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10/04/2021 às 00h58min - Atualizada em 10/04/2021 às 00h56min

De humano pra humano: como os médicos lidam com o tratamento de pacientes com COVID-19

"Humanizar, é simplesmente ser um ser humano, atendendo outro ser humano"- Júlia Rocha, médica de família e comunidade

Brenda Freire - Editado por Roanna Nunes
Fonte/Reprodução: Prefeitura Rio

O processo de humanização em unidades de saúde pública no Brasil nem sempre foi bem aplicado por alguns profissionais da área, mas, será que isso foi ocasionado por 'desleixo', no sentido de ter o Sistema Único de Saúde (SUS) como o maior do mundo? Será, que essa seria a justificativa para executar um atendimento mais duro e menos sensível aos pacientes? A resposta para as duas perguntas é: não!

Se você já precisou de um hospital ou qualquer serviço público de saúde no nosso país, provavelmente enfrentou problemas com a precariedade do sistema por questões de falta de medicamentos, médicos, tempo de espera etc. No entanto, não é sobre isso que iremos falar, mas de como, apesar das adversidades, o tratamento empático faz total diferença para uma pessoa adoentada.

Segundo Michael Balint, psicanalista húngaro, a pessoa do médico é o primeiro remédio que se administra aos pacientes, ou seja, o 'lado humano', a sensibilidade do profissional, é o primeiro tipo de tratamento a ser fornecido. Como estamos vivendo a pandemia da COVID-19, quase tudo mudou, inclusive a inserção das práticas de humanização. O que antes era mais acessível, hoje não é mais. Familiares e amigos poderiam visitar e prestar apoio emocional a quem estivesse doente, podendo receber também acompanhamento psicológico. Médicos se aproximavam, mas não do mesmo modo que agora. Parece contraditório, porém, apesar de as interações físicas terem sido estreitadas por um vírus, as relações emocionais foram reforçadas.

A necessidade de cuidar das pessoas contaminadas em situação de vulnerabilidade, gerou uma rede de inovação e criatividade para 'abraçar' os pacientes e assim, proporcionar uma melhora acentuada. De acordo com a médica de família e comunidade que atende no SUS, Júlia Rocha: “humanizar, é qualificar a nossa atitude diante do outro”. É exatamente isso que vem acontecendo no Hospital de Campanha Lagoa-Barra, no Rio de Janeiro. Em uma live do Instituto D'or Pesquisa e Ensino, foi divulgado que a equipe médica aplica estratégias positivas para a melhora do quadro dos internados, entre elas: videochamadas para a família, solário (um local próprio para tomar banho de sol) e confraternizações que respeitam todos os protocolos de prevenção.

Além disso, eles criaram o projeto Ídolos do Bem, onde artistas e atletas enviam uma mensagem para que o paciente e fã, receba em vídeo o carinho de quem é admirado. A exemplo desse afeto, há o jogador Fred, que é atacante do Fluminense e encaminhou seu recado para Seu Anselmo. A alegria lhe subiu os olhos. Tais ações podem gerar bons resultados conforme citados por Juliana Casate e Adriana Correa sobre os benefícios do uso de estratégias de humanização em terapia intensiva, havendo provável redução de tempo de internação e também uma melhora no contato entre o médico e o paciente, bem como da imunidade, aceitação do tratamento e consequentemente, um trabalho mais bem executado da equipe.

Segundo a Rede D'or São Luís, em três meses de instalação do Hospital de Campanha, de 740 pacientes, 570 receberam alta, gerando 97% de satisfação do tratamento. Essa dedicação criou um ciclo de afago, tão grande, que até mesmo os profissionais estão recebendo desse afeto. Do lado de fora e do lado de dentro dos hospitais, talvez seja possível escutar alguém cantar ou tocar uma música. Até mesmo na ausência, lembrar de apertar a mão de alguém, ainda que seja entrelaçando duas luvas cheias d'água.

Milhares de mensagens de apoio e gratidão são expostas em redes sociais e televisivas. Todas essas e outras grandiosas atitudes, mostram como é importante humanizar-se. Afinal, Júlia reforça que “humanizar, é simplesmente ser um ser humano, atendendo outro ser humano”. Por isso, cuide-se, use máscara e álcool em gel, essas medidas não são apenas preventivas, mas de amor e zelo. É um ato de proteção de gente pra gente.


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