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10/07/2020 às 12h30min - Atualizada em 10/07/2020 às 12h12min

10 meses após o desastre ambiental, fragmentos de óleo voltam a aparecer nas praias do nordeste

Pesquisador da Ufal apresenta alternativa eficaz utilizando fibra de paina para a remoção do óleo poluente

Maíra Sobral - Edição
Instituto Bioma

 

Cerca de 10 meses após o surgimento das primeiras manchas de óleo derivadas de petróleo no litoral do nordeste brasileiro, novos fragmentos do material voltaram a surgir em praias de Alagoas e Pernambuco, na penúltima semana de junho. Pesquisadores ainda não identificaram a causa deste que é tido como o maior desastre ambiental do país.

 

Para voluntários da ONG Salve Maracaípe, ainda que o reaparecimento de óleo nas praias de Alagoas e Pernambuco não tenha a mesma dimensão do ocorrido em agosto do ano passado, o fato é igualmente preocupante, uma vez que os danos a vida marinha não foram recuperados e os fragmentos poluentes ainda estão no mar. 

 

Segundo o professor e estudante de doutorado do Centro de Tecnologia (Ctec) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Leonardo Oliveira, inúmeros derramamentos de óleo, em especial na forma de diesel, ocorrem anualmente no oceano e não são noticiados, embora causem grandes danos ao meio ambiente.

 

Para remoção dos poluentes derivados do petróleo, Leonardo desenvolveu uma pesquisa utilizando fibra de paina, capaz de realizar a absorção do óleo em diferentes condições. O resultado do trabalho do pesquisador mostra que as fibras oriundas da América do Sul, principalmente as encontradas no nordeste brasileiro possuem quase o dobro de eficiência na absorção dos resíduos em comparação com as fibras asiáticas, mais comuns comercialmente.

 

A pesquisa de Leonardo foi publicada na revista científica Journal of Cleaner Production, uma das mais conceituadas na área de sustentabilidade e meio ambiente. O pesquisador espera que a publicação facilite a “tomada de decisões rápidas e precisas quando se mostrar necessário”.

Condições de limpeza 

No ano passado, devido às imensas quantidade de óleo que chegaram a atingir 1.004 localidades entre todos os estados do nordeste e ainda parte do Espírito Santo e Rio de Janeiro, moradores das regiões tiveram de fazer a retirada e limpeza do material, sem equipamentos ou orientações de segurança.

 

A atitude dos voluntários partiu da necessidade de retomar rapidamente a principal fonte de renda das regiões afetadas, o turismo: os fragmentos poluentes tornavam as áreas impróprias para banho e afastaram o interesse de turistas em visitar os locais afetados.

 

Segundo o governo de Pernambuco, o ressurgimento do óleo aconteceu devido variações climáticas, como a ressaca do mar, que teriam movido parte desse material que estava sedimentado no leito ou preso em corais, descartando a possibilidade de um novo vazamento.

 

A Força Tarefa da Ufal mantém o monitoramento contínuo nas praias alagoanas e a avaliação dos compostos químicos encontrados no mar. Segundo relatório, alguns compostos presentes no petróleo, como o asfalteno, continuam sendo encontrados na região e, ainda segundo os pesquisadores, é possível que a degradação completa dos materiais poluentes leve até dois anos. Portanto, a tendência é que até 2021 o litoral nordestino ainda sofra as consequências ambientais do desastre.


 

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