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21/04/2019 às 16h31min - Atualizada em 21/04/2019 às 16h31min

Anvisa libera edital para coleta de dados de alimentos contaminantes

Pesquisas estudam quantidades de agrotóxicos presentes em alimentos In natura e industrializados

Daiana Pereira
Bruno Kelly - Greenpeace
No dia 8 de abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa, divulgou um edital no Diário Oficial da União, que visa coletar dados sobre a concentração de contaminação em alimentos comercializados no Brasil. O objetivo é medir as quantidades de contaminantes presentes nos alimentos e que podem causar danos a saúde, devido a sua toxicidade.

 A lista de contaminantes se baseou em pesquisas e referências regulatórias da: Codex Alimentarius, União Européia, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia. Dentre os contaminantes selecionados estão o mercúrio, chumbo, arsênio e ácido cianidrico.

Apesar do uso de agrotóxicos ser prejudicial à saúde dos consumidores em geral, o Brasil continua liberando subtstâncias para a agricultura, sendo que já são proibidas em outros países como Estados Unidos e no continente europeu.

Segundo Wanderley Pignati, Doutor em Saúde Pública e professor na Universidade Federal do Mato Grosso, afirma que o Brasil lidera o ranking de maior usuário de agrotóxicos. Ele explica que o motivo de ganharmos essa posição é devido a produção em larga escala, sementes já serem produzidas para receberem agrotóxicos e pelas pragas serem mais resistentes nas plantações, pois usamos agrotóxicos há muitos anos. “É um espiral que vai aumentando.”, diz Wanderley Pignati.

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva - Abrasco, anunciou que em 2019 já foram liberados 74 produtos ligados a agrotóxicos. Dos 58 produtos aprovados, 11 são considerados extremamente tóxicos, 11 altamente, 19 mediamente e 7 pouco tóxicos. Além disso, a Organização das Nações Unidas - ONU, já fez recomendações para a retirada de agrotóxicos altamente tóxicos do Mercado, mas o Brasil continua os aprovando.

A Anvisa criou, em 2001, um programa de coleta e análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos, o “PARA”. Segundo as últimas pesquisas do PARA, de 2003 à 2015, 12 mil amostras foram coletadas em mercados varejistas em todo o país e 232 agrotóxicos pesquisados foram analisados. Os resultados apontaram para 98,89% de alimentos sem o risco de contaminação aguda e 1,11% com potencial de contaminação aguda.

A contaminação aguda significa “agravo à saúde 24 horas após o consumo”, ou seja, a contaminação pode não ser imediata, mas futuramente pode gerar consequências à saúde do consumidor. De acordo com dados divulgados pela Abrasco, inseticidas, fungicidas e herbicidas podem apresentar sintomas de intoxicação aguda: vômitos, cólicas abdominais e dificuldade de respiração. Já como contaminação crônica, provinda a longo prazo, estão doenças como: cânceres, doença de parkinson, asma, arritmias cardíacas e alergias.

Embora os alimentos In Natura, alimentos diretos de plantas e animais, sem alterações genéticas (transgênicos), sejam os mais conhecidos por serem contaminados por agrotóxicos, não se escapa os produtos industrializados. Já há confirmações pela Abrasco que produtos como lasanhas, bolachas, enlatados e salgadinhos também são contaminados.
 

 

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