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04/07/2022 às 11h30min - Atualizada em 04/07/2022 às 11h29min

Crônica: o esgotamento profissional existe, infelizmente

O perigo da Síndrome de Burnout é real e deve ser combatido.

Fernando Azevêdo - Editado por Larissa Bispo
Foto: Unsplash

Olá de novo! Pela terceira vez, venho aqui relatar algo. Algo que não é positivo, mas que precisa ser falado. Sou a Lara, mas agora tenho 28 anos. Continuo sendo consultora de marketing, e é o meu trabalho que me motiva a falar. 

 

Vivi a quarentena de forma "típica". Acordava, via o jornal tomando café, trabalhava, almoçava, trabalhava mais, jantava, dormia. Um ciclo ininterrupto. Sair durante este período não rolava, pois os casos de covid-19 despontavam num ritmo frenético. Opto sempre pela minha proteção, que acaba sendo uma proteção coletiva também. 

 

É. Como dizem, caí na rotina. Antes de tudo isso, praticava exercícios físicos antes de ir para o escritório, que fica a 10 minutos da minha casa. Mas, tudo mudou por conta da pandemia. Minha mesinha do café se tornou meu novo escritório. Fui ludibriada com a ideia de que produziria mais em casa. Trabalho em uma agência, na qual adquiri mais clientes. Ganhei um dinheiro a mais, o que nem chegou a fazer tanta diferença devido à alta dos preços. O que veio a mais na vida financeira foi descontado na minha saúde mental. É isto. 

 

Faz um mês desde que recebi o diagnóstico da profissional de saúde mental. Apresento sintomas da Síndrome de Burnout, o famigerado esgotamento profissional. Foi chocante. Foi assustador. Naquele conversa, atordoada, ouvi como tudo isso estava se desenvolvendo. 

 

Não foi "apenas" o trabalho adicional. Mudar tanto minha rotina de trabalho me prejudicou. Me sentia cada vez mais cansada, física e emocionalmente. Não sentia que entregava a produtividade que o mercado me exigia. Meu chefe começou a me cobrar, o que nunca antes havia acontecido. Quanto mais exausta estava, mais cobrada eu era.

 

A terapia era o único momento em frente à tela do computador que não me desgastava. Porém, nas sextas passadas, à noite, a psicóloga me ouvia falar sobre quão estressada eu ficava no meu ambiente laboral. Estressada na minha própria casa.

 

Todo o desgaste que as experiências de trabalho vinham me despertando culminou naquela conversa que tivemos no dia 3 de junho de 2022. Eu estava com uma série de sintomas adoecedores. A Síndrome de Burnout geralmente não vem isolada. Manifesta um sem número de sinais clínicos, a depender do caso. Assim me foi explicado. Minhas relações de trabalho sempre foram importantes para mim, e mexer nisso trouxe mais problemas do que eu estava percebendo. 

 

Enfim, entender tudo foi e está sendo relevante. O trabalho não deve, em hipótese alguma, superar a saúde mental das pessoas. Nada importa mais que estar bem.

 

Pensando nisso, reduzi o número de clientes com os quais contribuo. Não foi fácil. O chefe não implicou; não sei se por medo de que eu o processasse ou por entender que não sou uma máquina. De todo modo, encerrei os contratos quando o necessário já estava encaminhado.

 

Sigo minha carreira na consultoria de marketing, agora entendendo que meu sucesso se concretiza quando minha cabeça e meu corpo funcionam em harmonia. Implementei uma rotina de exercícios físicos ao meu dia a dia. A terapia está atualizada. Agora, com mais segurança, saio e me distraio de tudo. Uma vida jamais pode ser dedicada só ao trabalho. Foi complicado vir falar sobre isso, sabe? Mas, que fique o alerta: o perigo da Síndrome de Burnout é real e deve ser combatido.


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