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20/07/2019 às 13h46min - Atualizada em 20/07/2019 às 13h46min

Relatos de uma mente ansiosa

Crônica sobre os sentimentos, emoções, desejos e preocupações de quem sofre de Transtorno de Ansiedade

Fiamma Lira - Editado por Millena Brito
Fonte: Pixabay
É um belo dia ensolarado de uma manhã de sábado. Uma paisagem paradisíaca em um momento de completa harmonia. O ingrediente certo para o dia perfeito. Mas, infelizmente não é o que acontece com Rebeca. Preocupação excessiva, medo, tensão, fadiga, insônia, dores de cabeça, inquietação, falta de ar e taquicardia são alguns dos sintomas sentidos por ela.
 
Não aconteceu nada de grave nem de ruim na sua rotina. Rebeca tem tudo que uma mulher pode sonhar: uma família unida, um namorado maravilhoso que a ama intensamente, uma carreira sólida e bem-sucedida, estabilidade financeira e vive rodeada por amigos que a amam de verdade. Mas, tem um problema: ela sofre de um mal chamado Transtorno de Ansiedade.
 
A doença sempre a deixa com os nervos à flor da pele e  em um estado de tensão permanente. Rebeca é uma pessoa muito ativa, animada e forte. Mas viver tem sido uma luta sem trégua. É uma batalha diária que parece não ter fim. Por um lado, a vida é muito boa e generosa com a jovem arquiteta. Porém, no seu íntimo, ela sente muita angústia, melancolia, tristeza e dores em todo o corpo. São muitas feridas que a corroem por dentro. Por hora, pensa que não aguenta lidar com tamanho sofrimento.
 
Ao contrário da maioria das  pessoas, que ficam ansiosas apenas em ocasiões importantes, quem sofre dessa doença lida com tais sintomas a cada instante, todos os dias. Trabalhar e estudar se tornam um martírio do cotidiano. Rebeca perde a concentração rápido, o coração só falta sair pela boca, como se diz popularmente. Atividades prazerosas podem se transformar em algo maçante, monótono e sem graça.
 
Rebeca faz tratamento para o transtorno. Toma medicamentos receitados por sua psiquiatra e é acompanhada por seu psicólogo. Essa atenção especializada tem feito um grande bem na vida e nos hábitos dela. Apesar das dificuldades, a jovem não perde a alegria de viver.
 
Não existe coisa pior para um ansioso do que ouvir coisas do tipo: “Isso é frescura”; “está fazendo isso só para chamar atenção”; “Está cheia de mimimi”; “vai fazer alguma coisa que passa”; “você não deve se sentir assim”; “pare com isso”. Essas declarações só servem para ferir e machucar quem sofre desse mal, além de mostrar falta de respeito, de empatia e de sensibilidade com os sentimentos e as dores do outro. Além disso, essas palavras revelam como a falta de conhecimento de alguém sobre esse assunto pode se tornar um instrumento de ignorância para jorrar maldades e agressões.
 
A pessoa ansiosa não precisa de críticas e julgamentos. Pelo contrário, ela necessita de compreensão, cuidado, afeto, carinho, ternura, amor, respeito, consideração, atenção, amizade, tranquilidade e paz. E só quem é sensível para olhar a situação pela perspectiva do outro é capaz de alcançar  essa atitude tão nobre, digna e bela.
 
Se você não sabe o que dizer para alguém assim: não fale nada. Apenas ouça atentamente. O silêncio é a melhor coisa a ser feita nesses casos. Um abraço sincero e um ouvido atento valem muito mais do que palavras impensadas e frias.

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