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03/02/2022 às 20h07min - Atualizada em 03/02/2022 às 19h58min

Euphoria: paradoxo entre romantização das drogas e a real história de toxicodependência por trás da série

Com enredo repleto de temas delicados, diretor de Euphoria relata sua história com a dependência e se posiciona sobre quem deve assistir à série

Maria Eduarda Macedo da Rocha - Editado por Larissa Bispo
Créditos/reprodução: Google

Drogas, vícios, nudez e muito glitter são o que te espera em Euphoria, série original da HBO que segue em alta desde o seu lançamento, em 2019. A produção conta em seu elenco grandes nomes como Zendaya e Jacob Elordi, conhecido por seu papel como Noah em A Barraca do Beijo. Apesar de aclamada por telespectadores mundiais e indicada 6 vezes ao Emmy 2020, a série é considerada polêmica.

 

Baseada na minissérie israelense de mesmo nome, Euphoria é focada na vida de Rue, uma adolescente de 17 anos que sofre de diversos transtornos mentais, como bipolaridade e depressão, e em como ela vive com isso. A maior parte do tempo Rue está sob efeitos de drogas e com a tentativa da reabilitação fracassada, a sua vida só faz sentido quando ela está dissociada.

 

Apesar da minissérie existente, a série foi inicialmente inspirada na história do seu diretor, Sam Levinson, que hoje tem 37 anos, mas que sofreu com as drogas até conseguir ficar limpo, aos 19 anos. Em entrevista a revista The Hollywood Reporter, ele menciona: “Eu era um toxicodependente, tomava tudo até que deixasse de ouvir, respirar ou sentir".

 

Com isso, todo o roteiro da série foi voltado para a representação da realidade vivida por Levinson e por adolescentes nessa situação, fugindo da ideia de típicas séries americanas desse público. Dessa forma, bullying, drogas, transtornos mentais, sexualidade e problemas de identidade tornaram-se as principais abordagens da série, gerando críticas.

 

Em entrevista a outra revista, a Entertainment Weekly, Levinson diz que nada mais fez do que escrever sobre si mesmo, e ainda completa "Pode parecer que está ultrapassando os limites, e a ideia de ter isso na televisão pode-o ser, mas há pessoas que viveram isto”.

 

Contudo, o que preocupa os críticos com relação à série não é necessariamente essa representatividade, por mais explícita que seja, mas sim a errônea interpretação dos telespectadores jovens sobre as drogas e como o efeito delas é representado.

 

Em entrevista a Deadline, o diretor fotográfico Marcell Rév menciona que as escolhas do glitter e da púrpura, cor principal da série, não são realmente baseadas no realismo puro mas sim no "realismo emocional’’, que é voltado para as emoções dos personagens, e não como o mundo que os cerca realmente parece.

Todavia, é justamente essa característica que torna ambígua a interpretação. Mesmo que a representação seja das emoções da Rue em momentos de euforia da personagem, as cores e os glitters remetem aos telespectadores jovens a ideia de que quanto mais drogas você usar, mais "colorido" o seu mundo fica.

 

De acordo com dados do Centro de Referência Estadual em Álcool e Drogas (CREAD), a juventude é a fase onde se iniciam os maiores casos de dependência química. Dessa forma, é de extrema importância que haja junção entre conscientização dos pais com relação à faixa etária das séries que os filhos assistem e conversa sobre consumo de drogas.

 

Ademais, durante programação especial da HBO, Sam Levinson, diretor, e Zendaya, intérprete de Rue, dão suas opiniões sobre quem deve assistir à Euphoria:

 

"Eu espero que Euphoria crie um diálogo entre pais e filhos, eu não acho que a série seja destinada a menores de 17 anos, se você [adulto] for assistir à série e sente que seus filhos vão vê-la de qualquer jeito, eis uma boa brecha para iniciar um diálogo’’- Sam Levinson, diretor de Euphoria.


E Zendaya complementa: "Mas se seus pais quiserem conversar sobre os acontecimentos da série, é um bom sinal"

 

Finalmente, é notório que Euphoria, apesar das críticas acerca dos exageros, consegue representar de forma quase que fidedigna a realidade de muitos adolescentes que passam pela toxicodependência e conseguem ou não sair. No entanto, é necessário respeitar a faixa etária (+18) para assistir e manter-se informado dos riscos relacionados ao uso de entorpecentes.


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