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20/03/2021 às 18h48min - Atualizada em 20/03/2021 às 18h46min

Uma luta física e emocional travada em um leito de hospital

Após quatro dias de internação, a secretária Gilcimara Brito, relata como sua saúde mental foi afetada no início de 2020

Brenda Freire - Editado por Andrieli Torres
Foto: Arquivo Pessoal de Gilcimara Brito
Era março de 2020. Diversos meios de comunicação anunciando a chegada do que chamamos hoje, de COVID-19. "Tudo era muito novo, não sabíamos do que o vírus era capaz", disse Gilcimara Brito Belém, uma secretária de 40 anos que foi infectada logo no início da pandemia. Como tudo era recente, Mara (apelidada carinhosamente dessa forma), não desconfiou de primeira que estava contaminada.

Ela relata que por ter rinite e bronquite asmática, se tratou com as medicações destinadas a essas duas doenças por quatro dias, mas não houve melhora. Foi então que surgiu um sintoma que não era expresso há mais de 20 anos e, com o novo coronavírus, voltou: a falta de ar. Diante disso, Gilcimara cumpriu a quarentena e manteve-se tranquila. Toda situação mudou, quando foi preciso interná-la. A 'calmaria' não durou muito tempo e de tranquila, ela passou a se sentir assustada e com medo da morte, mas manteve sua fé. Por coincidência, foram também quatro dias de internação e fragilidade emocional.

Apenas os profissionais de saúde podiam entrar em contato com ela, mas a família e amigos, não. Por vezes, Mara precisou realizar atividades simples como recolher a comida ou fazer suas necessidades fisiológicas, sentindo-se fisicamente mal e com acesso de medicamentos. "Teve um dia que passei mal e acabei vomitando antes de chegar ao banheiro, estava muito tonta e fiquei com medo de desmaiar no caminho. Chamei a enfermeira, como ninguém apareceu resolvi ir sozinha. Após vomitar avisei por telefone o que havia ocorrido, demoraram três horas para limparem o quarto", afirma a secretária. Foram dias difíceis para ela, que deixaram algumas sequelas emocionais. O isolamento dentro de um quarto de hospital, pode ser muito pior para a saúde mental de um paciente e isso traz algumas consequências.

De acordo com a psicóloga analista comportamental Layana Santana, a falta de contato e apoio dos familiares influencia no processo do adoecimento, em decorrência desse período solitário. Apesar de ter vivido essas situações, Gilcimara recebeu a alta do hospital e pôde ir para casa. Ela relata que o sentimento era de "alívio e gratidão". Hoje, Mara permanece respeitando as medidas restritivas e tem passado por 'adversidades' do processo: "[...] o medo da reinfecção me abateu [...]", diz.

Segundo Layana, esse receio de passar novamente pela contaminação, acontece pela comprovação de que há probabilidade disso acontecer. "O medo, a insegurança, podem desencadear a ansiedade e demais transtornos, a depender de como o paciente lida com o processo. Eles podem ser gatilhos para esses problemas emocionais", afirma a analista. Contudo, Mara tem cuidado do seu emocional e feito tratamento psicológico, não apenas por isso, mas por outras questões.

Afinal, se a saúde física é tudo, a mental também é! No fim da entrevista, foi perguntado a Gilcimara qual mensagem ela deixa para todos os pacientes que estão sentindo o mesmo que ela vivenciou. A secretária relata que "vai passar! Que a alegria e a gratidão nas pequenas coisas, nos fortalece. Que apesar de toda dor (exames) e sofrimento por estarmos longe de quem amamos, sempre devemos acreditar que vai ficar tudo bem, pois Deus tem o controle de tudo nas mãos dEle!", diz. Cuidem-se!

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