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16/10/2020 às 08h57min - Atualizada em 16/10/2020 às 08h56min

A rede das redes sociais

Estéfani Martins - Editado por Bruna Araújo
Não é nenhuma novidade que a sociedade está cada vez mais conectada ao mundo digital. De acordo com a pesquisa Global Digital Overview 2020, desenvolvida em janeiro deste ano, pelo site We Are Social, juntamente com a ferramenta Hootsuite, 3,8 bilhões de pessoas no mundo todo têm conta em alguma rede social. Já a média de tempo que o usuário fica on-line por dia é de 6 horas e 43 minutos. Isso significa estar ligado mais e 100 dias por ano à web. Mas por trás de toda a praticidade e agilidade proporcionadas pela internet se esconde uma função não tão honrada: a manipulação.

Quase toda a tecnologia existente funciona através de algoritmos, são eles que tornam possível as ações. Existem diversos tipos, o mais conhecido talvez seja o algoritmo de busca do Google, que vasculha a internet atrás de resultados para uma pesquisa feita. Os mesmos também são responsáveis pela playlist das músicas mais ouvidas no Spotify, o que é exibido na timeline do Facebook e nos anúncios dos sites. Porém todas essas facilidades têm um preço: seus dados pessoais.

Ao pesquisar, curtir ou simplesmente estar on-line, o usuário, mesmo que sem consentimento, está compartilhando suas informações e ajudando as empresas a traçarem seu perfil. O documentário “O Dilema das Redes” lançado esse ano, explica bem a questão. A obra dirigida por Jeff Orlwski traz o depoimento de especialistas da área da comunicação, que atuaram em grandes empresas como Google, Twitter, Facebook, Instagram, Pinterest e Gmail, sobre como elas manipulam o usuário.

Segundo eles, as pessoas são como “produtos” para as redes. Apesar do que pensamento popular, as empresas não vendem os dados que captam, elas utilizam para prender cada vez mais as pessoas neste universo. Sendo assim, o objetivo é fazer com que se gaste cada vez mais tempo na internet. Em paralelo com as entrevistas, uma pequeno enredo explicativo é contado. Um dos personagens é um adolescente comum, conectado igual a qualquer outro às redes. Cada vez que ele está off-line, os algoritmos o bombardeiam de notificações para prender sua atenção novamente. Porém, esses alertas não são aleatórios, eles são meticulosamente articulados, baseados no perfil do menino, já traçado. Ou seja, cada vez que um internauta recebe uma notificação, ela não por acaso.

Os algoritmos daquela rede a montou baseado nas interações anteriores e nos dados colhidos a partir disso. Então, cada vez que se atende a um “chamado” das redes, está alimentando-a. Outro tema abordado no documentário é o prejuízo que o uso excessivo das redes sociais podem causar. Um estudo de pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos (EUA) mostrou que o uso excessivo do Facebook pode causar dificuldades nas tomadas de decisões. Além de encontrar, nas pessoas analisadas, maior propensão de desenvolver depressão. Ao final do documentário, nenhum dos entrevistados recomendam as redes sociais, a maioria não utiliza e nem deixa seus filhos utilizarem. Quando nem mesmo um fabricante faz uso do seu produto, é porque tem algo muito errado.

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