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12/08/2021 às 18h52min - Atualizada em 12/08/2021 às 18h29min

Projeto Galileo busca sinais de vida alienígena no espaço e causa debates

Avi Loeb defende seu projeto e é otimista sobre conseguir “evidências contundentes e irrefutáveis”

Isabela Mello - Editado por Manoel Paulo
Avi Loeb, professor de ciências do Departamento de Astronomia de Harvard, será o líder do mais novo projeto envolvendo o espaço sideral. O “Projeto Galileo”, com a ajuda de financiamento privado, contará com telescópios e outros equipamentos para buscar no Sistema Solar, e fora dele, qualquer sinal de vida alienígena, como artefatos e objetos interestelares.

A maior parte desse dinheiro chegou no início do ano depois de Loeb lançar seu livro. Em janeiro de 2021, publicou o “Extraterrestrial: The First Sign of Intelligent Life Beyond Earth” (Extraterrestre: O Primeiro Sinal de Vida Além da Terra) e conseguiu apoio de vários leitores e empresas para financiar seu projeto. Com doações chegando a quase US$ 2 milhões, o pesquisador afirmou ser suficiente para avançar seu trabalho.

O Projeto Galileo ou “Galileo Project”, em inglês, atualmente, possui uma equipe com astrônomos de várias instituições e pesquisadores de outras áreas relacionadas.

O próximo passo dos cientistas será implementar diversos telescópios, radares e sensores infravermelhos em posições estratégicas ao redor da Terra. Dessa forma, conseguirão observar constantemente o céu e obter imagens de alta qualidade, podendo descobrir alguma tecnologia alienígena. Se tudo ocorrer como planejado, também irão usar inteligência artificial para processar dados de atuais telescópios em busca por satélites extraterrestres que estejam em órbita no planeta.

Teorias não convencionais e relação com o Oumuamua

Loeb já é conhecido no meio científico por acreditar em teorias não muito convencionais. Em 2017, quando um objeto espacial (mais tarde dado o nome de Oumuamua) passou pela Terra, o professor defendeu firmemente que ele era um exemplo de tecnologia alienígena por conta de seu estranho formato e alta velocidade. Mas, sua tese era contrária a maior parte da comunidade científica, no qual defendia que o Oumuamua era apenas um cometa ou asteroide.

Objeto espacial Oumuama

Objeto espacial Oumuama

Imagem: Original ESO/M. Kornmesser

Esse fato e a divulgação do relatório das Forças Armadas dos EUA falando sobre objetos voadores não identificados, serviram de inspiração para Avi Loeb e Frank Laukien, CEO da Bruker Corporation – fabricante de equipamentos científicos começarem o Projeto Galileo.

Recentemente, estudos publicados na revista científica American Geophysical Union, mostraram que na verdade nenhuma das teorias sobre o Oumuama estava correta. Segundo a publicação, o Oumuamua é um estilhaço de um minúsculo planeta de um sistema planetário diferente. A alta velocidade do objeto seria justificada pelo efeito foguete (quando a luz do Sol vaporiza a superfície gelada do objeto, semelhante ao que acontece com os cometas) e sua forma estranha, provavelmente, seria um pedaço de um pequeno planeta, parecido com Plutão.

Desavenças com a comunidade científica

Por defender teorias que fogem do que seria “mais provável” e ter apoiadores dentro e fora da comunidade, Loeb acabou causando uma divisão. Quando anunciou o Projeto Galileo, nomes como os de Adam Frank, da Universidade de Rochester e Jason Wright, diretor do Penn State Extraterrestrial Intelligence Center, famoso por elaborar a hipótese de que a estrela de Taby seria uma megaestrutura alienígena, concordaram com a iniciativa. Para ambos, o fato de poder aprender mais sobre essas coisas e observar de perto algo como o Oumuamua, seria emocionante.

Por outro lado, há quem não ache necessário criar mais um projeto com finalidade tão parecida com alguns já existentes. Há quase 40 anos já existe o Instituto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) com o objetivo de buscar sinais de inteligência extraterrestre, o Breakthrough Listen Project, que desde 2015 procura comunicações extraterrestres inteligentes no Universo, entre outros.   

Apesar desses projetos e outras iniciativas existirem, Loeb afirma que a comunidade científica é conservadora, mas não se desanima. “A comunidade científica deve ter a mente aberta, é assim que fazemos progresso [...]. O impacto de qualquer descoberta de tecnologia extraterrestre na ciência e em toda a nossa visão de mundo, seria enorme”, disse.

Por enquanto, não há nada comprovado sobre vida alienígena, porém pode ser que o Projeto Galileo, finalmente, mude esse fato.  
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