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21/09/2019 às 00h18min - Atualizada em 21/09/2019 às 00h18min

Amores que cuidam

Vitor Silva Lima - Editado por Socorro Moura
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Na vida, nem sempre seremos os melhores, nem sempre iremos ser aqueles que aparentam ter controle sobre a vida, e tão pouco atravessaremos um mar de problemas sem antes se afogar primeiro. Assim como todas as pessoas, Max tinha seus problemas, fazia mais o tipo tímido e retraído, mas era bom aluno, bem... Suas notas falavam por si só. Frequentava uma ótima escola, era alguém de poucas palavras, mas que tinha muito a contar sobre a vida. Chega até a ser algo irônico. Infelizmente sofria bullying de alguns colegas, só por o fato de ser, digamos, diferente aos olhos das demais pessoas.

Max sentia-se como um Rato preso em uma ratoeira todo dia, como se sofresse experimentos científicos malucos por parte das pessoas...Talvez até fosse o único que tinha alguma noção do que realmente ocorria... Era como se todos ao seu redor fechassem os olhos para o que ele passava. Já tinha passado por todo tipo de situação: de uma surra dentro do banheiro até vômito em sala de aula por beber água suja de privada. Não era fácil, ele sabia, as pessoas ao seu redor também, mas era como se ele não existisse. Era praticamente um fantasma aos olhos de hipócritas sedentos por violência e preconceito. Mas Max não era exatamente o "lobo solitário" do bando, tinha amigos - está bem um só - mas já era um alívio e tanto para o garoto retraído.

Seu nome era Carter, fazia o tipo perdedor aos olhos dos cientistas loucos daquela escola. A melhor dupla de fracassados possível, pelo menos não se tratava de um clichê amoroso bobo. Numa noite chuvosa, Carter recebe uma ligação: Max falava assustado, aos prantos... Não conseguia manter a calma. Carter logo associou tudo, só podia ser uma coisa: o garoto acanhado havia tentado partir dessa para uma melhor. O celular de Carter começou a vibrar sem parar, várias fotos de cortes nos pulsos de Max, causados por ele mesmo, podia ser o fim naquela noite, mas não foi bem assim.

Um motivo salvou Max da morte: sua mãe entrou no quarto bem na hora que o aflito jovem tiraria sua própria vida. Passado alguns dias, a vida parecia só um infeliz passatempo para Max. A escola - aquele ponto - já havia se tornado um purgatório, cheio de julgamentos e sentenças diabólicas. Nem em seus maiores pesadelos ele pensava em retornar para lá. Sua família não sabia de nada, dias antes, na noite chuvosa, Max escondeu a corda que iria usar para se enforcar bem na hora que sua mãe girava a maçaneta da porta; foi rápido, um ato desesperado para alguém já sem tempo. Não saía mais de casa, se alimentava mal, coisas que antes lhe davam prazer agora lhe causavam agonia, raiva...

Carter o visitava todos os dias, mas sem sucesso de ajudar o próprio amigo. Voltava pra casa chateado, confuso, com medo. Agora era oficial, os demônios do pobre garoto finalmente surgiram das sombras, a cama já era o altar de tanta tristeza do garoto, sangue pingava nos lençóis, perfurações na pele já eram rotina... Talvez fosse o fim, mas não, ainda não. Cansado de se questionar, Carter resolve visitar o amigo novamente. Dessa vez para obter repostas, e sem elas não voltaria para casa. Chegou mais uma vez ao seu "trabalho" de psicólogo, rua três, esquina da Dallas com a Blue State. Lá estava Max mais uma vez... Ao adentrar no Quarto, uma surpresa: tudo jogado, revirado, sujo, o aspecto era de tristeza absoluta. O pobre garoto tímido e que não falava muito então chorava, olhos já então inchados, braços rasgados, e lágrimas pelos lençóis.

Carter então pergunta o porquê de tudo isso, seu melhor amigo preso em casa como um cão preso da luz do dia aos olhos de um violentador de animais. Max falava a Carter que não tinha raiva dos colegas, não iria cometer nenhum massacre ou coisa do tipo, na verdade ele tinha pena daquelas pessoas, suas almas já estavam sujas, impuras, e imaturas... O objetivo então era sair daquele inferno, superar., mas seus demônios o pegavam pelos pés e o levavam para a escuridão da sua cama novamente. Um ato impensado então, Carter resolve chamar os pais de Max e contar tudo, não queria mais ver o amigo se definhar até a morte. Assim que souberam, os pais de Max foram até ele, lhe disseram que morreriam por ele, qualquer coisa para salvar a própria cria. Max chorava, mas deu pela primeira vez após tantos meses um sorriso, de canto, mas havia dado.

A família o tirou da prisão de seu quarto e o levou então para psicólogos, especialistas, até lhe receitaram remédios, mas Max não aceitava, para ele não se tratava de química e soluções temporárias em cápsulas de medicamentos, mas sim, só o amor já bastava. Talvez fosse obra do acaso, mas a escola que Max estudava foi a falência, muitas dívidas, até falir de vez. Max estava melhorando aos poucos, recebendo o amor que sumiu meses atrás, não é da noite para o dia que sua depressão iria acabar, mas foi da noite para o dia que o pobre garoto tímido e retraído ganhou uma nova razão para viver. Não é frescura, mas um pedido de socorro, para ele, sempre foi.

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