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05/06/2020 às 09h25min - Atualizada em 06/07/2020 às 18h00min

Truman Capote: o homem do sobrenome emprestado que revolucionou a história do jornalismo

A sangue frio tornou-se leitura obrigatória nos cursos de comunicação social

Talyta Brito - Editado por Bruna Araújo
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Tudo que é novo provoca choques, gera inquietação e espanto. Mesmo assim, esporadicamente, surgem corajosos que desafiam as regras já existentes e inovam. Assim fez Truman Capote. Na verdade, seu nome de batismo era Truman Streckfus Persons, entretanto, aos 11 anos de idade adotou o sobrenome do padrasto Joseph Garcia Capote – descendente de portugueses. O menino de Nova Orleans logo ficaria conhecido ao redor do mundo por suas obras. Escreveu a novela Bonequinha de luxo – história de Holly, moça de 19 anos oriunda do interior para a cidade grande em busca de uma condição de vida melhor - mas foi com “ A Sangue Frio” que tornou-se fenômeno de vendas e revolucionou a história do jornalismo.

A série de matérias que posteriormente transformou-se em livro levou 6 anos para ser finalizada, e inicialmente foi publicada na Revista New Yorker. Durante esse período Capote teve o auxílio da amiga e também escritora Harper Lee. A sangue frio narra o brutal assassinado da família Clutter, residente em Holcomb, cidade localizada no estado do Kansas, Estados Unidos. O escritor tomou conhecimento do ocorrido através de uma nota de jornal. Depois disso, decidiu apurar os fatos para aquele que seria o trabalho de sua vida. Embora o livro tenha se tornado um clássico da literatura mundial, muito se discute sobre a veracidade das descrições, uma vez que Truman não utilizava gravador. Quando questionado sobre esse assunto ele declarou que possuía uma capacidade formidável em decorar textos. Outro fato que provoca questionamento é o seu envolvimento com Perry - um dos assassinos.

O New Journalism ou o Novo Jornalismo, técnica que utiliza recursos da literatura com diálogos e descrição, surgiu nas décadas de 1960 e 1970. Embora Capote seja considerado um dos representantes do jornalismo literário, juntamente com Gay Talese e Tom Wolfe, o escritor nunca considerou o seu relato com jornalístico – é o que relembra Matinas Suzuki Jr – autor do posfácio da edição do clássico lançado pela Companhia das letras.


Capote sempre foi uma figura excêntrica e enigmática. Sendo assim, sua vida tornou-se matéria prima para a produção de outros. Em 1988 foi publicado “Capote, uma biografia”, escrito por Gerald Clarke. O livro serviu de inspiração para produção de dois filmes: Capote – indicado a cinco Oscars - e Infamous, ambos retratam a vida do autor, com enfoque no período de apuração de A sangue frio.

 

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