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10/05/2019 às 23h21min - Atualizada em 10/05/2019 às 23h21min

Pesquisas científicas por meio de dentes humanos

Universidade de São Paulo faz campanha de arrecadação de dentes para evolução da ciência

Daiana Pereira
Reprodução
No início de maio foi divulgado pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), o endereço para o envio de dentes de leite e outros tipos para o banco de dentes da universidade. O site fada do dente, criado para fazer a campanha, explica como fazer as doações e informa a importância dos cuidados com o dente, o qual é considerado um órgão. O objetivo da universidade é ampliar as pesquisas científicas no âmbito da graduação, mestrado e doutorado com o uso das doações.

Em 1997, foi formulada a Lei n. 9.434, a qual reconhece o dente como um órgão. Devido a isso, é necessário que se tenha muitos cuidados, até mesmo após ele ter sido retirado da boca. Por ser um órgão, a doação de dentes deve ser regulamentada e para ser estudado deve ser aprovado pelo comitê de ética e ter o termo de consentimento do doador. O não cumprimento dessas normas, implicará em um crime.

O coordenador do Banco e Biobanco de Dentes Humanos (BBDH), José Carlos Pettorossi, diz que essa arrecadação de dentes é um marco na história da ciência odontológica, pois possibilita diversas pesquisas científicas no âmbito da odontologia e da medicina. Segundo ele, a polpa do dente pode ser usado para estudos da célula-tronco, que são células que podem se dividir e adquirirem funções de outras células e que ajudam a curar doenças. Ao receberem os dentes, a polpa é aproveitada pela medicina da USP e o dente se junta aos outros no banco de dentes para futuras pesquisas e estudos.

José Carlos ainda explica que o projeto da campanha “fada do dente” já conseguiu ter aproximadamente 4 milhões de visualizações e devido a isso, uma iniciação científica está sendo realizada por eles para avaliar quantos dentes irão receber e como isso poderá ser benéfico para as pesquisas.

O que nós conseguimos nesse momento, nunca ocorreu na história da ciência, na história da pesquisa, com dentes humanos, tanto que nos levou a fazer uma iniciação científica. As vezes achamos que algo revolucionário, algo muito inédito tem que ser a pesquisa de algo nas minucias de determinado ser, não é isso, para nós o revolucionário é mudar a cultura de lidar com o dente humano “– José Carlos Pettorossi.

Desenvolvimento em pesquisas odontológicas no Brasil

A USP foi a pioneira na criação de um banco de dentes para estudos de alunos e pesquisas científicas, em 1996. Por meio dessa ação, a qual beneficia e estimula muito o aprendizado e a ciência, outras universidades resolveram seguir. José Carlos afirma que o “Brasil está muito mais avançado do que qualquer outro país no mundo em relação a utilização ética de dentes humanos em pesquisas”.

Na odontopediatria, o Brasil se destaca internacionalmente, tendo a melhor especialidade do mundo. Portanto, José, que também é professor da USP, conta que os investimentos e incentivo em pesquisas científicas são fundamentais e foram os causadores de tantos méritos na odontologia. Ele se preocupa com os cortes de investimentos atualmente e diz que essas mudanças podem causar um colapso na ciência no Brasil.

Como doar seu dente
  1. Preencha seus dados no fada do dente;
  2. Ao receber a carta da FOUSP, assine o termo de doação e coloque seu dente no envelope;
  3. Envie para a FOUSP sem custo;
  4. Pronto! Você já estará doando um órgão e ajudando a salvar vidas e a ciência.
“DOE DENTES, DOE ÓRGÃOS!”

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