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16/12/2021 às 23h54min - Atualizada em 16/12/2021 às 23h47min

Crônica: Natal para quem?

Como é o Natal para quem não comemora essa data? Você saberá agora

Hellen Almeida - Editado por Larissa Bispo
Ilustração: Papai Noel com crianças// Reprodução: Pinterest

Ah, o Natal! Aproveitar a noite em família, mas o clima já está no início de dezembro, junto da organização do amigo oculto, quem irá trazer qual alimento para a ceia e aproveitar para assistir filmes natalinos em família (que retratam sempre essa data com o frio e neve que nunca senti aqui no Brasil). Que data incrível, para quem participa dela!

 

O qual não é o meu caso. Eu já consigo sentir seus olhares de surpresa, seguidos por um turbilhão de questionamentos — aos quais irei responder hoje. Mas, primeiro, irei me apresentar para quem ainda não me conhece: prazer, me chamo Clara Fernandes e já compartilhei outras histórias pessoais com vocês por aqui. Podem dar uma olhada abaixo:

 

Crônicas narradas por Clara: 

Crônica: onde está minha criança interior?

Crônica: Aniversários na pandemia, por que celebrar?

Amar na quarentena: benção ou desafio?

Crônica: o que quero x o que preciso

Crônica: férias? Apenas o nome!

 

Mas é verdade esse bilhete — ainda usam esse meme? Em todos os meus 21 anos de vida, nunca celebrei o Natal. Antes de mais nada: sim, eu acredito no Deus Cristão. Então, por qual razão não celebro a data do seu nascimento?! Pois nasci em uma família que, por razões religiosas — as quais não acredito ter necessidade de serem comentadas aqui —, não celebramos o Natal.

 

Acreditamos não haver provas de que Jesus tenha nascido no dia 25, e decidimos celebrar sua morte ao invés de seu nascimento com uma data que — deixarei bem claro: ao nosso ver — tem sua comprovação duvidosa. Então, o que fazemos no Natal?

 

O dia de Natal para quem não o celebra

Simples, o tratamos como mais um dia normal das férias: sem ceia, presentes, amigo oculto ou Papai Noel. Você deve se perguntar se nunca senti falta, ou ainda se já me senti “deslocada” do restante do mundo por isso. E, sendo muito sincera? Se você me perguntasse isso na infância, a resposta seria sim.

 

Apesar de compreender bem o motivo pelo qual não celebrava, me sentia muito deslocada, especialmente na escola: sendo a única da sala que não recebia presentes nesta data, que nunca havia escrito uma carta para o Papai Noel ou, ainda, participado de uma ceia quando convidada por algum parente ou amigo que esquecia esse fator.

 

Todavia, meus pais sempre notavam quando voltava para casa cabisbaixa, fosse por não participar das festividades escolares, ou ainda quando me excluíam no recreio por ser a “esquisitona” — é, crianças podem ser bem maldosas —, mas nada que um bom abraço dos meus pais, uma porção de biscoitos e achocolatado em frente à televisão com meu desenho favorito não resolvesse.

 

E o Papai Noel?

Quando criança, meus pais eram duramente criticados pelos pais de outros colegas de classe e até mesmo parentes, afirmando estarem “acabando com a minha infância, sem nenhuma noção de magia infantil e sendo excluída das atividades natalinas do fim de ano”. 

 

E quando eu surpreendia os adultos ao dizer saber que o Papai Noel não existia — desculpe se agora eu arruinei sua crença na magia —, eram vistos como reais monstros.

 

Então, como lidei com a figura do bom velhinho? Simples, quando eu era mais nova e perguntei sobre a sua existência, minha família me contou a verdade: ele é um personagem do Natal, onde as crianças acreditam que um senhor idoso vem até as suas casas e deixam presentes no Natal (quanto melhor o seu comportamento durante o ano, melhor é o presente).  

 

Lembro que quando soube, minha primeira reação foi rir — não zombando das crianças que faziam listas para o Papai Noel, tanto que nunca contei a verdade para quem deixava biscoitos e leite para o bom velhinho —, mas sim da figura, afinal, como alguém consegue usar aquela roupa quente em meio ao verão tropical do Brasil?

 

Então, não: nós não acreditamos no Papai Noel por pensar que ele é um demônio ou qualquer figura maligna (sinto em te desapontar).

 

A importância do Natal para cada indivíduo
 

Piadas à parte, você deve estar se questionando: por qual razão decidi compartilhar a minha história? Por uma questão de representatividade, visto que nunca vi alguém falando sobre como é esta data para quem não a comemora.

 

Reforço: nós não odiamos ou sequer nos sentimos superiores a quem deseja celebrar essa data, visto que todos têm livre-arbítrio para decidirem o que e como crer. 

 

Praticar a bondade para com o próximo é uma das peças centrais desta celebração e ela não precisa estar restrita a apenas dois dias do ano. Que tal praticarmos a bondade e respeito com todos o ano todo?

 

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