do dólar diz mais sobre as atitudes do FED do que por méritos do Brasil. A inflação nos EUA é a mais alta desde 2008. Os investidores europeus também estão preocupados e vem agindo com mais cautela.

Em um possível aumento da taxa de juros americana, os investimentos estrangeiros no Brasil poderia diminuir. O Bacen aumentaria ainda mais a Selic para acompanhar o ritmo, tornando a dívida federal ainda mais cara. Isso por sua vez, causaria uma dominância fiscal, que ocorre quando a elevação dos juros da dívida gera um desequilíbrio fiscal.

Um remédio contra a inflação


 


Na busca por solucionar esse problema Hugo Passos diz que o Banco Central tem acompanhado de perto a inflação e vem tomando medidas como o aumento da taxa de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 3,5% ao ano. Mas o economista acredita que os efeitos só viram no médio a longo prazo


Esse aumento já era esperado pelo mercado, o Copom declarou que a intenção é combater a inflação nos alimentos e bens industriais. A expectativa do mercado financeiro é que a Selic alcance 5,5% no final do ano e 6,5% ao ano até 2024, segundo o boletim Focus publicado no dia 10 deste mês.

Uma alta na taxa básica de juros pode causar redução no consumo da população e uma diminuição no setor produtivo, impactando o emprego e a renda das pessoas. Os juros cobrados pelos bancos também aumentam, devido à alta da Selic, os riscos fiscais e pela previsão de alta da inadimplência. Por outro lado, ela também aumenta os rendimentos das aplicações financeiras no país, incentivando o ingresso de recursos na economia, diminuindo a valorização do dólar.

A dívida pública também é impactada pelo aumento da taxa básica de juros. Para se ter uma ideia, 54% da dívida a ser paga neste ano é corrigida pela Selic. Com os juros a 3,5% ao ano o custo da dívida aumentou R$ 29,9 bilhões. Se a taxa atingir 5,5% neste ano, geraria uma despesa adicional de R$110 bilhões com juros da dívida, caso mantivesse em 12 meses.

Como podemos ver, o remédio para evitar uma inflação pode ser amargo, mas não existem muitas opções. O Brasil necessita de reformas políticas econômicas efetivas e uma melhoria em seu plano de vacinação contra o coronavírus. Para dar um sinal ao mundo de que está se esforçando para mudar a situação atual.


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