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19/04/2019 às 01h46min - Atualizada em 19/04/2019 às 01h46min

O mundo de Anne with an E

"Anne with an E": uma história do final do século XIX, que nos faz pensar sobre temas tão discutidos atualmente.

Jerusa Vieira
Foto: Divulgação
Quem diria que a abordagem de uma série retratando o período no final do século XIX, pudesse trazer reflexões sobre temas tão vigentes nos dias atuais e de importante discussão.

"Anne with an E", é uma série produzida pela Netflix e que tem conquistado o público com a história da menina Anne Shirley (Amybeth McNulty), de apenas 13 anos, dona de uma simplicidade fascinante, uma inteligência admirável, uma imaginação fértil, e um passado marcado pelo bullying e por abusos sofridos no orfanato em que viveu e nas casas que a adotavam por um tempo.

Anne nunca perdeu a esperança! Foi adotada - mesmo que por engano - por um casal de irmãos habitantes do vilarejo de Avonlea. Matthew (R. H. Thomson) e Marilla Cuthbert (Geraldine James) tinham pedido um menino para ajudar nos serviços do campo, mas Anne os cativou com sua esperteza e disposição em ajudar nos afazeres, mesmo que falhando algumas vezes. A menina também traz um clima mais alegre e alguns aprendizados para a vida dos irmãos. A menina busca se socializar no lugar. Vai à escola e lá suas lutas para se encaixar no mundo continuavam. Enfrentou o bullying novamente, dessa vez por ser órfã. Porém, ela não era a única que vivenciava momentos ruins no lugar onde todas as crianças deveriam ser acolhidas. Cole (Cory Gruter-Andrew) - que se torna amigo de Anne - não era aceito pelos outros colegas por ser mais feminino e ter talento para as artes. O garoto se torna motivo de chacota e rejeição, até mesmo pelo professor Philips (Stephen Tracey).

O racismo entrou com toda força na 2 temporada da série. Um personagem de destaque negro, Bash (Dalmar Abuzeid), chega em Avonlea e logo causa espanto e medo nos moradores. Os mesmos não aceitam a presença de Bash no vilarejo, já que não é comum pessoas negras naquela área, mas Marilla e Anne foram contrárias às exigências dos outros moradores e defenderam a presença de Bash. Porém, o mesmo decidiu construir sua vida no "Gueto", lugar afastado de Avonlea, onde vivem outros negros descendentes dos escravos.

Vale a pena destacar outro tema importante na série e que foi abordado de uma forma bem sutil. O empoderamento feminino e o espaço da mulher na sociedade. Questões sobre casamento, aceitação do próprio corpo, sororidade entre as mulheres, igualdade de gênero e até mesmo o uso de calça, algo nada comum naquela época, trago na série por uma professora viúva recém chegada em Avonlea e que deixa algumas mulheres assustadas por não seguir os "padrões", foram abordadas na série com grande empatia, trazendo importância à mulher. A própria Anne tem um caráter próprio que defende o bem estar dos outros colegas e não se cala quando discorda de algo.

"Anne with an E" traz uma maneira boa e positiva de olhar o mundo, priorizando o respeito ao próximo e o companheirismo, além da luta pelos direitos e por um sentimento de pertencer a um lugar neste mundo tão vasto. Durante toda a série somos conduzidos à reflexão de que o belo está na simplicidade e nas coisas que nem sempre damos valor, e que também somos capazes de contribuir com o outro, de ajudá-lo a vencer suas guerras e a ser quem ele é sem precisar forçar uma identidade.
Editado por Leonardo Benedito.

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