Epidemia. Pandemia. Estudo fase 3. Teste clínico. Curva de disseminação. Eficácia. Vacina. Nunca tantos termos técnicos e científicos foram compreendidos por grande parte da população. A ciência adentrou na vida não só dos brasileiros, mas na de pessoas ao redor do mundo; o cotidiano atual é regrado por ela.
Ao longo dos anos, os cientistas foram designados a se comunicar frente aos seus pares. Os termos técnicos eram compreendidos facilmente e a comunicação era fácil. Mas não em 2020, no ano da covid-19, o mundo é mediado pela tecnologia e o processo de comunicação é fluído e generalizado. A ciência junto com as mídias de comunicação tiveram que se aliar para trazer à população informações sobre a pandemia.
Para Igarcia, em matéria ao Observatório da Imprensa, normalmente as reportagens tratavam sobre o produto final da ciência - aquilo que já estava ao alcance da população, como uma vacina. Porém, em um mundo no qual existe a necessidade de democratizar a informação em meio a uma pandemia, foi preciso mudar esse processo.
A necessidade de se informar em meios a um caos sanitário
A sociedade precisa de informações sobre a covid-19 e os avanços das pesquisas, isso é um fato. E foi possível notar isto principalmente no início da pandemia, quando o consumo de notícias pelas pessoas parecia ser insaciável, sobretudo pelo fato de estarem recém quarentenadas e sem poder ter contato com o mundo.
Por isso, vários canais alteraram suas programações diárias, aumentando o tempo disponível para entregar informações sobre a situação. A Rede Globo, por exemplo, aumentou a colaboração jornalística diária chegando a 11 horas de programação ao vivo, inclusive, podendo interromper programas e novelas.
Além disso, uma força tarefa entre cientistas e meios de comunicação foi criada para também combater a desinformação. Em fevereiro de 2020, o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou o enfrentamento a uma “infodemia”- situação em que uma avalanche de informações é divulgada e com ela outras informações, muitas delas não verdadeiras, são entregues à população.
Segundo a biomédica e pesquisadora, Jaqueline Goes, em entrevista para a Revista Fapesp, durante a pandemia a concentração e divulgação de fake news que misturavam fatos verdadeiros e falsos relacionadas à covid-19 aumentaram muito e foi necessário uma que a comunidade científica e jornalistas se juntassem no combate à desinformação.
E agora?
Atualmente, após um ano de pandemia e quarentena, o fluxo de informações de certa forma se estabilizou. A população acredita que o pior já passou, porém no noticiário ainda é possível ver o crescente número de mortos diários e a quantidade de variantes surgindo em várias regiões do mundo e no Brasil.
Por isso, Jaqueline reforça a sua posição frente ao combate ao vírus e afirma: "Não podemos esquecer que a pandemia ainda não acabou!”. E em função disso é importante lembrar que o combate à covid-19 e à desinformação ainda resiste apesar de todo o contexto real vivenciado ao redor do mundo.